Opção cultural
O romance é daqueles livros nos quais os acontecimentos relatados pelo protagonista vão se desenrolando rapidamente, capítulo a capítulo, com surpresas e reviravoltas
“Não me considero um poeta. Escrevo poemas, o que é diferente. Falta-me, do poeta, essa procura consciente por uma obra”
Em nova obra, o prosador e poeta conta uma história de amor sem final feliz e reconstitui mais um episódio da rica história do Maranhão
Surgido como um produto tecnológico fruto da revolução industrial, o cinema transformou-se em arte após muitas críticas à sua existência em seus primeiros anos, em especial à sua natureza voyeurística, aproximando-se mais de peep shows e espetáculoscircenses do que de uma experiência propriamente estética. No princípio, mais do que contemplar, buscava-se vigiar e espiar, e os donos das primeiras salas de cinema pouco se importavam com a elevação do meio rumo à arte uma vez que seus bolsos estavam constantemente cheios.
Conforme inúmeras mudanças aconteceram no curtíssimo espaço de tempo que foram as décadas iniciais do século XX, entre as quais o crescente desinteresse por um meio que perdia sua novidade e, em contrapartida, o surgimento de uma linguagem cinematográfica estadunidense originada por D. W. Griffith, percebeu-se que a relação observacional do espectador para com a tela não deixou de existir. Pelo contrário, houve uma significativa mudança em como a audiência olhava para as imagens, especialmente quanto àquilo que buscava imaginar a partir dos 24 quadros por segundo. Conforme o inesperado deixou de ser inédito, o cinema viu-se na obrigação de transformar-se em sentimento.
Nesse sentido, conforme as audiências amadureciam lado a lado com o próprio cinema, urgia a criação de obras que falassem e dialogassem com as complexidades emocionais dos indivíduos que compravam ingressos e lotavam salas pelo mundo. Mundo esse que se tornava cada vez mais sombrio e cruel. Assim, entre as décadas de 1930 e 1950, a Sétima Arte consolidou-se, mais do que somente na relação de indivíduos para com o espaço em um recorte temporal de movimento, como 24 sentimentos por segundo. Sob essa ótica, nenhum cineasta é tão sentimental, completo, simultaneamente clássico e moderno como Nicholas Ray.
Falar de Nicholas Ray é falar de um olhar muito raro para com a própria sociedade estadunidense. Um olhar acusatório perante a sociedade enquanto simultaneamente afaga os excluídos e busca entender as vítimas das garras de um sistema econômico que não poderia interessar-se menos pelo que é ser humano. Surge assim Johnny Guitar, lançado em 1954 buscando olhar para um dos períodos mais violentos da história dos Estados Unidos.
Centrado na luta de Vienna, magistralmente interpretada por Joan Crawford, dona de um saloon que recebe os indesejados da região, contra as pessoas de bem que buscam apossar-se de suas terras, Johnny Guitar, intitulado graças ao personagem misterioso de mesmo nome interpretado por Sterling Hayden,é, para além de um filme genial, uma narrativa profundamente funcional em sua simplicidade. Mais do que isso, éuma obra-prima em que cada gesto é muito mais que um mero ato, mas sim uma confirmação simbólica de um olhar estético perante um gênero de muitas contradições que é o western, em um tempo no qual o mero ato de existir era uma pulsão de violência.
Pode-se chamar essa obra de anti-western, western definitivo, melodrama disfarçado de western, western camp... o que importa é que se trata de um dos (muitos) filmes definitivos do cineasta americano definitivo. Daquele que é, provavelmente, o gênero americano definitivo. Feito por um cineasta que, em um gênero profundamente problemático quanto ao trato das mulheres, posiciona duas personagens femininas como fios condutores da trama, isso ainda com alguns traços sutis e intertextuais de homoerotismo. Um cineasta que, em uma época de perseguições políticas cegas, coloca o establishment como o grande vilão da obra, em sua perene busca enquanto artista por defender os indefensáveis perante o olhar hegemónico e representar os esquecidos e não pertencentes. Há algo mais triste e comum do que simplesmente não pertencer?
Para além de um dos mais clássicos usos do tecnhicolor, Ray eleva seu uso corriqueiro da linguagem para além de suas costumeiras resoluções cénicas em um plano geral/conjunto mais alongado e, a posteriori, um contraplano mais próximo e mais um plano de descrição para um uso quase espiritual da luz. Uma luz muito chapada, onipresente e controlada que ilumina todas as ações quando há embates e que, quando o amor se revela, é reduzida a um mero recorte dos rostos a se fundirem e, quando o amor se finda momentaneamente, a luz natural quase estourada a mostrar como, naquele ambiente e naquela junção de espaços, não há nada nativo para além da violência.
Nicholas Ray foi, desde sempre, alguém com um viés social muito forte e que, ainda assim, por saber que é um artista, propõe muito mais um olhar estético e poético através de imagens-símbolos do que resoluções sociais. Não só por trabalhar em um período de censura arraigada em Hollywood, mas por compreender muito bem o papel do artista e a inutilidade da arte em si. E o final não poderia ser mais artístico. É a completa subversão em forma de romance. É um olhar sobre uma sociedade doente a partir de um dos mais belos olhares estéticos já feitos em celuloide. Afinal, não é para isso que existe o cinema?
Bosque dos Buritis é um diamante verde no coração de Goiânia. A biodiversidade por lá é rica. Há um porém: no interior da sua mata, existem alguns bichos que utilizam certos cantinhos de lá para fazer sexo e ainda deixam esses locais poluídos de preservativos usados e outros resíduos, que, de modo algum, deveriam ser deixados no parque
A poeta e a palavra se transubstanciam no mesmo cálice da poesia, conseguem a unicidade e nos oferecem em comunhão e em sacrifícios que purificam o profano
O livro da doutora da USP sobre o autoritarismo brasileiro já é um clássico, e, como tal, é uma obra que precisamos revisitar constantemente
O livro apresenta a poética de Antônio Queiroz, Angélica Torres, Antônio da Costa, Augusto Niemar, Ismar Lemes, Lourdes Teodoro, Nilva Souza, Salomão Sousa, José Luiz Sóter
Ubirajara Galli é uma figura essencial para a cultura goiana, cujas contribuições transcendem a literatura e alcançam a preservação histórica e o fomento às artes
Coveiro estava com luvas longas e recolhia os ossos num saco plástico preto, e isso no maior sossego, como se estivesse ensacando um produto qualquer. Uma penca de banana, um punhado de batatas
Série será divida em duas parte e estreia em 11 de dezembro de 2024
O livro é uma tragédia. A peça teatral foi idealizada em forma de poema. É uma obra de dramaturgia e de poesia, saída da pena do grande poeta e dramaturgo alemão
A mineira começou a escrever seu diário aos 12 anos. O livro foi publicado em 1942. Ganhou o aplauso dos notáveis críticos Alexandre Eulálio e Roberto Schwarz
O poeta chileno não esconde seu objetivo de mapear e denunciar a exploração e a violência de que foram vítimas os povos autóctones nas mãos do colonizador
Sinésio Dioliveira
O Casarão Cultural Nicolau Lunardelli funciona dentro da Ecovila Santa Branca, em Terezópolis de Goiás. O espaço foi criado pelo empresário Jeremias Lunardelli Neto, que nomeia a entidade com o nome do seu pai. Por lá, sempre acontecem eventos culturais. E na sexta-feira, 4, houve a inauguração do busto da arquiteta, urbanista, pesquisadora, escultora, musicista e escritora Narcisa Abreu Cordeiro. Ela é membro do IHGG, Icebe, Aflag, UBE-GO, AGI, Atleca e Eco-Academia. Esta uma entidade idealizada dentro da Ecovila Santa Branca.
O empresário e ambientalista Jeremias Lunardelli Neto abriu a solenidade, falando de sua satisfação com o evento, destacando que o Casarão ficou mais enriquecido com aquele busto, haja vista que ele representa uma homenagem em vida a uma pessoa realmente merecedora da homenagem. “O busto está aqui abrilhantando este espaço essencialmente pelo fato de ela ter participado decisivamente da proposta de criação do Parque Estadual Altamiro de Moura Pacheco e assim sendo reconhecida como patrona do respectivo parque”, disse.
Falou que o fato de as pessoas estarem ali no evento fazia com que o Casarão acontecesse dentro do propósito em que foi criado: de agregar pessoas movidas por amor à cultura. Jeremias é neto do famoso “rei do café”. Só que a grafia do nome do avô era com a letra G e não tinha S no final. Ele possuía 18 milhões de pés de cafés esparramados em diversas fazendas de vários Estados, inclusive Goiás, e até no Paraguai.

Presidente do Instituto Histórico e Geográfico de Goiás, Jales Mendonça iniciou sua fala relatando seu prazer de estar ouvindo o som das cigarras vindo das árvores no quintal do Casarão. Elogiou a bagagem intelectual de Narcisa, ressaltando o engajamento dela na história de Goiânia. Salientou a importância dela como membro do IHGG.
Narcisa agradeceu a todos pela presença na inauguração do seu busto. A área do hoje Parque Estadual Altamiro de Moura Pacheco se tornou tal porque teve ação dela nesse sentido. Contou que, na década de 90, foi procurada por uma comissão em sua empresa Narcisa Urbanismo e Consultoria, “que apresentou uma proposta para realização de um loteamento na fazenda”. Ela então, “movida por um impacto de ambientalista”, aceitou analisar o projeto, mas não com esse propósito.
“Segundo ela, “se não aceitasse analisar o projeto de loteamento, eles, com certeza, iriam procurar outro escritório de urbanismo e que o arquiteto executaria o projeto, que seria pago em lotes na referida gleba, ou seja, um excelente negócio, muito lucrativo.”
Narcisa precisa agir urgentemente em favor da transformação da fazenda do médico e empresário Altamiro de Moura Pacheco em Parque. Ela sabia desse objetivo de Altamiro, que lhe relatou isso numa visita que fez a ele acompanhada da botânica Amália Hermano.
No dia seguinte após a visita da comissão, pegou seu fusca e foi ao escritório da Emsa, grande firma de engenharia, para falar com o empresário Anibal Crosara. “Arquiteta Narcisa, em que poderia servi-la?”, perguntou ele. Após seu relato emocionado, Aníbal já ligou de imediato ao então governador Iris Rezende “para que ele realizasse a compra do terreno, para evitar ocupação inadequada”.
Quinze 15 dias depois, veio uma notícia excelente. “Eu estava em meu fusca perto da Praça do Cruzeiro no Setor Sul e ouvi no rádio que Iris Rezende havia adquirido, por um preço simbólico. a área pertencente a Altamiro de Moura Pacheco, para execução de um grande parque”, conta.
Também presentes na solenidade, o presidente do Icebe, o polímata Nilson Jaime, a presidente da Aflag, Elizabeth Abreu Caldeira Brito, o jornalista Sinésio Dioliveira representando o presidente da AGI, Valterli Leite Guedes, o escritor Ubirajara Galli, representando o presidente da AGL, Aidenor Aires. Além de outras autoridades e moradores da Ecovila Santa Branca.
