Opção cultural

Bandas goianas e músicos regidos pelo maestro inglês Neil Thomson farão apresentações com entrada gratuita no Oscar Niemeyer no dia 11 de maio

Inspirado nos “Quadros Parisienses”, de Charles Baudelaire, poeta curitibano traz à tona a experiência íntima do indivíduo marcado pela transitoriedade temporal e outros temas associados
[caption id="attachment_91718" align="aligncenter" width="620"] "Embora curto, ébrio ou falho,/ o sono é o cobertor do homem." Versos do poema "A um mendigo", de Wagner Schadeck[/caption]
MADHOUSE
Chegaram flores, cartas e lembranças,
mas ele não estava. Um rato apenas
viu que baldaram tantas esperanças
naquele ato ensaiado em várias cenas.
Os monitores, sem seus eletrodos,
piscavam, emitindo agudo alarma.
Cápsulas, comprimidos, esses todos
não seriam mortíferos como arma?
Mesmo assim, essas drogas aguardavam,
qual num doceiro onde adormecem balas,
bocas sem dentes que tanto as mascavam,
para depois ao chão regurgitá-las.
Tudo repousa. Enquanto tristes, sós,
os outros doentes sentem-se perplexos
na despedida. Há nas gargantas nós
a lhes emaranhar gritos complexos.
Ele partiu! Não mais olhar da esquina
no admirado céu sujar o sol.
Da janela levou uma cortina
em seu pescoço como um cachecol.
E não bastasse viver sem apriscos,
Resta seu o corpo pendurado e pasmo.
Mas nos seus olhos cerrados há ciscos
e a língua arreganhada de sarcasmo.
BUREAU
Deixaste tua papelada
acumular. E são folhas
que com tuas vistas zarolhas
lês não entendendo nada.
São jornais de ontem; são resmas
e guardanapos bem sujos,
nos quais dançam caramujos,
babando com suas lesmas.
Lá estão bulas de remédios,
provas com muitas rasuras,
alguns planos de aventuras
junto a projetos de prédios.
Lá estão em folhas puídas
dois testes de gravidez.
Mas quem sabe se os bebês
tiveram sorte em suas vidas?
A noite esvazia a praça.
larga as botinas, faceiro,
e arruma o teu travesseiro
com a garrafa de cachaça,
pois termina mais um ato.
Com mão rápida desata
em teu pescoço a gravata
de cadarço de sapato.
A cidade vela. E o céu
risca seus fósforos. Medras
num bocejo. Como as pedras,
és peso sobre o papel.
A UM MENDIGO
Dormes. E outros já não dormem.
Tens jornais como agasalho.
Embora curto, ébrio ou falho,
o sono é o cobertor do homem.
EPIFANIA
Há no culto fiéis de olhos fechados
que na esperança por mais um milagre
recebem todos juntos bênçãos, brados,
espargidos à esponja com vinagre.
Mãos na cabeça, seus braços para o alto,
com súbita aparência de um assalto.
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NOSFERATU
A chuva espanta os pássaros. As gentes
Infestam como ratos a bodega.
Requestam tragos. A atendente esfrega
os canecos. Um pulha cerra os dentes
na coxa escaveirada. A poeira encarde
vidros de estufa e fétidas compotas.
Servindo, a garçonete raspa as botas
contra o reboco. Mas por toda a tarde
um homem numa mesa espia os preços
da tabela. Nos números impressos
Preme os olhos. A quem murmura prece?
Quanto mais bebe mais se afoga em mágoa.
Pendurado em seu braço, enxugando a água
das asas, há um morcego que adormece.
HORA MARCADA
Preso ao tempo burocrata,
amarras outra gravata
no pescoço. E feito o laço,
empreendeste o último passo.
Na abrupta queda, suspenso,
eis que oscila o corpo imenso
e impreciso que recorda
um pêndulo preso à corda.
E este trabalho sem pausa
quem sabe fosse por causa
dos objetivos que obsedas.
É que o labor a que te alças
pôs no bolso de tuas calças
cerca de trinta e três moedas.
Wagner Schadeck nasceu em 1983, em Curitiba, onde vive. É tradutor, ensaísta, editor e poeta. Colabora com a Revista Brasileira (ABL), com a Revista Poesia Sempre (BN), entre outros. Em 2015, organizou a reedição de “A peregrinação de Childe Harold”, de Lord Byron, pela Editora Anticítera. Pela mesma editora, em 2017, publicou a tradução de “Odes”, de John Keats.

Em conversa com a coluna 365 Shows, guitarrista da Cachorro Grande fala sobre as gravações do disco duplo Chumbo & Pluma e a expectativa para o show em Goiânia

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“Idioma de um só” reúne narrativas que subvertem a linguagem formal em favor de uma visão alucinante e sarcástica da realidade
[caption id="attachment_91578" align="alignleft" width="620"] Ricardo Koch Kroeff desconcerta o leitor inúmeras vezes durante as histórias de “Idioma de um só”, seu livro de estreia | Foto: Divulgação[/caption]
Sérgio Tavares
Especial para o Jornal Opção
O título do livro de estreia de Ricardo Koch Kroeff indica uma singularidade que traduz com perfeição o estilo operado pelo autor gaúcho. “Idioma de um só” é o que pode ser entendido convencionalmente como uma reunião de contos, embora não exista nada de convencional na engenharia dos textos.
Kroeff manipula a forma de modo a criar um tipo de moinho mágico através do qual as palavras constituem um painel de natureza pictórica, uma tela animada de intensidade surrealista. A descrição meticulosa se ocupa dos pequenos gestos, da ação que se desprende dos movimentos mínimos, transformando a relação entre seres e objetos num enlace que proporciona uma dupla caracterização. A consciência se transfere de um a outro, nesse espaço de puras excentricidades.
É o caso de “Ruxandra Dragomir”, narrativa que abre o livro. O palco aqui é a final do torneio de Roland Garros. Ruxandra, que entrou na disputa como número 127 do mundo, enfrenta a número dois, a russa Nadiezda Maleeva. Uma missão dificílima, porém o ânimo para a vitória está conectado ao desempenho de um plano secreto.
As tenistas, então, adentram a quadra de pó de tijolo laranja. Ao lado, está uma mesa de plástico branco, dessas com um furo no meio, descontente por estar ali. Ela insiste que nasceu para morar à beira da piscina, sendo suja pelos picolés das crianças, pelos almoços em família. Ruxandra é a primeira a sacar. Pega uma bolinha amarela peluda e a joga para cima. O nome da bolinha é Pômpi, e “(...) sobe quietinha e para no ar; fecha os olhinhos de cílios longos, contrai a face gordinha e espera”.
A narrativa vai ganhando elementos cartunescos sem se dispersar do ponto central, que é a execução da partida. Da mesma maneira, dois instantes se entrecruzam ao presente: o passado da tenista, na antiga Checoslováquia, e a presciência dos acontecimentos depois do último set. Kroeff concentra-se num ritmo ágil, multívago, que por vezes assemelha-se a um desalinho, mas que preserva um fecho nos limites desse recorte de tempo, ainda que esse fecho não signifique o fim.
Os contos são tipos de documentos abertos, cujo eixos dão corda a uma multiplicidade de sentidos. Em “Solidão da baleia”, o narrador vai sendo seduzido por uma mulher chamada Alice, que diariamente passa, por debaixo da porta de sua casa, uma carta em que descreve partes inusitadas de seu corpo, a exemplo da curva de seu tornozelo e da parte interna de sua coxa esquerda.
A sedução cria uma necessidade, cujo resultado é o lançamento para um estado meio de sonho, meio de devaneio. Outra vez, o autor subverte a linguagem formal, agora unindo palavras e fabricando neologismos. “É por medo do mundo pós-alíctico que meu primeiro olho abre e entro em mim para tentar ver o que Alice enxergará-garia. (…) Procuro no chão os filhos desses olhos de terceiros que nasceram do momento-Alice e esmago os momentolhinhos”.
O sexo é retratado (obviamente) com tonalidades vivas em “I'm sexier than a bitchwitch in thigh-high boots”. A narradora descreve, da forma mais lasciva, uma cena que envolve felação. “Van Gogh Dylan” constitui-se a partir de entreatos que acompanham o pintor holandês Vincent Van Gogh e o músico estadunidense Bob Dylan em circunstâncias mobilizadas pelo curso de uma criação artística. É o texto mais complexo, desconcertante; uma coisa de espelhamento, de câmbio de identidade, de transfusão, preparada numa cornucópia de imagens, sons, reproduções, de algo que não se sabe bem o que é.
Todos os diálogos são escritos em inglês (há, ainda no livro, passagens inteiras em francês e no idioma de uma tribo indígena). Um quê de absurdo que transparece o absurdo que tomou a vida comum de assalto.
O mundo de Kroeff se edifica como parte de uma visão alucinante, inventiva e sarcástica da realidade; uma técnica de operar a escrita que remete à literatura de nomes como David Foster Wallace e George Saunders.
A parte final do livro é reservada a duas autoras inéditas que, segundo o autor, são essenciais para o projeto inclusivo que o livro deseja ser. Christine Gryschek, uma jovem paulista, poeta, que “com 27 anos escreveu-leu-ouviu sobre loucura”; e Paola Santi Kremer, porto-alegrense que reside na Argentina, admiradora do portunhol selvagem. Seus contos, em formato e conteúdo, diferenciam-se entre si e de todo o conjunto anterior. Mas será que elas realmente existem?
Independente da resposta, o indefinido é uma maneira perfeita de terminar uma obra cuja força está no poder de desestabilizar o leitor.
Sérgio Tavares é jornalista e escritor
**
Serviço:
“Idioma de um só”, 144 páginas Editora: Não Editora Preço: R$ 39,90Trecho do livro

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Inspirado nos “Quadros Parisienses”, de Charles Baudelaire, poeta curitibano traz à tona a experiência íntima do indivíduo marcado pela transitoriedade temporal e outros temas associados
[caption id="attachment_91187" align="aligncenter" width="620"] "O pensa fazer, tão intrépido e indômito,/contra essa imensa grei? À turba, sem embargo,/ avança resoluto, estufa o ventre largo,/ lançando a todo mundo o nojo de seu vômito", versos do poema "Vingança", de Wagner Schadeck[/caption]
Wagner Schadeck
Especial para o Jornal Opção
As ruínas de Roma foram obsessão poética. Poetas como Janus Vitalis, Du Bellay, Spencer, Quevedo, entre outros (Cf. RAMALHO, Américo da Costa. Um epigrama em Latim imitado por vários. Revista Humanitas, nº 4, 1952.), dedicaram versos para revelar uma Roma imortal soterrada pelas ruínas de outra, desbarata pelo Tempo, como diria Camões. Mas é com o “Ao contemplar o crânio de Schiller” (“Bei Betrachtung von Schillers Schädel”) que o motivo do transitório e da revelação do eterno consolida-se. Como na famosa cena de Hamlet, neste poema, Goethe eleva esse motivo ao universal, tendo como alegoria, não mais Roma, mas as ruínas da matéria morta.
O seguinte ciclo Quadros provincianos (título inspirado no extraordinário “Quadros parisienses”, de Baudelaire) retoma essa tradição. Nele o leitor encontrará a experiência íntima do indivíduo marcado pela transitoriedade temporal, pela decrepitude de ideais de progresso e igualdade e por um país assolado.
O POMBO
No recreio escolar, a malandragem
Pega um pombo, esse pássaro boboca,
Parceiro de trapaça e vadiagem,
Que circunda os carrinhos de pipoca.
Jogado ao tabuleiro de xadrez,
É o príncipe de jogo, obeso e arisco.
Bispos, peões, rainhas, torres, reis…
Ele os derruba ao vasculhar um cisco.
As suas fezes são causa de engulhos!
Do bico às asas é peste e piolhos!
Alguém quer seduzi-lo com arrulhos.
Outro com um prego quer furar seus olhos.
O poeta é semelhante a um gordo pombo:
Fugindo aos pés, esquiva-se do azar;
Ciscando na calçada, sofre um tombo:
Os miolos impedem-no de voar.
NUMA PRAÇA
Nestas ruas há pedintes,
pernetas, putas, velhacos
vendendo alheios barracos,
logrando os contribuintes.
Nas esquinas, os seguintes
são catadores de cacos,
donas desfilam casacos,
pastores com seus ouvintes.
Aonde irá toda essa grei?
Que sigam. Eu ficarei
num busto brônzeo da História.
E assim, no futuro, às vezes,
pombas na festa das fezes
irão batizar-me à glória.
VINGANÇA
Vai ébrio de ódio. Mas equilibra-se. Em ambas
as mãos há um garrafão. No meio-fio tropeça
e em trôpego bailado bate com a cabeça
numa placa de trânsito. Ao pisar muambas
espalhadas no chão, parece gingar sambas.
Não há ninguém que o avise, ninguém que o impeça
do próprio pé molhar, mijando-se sem pressa.
Prossegue. O passo é duro, embora as pernas bambas.
Opera uma manobra, oculto atrás dos postes.
Marchando em plena rua, investe contra as hostes.
O pensa fazer, tão intrépido e indômito,
contra essa imensa grei? À turba, sem embargo,
avança resoluto, estufa o ventre largo,
lançando a todo mundo o nojo de seu vômito.
CINDERELA
Nas pálpebras pinta
A noite. E se espelha
A espetar na orelha
A estrela distinta.
Perucas, piolhos,
Máscara de giz,
Lábios de verniz,
Lentes para os olhos.
Enquanto recorta
Pestanas compactas,
Seus cílios são patas
De uma aranha morta.
Em peles de esquilos
E asas de morcegos,
Na fisga de pregos,
Isca os dois mamilos.
Flashes instantâneos
Em poses de Kali,
Em sua nuca vale
um colar de crânios.
Perfume de flores
E frutos mortiços,
Devem ser postiços
Até seus rubores.
Tendo faces glabras,
Sem buço, no entanto,
Traz na bolsa o encanto
Dos abracadabras.
Caixa de Pandora
Guarda. Mas espera
Por flerte e paquera
Enquanto namora…
Logra uma trapaça?
Abre a caixa. E alcança
Poeiras de esperança.
Eis feita a desgraça!
E a sorver sem água
A hilariante droga,
Com a qual se afoga,
Ela olvida a mágoa?
Tomando a cosmética
Por cosmologia,
Dietas de anemia
Tornam-na esquelética
Na língua a destreza:
“Beldade balofa”.
Cospe a unha e mofa
Da madrasta obesa.
E aguardando o ensejo
Das damas de fama
(não de honra), reclama
De esperar cortejo.
A trupe se apura.
Eis Josefa em cuja
Boca de coruja
Dança a dentadura.
A seguinte chega
como salamandra,
Chama-se Leandra,
E é de um olho cega.
A última consterna!
Como rã, Gertrude
A mancar amiúde
Arrasta uma perna.
Tricotam fofocas
E poções malignas
Nas caldeiras ígneas
De suas torpes bocas.
E o que o horror incita!
É assim que essas Greias,
Por serem tão feias,
Tornam-na bonita.
No festivo início,
Ela entre os lacaios
Simula desmaios
A nutrir seu vício.
De prantos fingidos
Ao lamber os dentes,
Pisca aos pretendentes
Tramando tecidos.
Nas pernas de garça,
Quando alguém a encontra,
Sorri como lontra,
Enquanto disfarça
Qualquer estultícia.
À mostra, despacha
Seios de borracha,
Vendendo malícia.
Acre e melancólica,
De alta gradação,
A quem dá a poção
Passional e alcoólica?
À meia noite, é hora
De partir. Ao menos
Entre outros venenos
A vida evapora.
A carruagem volta
À abóbora. À estrada
Foge desgrenhada.
A bruxa está solta!
O homem que por ela
Procurar, mesquinho,
Traz só um sapatinho
À coleção dela.
ÉDIPO
Nesta cidade de almas enlameadas,
Como dentes que saltam dos cavoucos,
Os paralelepípedos aos poucos
Podres deixam banguelas as estradas.
Os seus sonhos são lâmpadas queimadas
Num corredor de hospício cujos loucos,
Com colchas no pescoço e gritos roucos,
Em fuga se enforcaram nas sacadas.
Em sua entrada, à luz de olhos alertas,
Que piscam pela madrugada adentro,
Por praças e avenidas mais desertas,
Nos muros e edificações do Centro,
Meu olhar nos hieróglifos constringe:
Como decifro esta voraz esfinge?
Wagner Schadeck nasceu em 1983, em Curitiba, onde vive. É tradutor, ensaísta, editor e poeta. Colabora com a Revista Brasileira (ABL), com a Revista Poesia Sempre (BN), entre outros. Em 2015, organizou a reedição de "A peregrinação de Childe Harold", de Lord Byron, pela Editora Anticítera. Pela mesma editora, em 2017, publicou a tradução de "Odes", de John Keats.

O objetivo, segundo os realizadores, é proporcionar para todos os espectadores, os que enxergam ou não, a mesma experiência
[caption id="attachment_91170" align="aligncenter" width="620"] Foto: Cida Carneiro[/caption]
Bruna Isac
Especial para o Jornal Opção
Nestas quinta e sexta-feira, dias 06 e 07 de Abril, o Centro Cultural UFG, no Setor Universitário, será palco de um espetáculo teatral desenvolvido especialmente para o público cego. A Peça Como Nascem os Heróis, da Cia Teatro Goya, invade o mundo dos sentidos para promover uma experiência teatral diferenciada. Nela, os cegos e os não-cegos são vendados e passam todo o tempo sem enxergar. Toda a história é representada através de música, toques, fala, cheiros e sabores que transportam a imaginação da plateia para um mundo mágico.
O objetivo, segundo os realizadores, é proporcionar para todos os espectadores, os que enxergam ou não, a mesma experiência. “Nós não queríamos criar uma peça que falasse sobre a condição da cegueira, mas que os cegos pudessem se entreter e se divertir indo ao teatro e encontrando um espetáculo criado especialmente para eles”, disse Clégis de Assis, autor e diretor da peça. Enquanto a legenda e a audiodescrição se configuram atualmente como principais técnicas utilizadas para garantir a acessibilidade ao teatro e cinema, o espetáculo Como Nascem os Heróis vai além. Nele, o público é levado por uma viagem de sensações que afloram com a emoção de cada cena. O trabalho inclui, além dos músicos e atores, uma série de ajudantes responsáveis por provocar as sensações na plateia.
Criada em 2013, a peça já foi representada para públicos específicos, como os associados do CEBRAV - Centro Brasileiro de Reabilitação e Apoio ao Dficiente Visual - e da ADVEG - Associação dos Deficientes Visuais do Estado de Goiás – e desde 2015 tem sido apresentado também para o público aberto. No ano passado, participou do Festival de Teatro Goiânia em Cena e passou pela programação do SESC Goiás. Clégis de Assis diz que considera essas turnês importantes por dar aos não-cegos a chance de aproveitar o espetáculo. “Uma das nossas maiores satisfações é promover um tipo de integração entre os que possuem e os que não possuem alguma deficiência visual. Quando uma mãe que enxerga leva o filho cego para assistir Como Nascem os Heróis, ao chegar em casa eles tiveram a mesma experiência, vão conversar sobre a mesma coisa, e para nós isso é muito gratificante”, esclarece o diretor.
O enredo é divertido e envolvente. Ele conta a história de um terrível vilão, o Senhor Atrito, que apronta todas no fantástico Mundo da Magia e do Encantamento Onde Tudo Pode Acontecer. Porém, dois cientistas vão fazer de tudo para derrotar o Sr. Atrito e salvar o mundo da imaginação. O roteiro brinca com elementos naturais do cotidiano e discute ainda questões humanas e sensíveis ligadas ao relacionamento interpessoal e social. A peça ensina que todos nós somos heróis e que não é preciso ter super poderes para ajudar o próximo.
O texto é original, o músico Reginaldo Mesquita assina a composição das melodias e a direção musical da peça, e a trilha sonora também foi montada exclusivamente para esse trabalho, tudo para atingir ao máximo os sentidos dos espectadores. Além disso, garantem os realizadores, há muitas surpresas esperando pelo público. “É como entrar em um imenso túnel de sensações e deixar o seu corpo aprender novamente a se relacionar com o som, o espaço, os cheiros e os sabores”, diz Marcus Pantaleão, um dos atores envolvidos.
Como Nascem os Heróis será apresentado no Centro Cultural UFG, na Praça Universitária, em Goiânia, nos dias 06 e 07 de Abril, com ingressos a $20,00 a inteira e $10,00 a meia. Serão duas sessões por dia, às 19h e 20h30, cada uma delas com capacidade para até 100 pessoas. Pagam meia-entrada estudantes, professores, artistas cênicos, menores de 12 anos, idosos a partir de 60 anos e pessoas com deficiência visual, auditiva ou física. O grupo conta com o apoio da Universidade Federal de Goiás, da Pró-Reitoria de Extensão e Cultura e do Centro Cultural UFG.
Serviço
Local: Centro Cultural UFG
Datas: 06 e 07 de Abril
Horários: 19h e 20h30
Ingressos: $20,00 / $10,00 - Venda no local.
Classificação: Livre
Pagam meia entrada: Estudantes; professores; artistas cênicos; crianças menores de 12 anos; idosos a partir de 60 anos; e pessoas com deficiência visual, auditiva ou física.
Ficha Técnica:
Dramaturgia e direção: Clégis de Assis
Direção Musical: Reginaldo Mesquita
Elenco:
Clégis de Assis,
Fernando Santana,
Marcus Pantaleão e
Reginaldo Mesquita
Bruna Isac é diretora de teatro.