Opção cultural

[caption id="attachment_31247" align="alignnone" width="620"] Foto: Fernando Leite/Jornal Opção[/caption]
Corre que ainda dá tempo! É que as inscrições fecham nesta terça-feira, 24. Ah, claro, as inscrições para os cursos técnicos do Basileu França, ofertados por meio do Centro de Educação Profissional, a partir da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Científico e Tecnológico e de Agricultura, Pecuária e Irrigação do Estado de Goiás. Os cursos são de habilitação profissional técnica de nível médio em artes, com formação em três anos.
Legal, não é? São 247 vagas nas áreas de música, teatro, dança e artes visuais. Leve seus documentos pessoais (copias e originais), uma foto 3x4, comprovante de escolaridade (pois, é necessário estar cursando ou ter cursado o ensino médio ou equivalente), mais a quantia de R$ 60 na secretaria do Basileu, ali no Setor Universitário, e prepare-se para as provas teóricas e de habilidades específicas, aplicadas a partir do dia 27 deste mês. E, ó, muita sorte!

[caption id="attachment_31494" align="alignnone" width="620"] Reprodução[/caption]
Que tal ver Thelma e Louise nas telonas? A jovem dona de casa Thelma, interpretada por ninguém menos que Geena Davis, e a garçonete quarentona Louise Sawyer, interpretada — também por ninguém menos que — Susan Sarandon, pegam a estrada, abandonando a vida monótona que levam.
Daí, você pode agitar a hora do almoço, pois as sessões são 12h30, exibidas do dia 23 ao dia 27 de março, no Centro Municipal de Cultura Goiânia Ouro. Aproveite!

- Desde 2012, a banda Granfieira bota a cultura de gafieira na pista de dança e te convida para dançar a dois. Nesta quinta-feira, 26, a festa é ali no Bolshoi Pub.
- Em tributo a Dolores Duran, Cláudia Garcia preenche os palcos do Sesc Centro com a intensidade e independência da compositora de “Por Causa de Você”, canção que dá nome ao show. É nesta sexta-feira, 27, às 20 horas, na rua 15.
- Com curadoria de Eugênio Carmona, “Picasso e a Modernidade Espanhola” ganha o Centro Cultural BB de SP e fica em cartaz daté o dia 8 de junho com cerca de 90 obras.

Livro

Música

Filme


Com exibições de filmes e debates, a 4° edição da Mostra tem como objetivo ampliar a participação social no espaço acadêmico

Nega Lilu, R&F Editora dão lições de “como fazer livro” e os escritores Edival Lourenço e Kaio Bruno Dias acrescentam: “Não é nada fácil”

Bora animar este final de semana que está só começando? Ó, é só aumentar o volume, pois segue uma seleção supimpa com as músicas mais escutadas pela equipe do Jornal Opção durante a semana. E então? Solta o som, rs. Avenged Sevenfold – Hail To The King Carly Rae Jepsen – I Really Like You Dan Croll – From Nowhere Lily Allen – Air Balloon Pearl Jam – Yellow Ledbetter Tame Impala – Let It Happen The Beatles – Ob-La-Di, Ob-La-Da The Kooks – Good Times Titãs – Pra Dizer Adeus Stevie Wonder – Master Blaster

[caption id="attachment_30965" align="alignnone" width="620"] Reprodução[/caption]
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Yago Rodrigues Alvim
O crítico literário e escritor Sérgio Tavares, organizador da série literária “Quatro Estações”, publicada pelo Opção Cultural, e um dos autores de “Inverno” (conto que integra a série), o escritor Carlos Schroeder, foram escolhidos para fazer parte da publicação Machado de Assis Magazine, da National Library of Brazil. A edição número seis será apresentada na abertura do 35° Salão do Livro em Paris. O Brasil é o país homenageado.
Para a edição da Machado de Assis Magazine, o conto “As fantasias eletivas”, de Schroeder, foi traduzido para o espanhol por Julia Tomasini (“Las fantasías Electivas”). Já Sérgio teve um trecho do livro “Queda da própria altura” traduzido, também para o espanhol, por Sebastian Rodriguez (“Se desvanescen los barcos”).
Veja a revista na íntegra, clicando aqui.

Odes ao amor e à vida enfeitam terças, segundas, a semana inteira. O canto da terra frutifica versos em estrofes. Fazer listas é tal qual efeito rarefeito, nunca de suspiro fácil. Por isso, algumas das poesias goianas em poemas, elencando títulos e nomes que têm feito, da história, estória. Tarefa que requereu ajuda. Recomendações. Façam as suas. Ei-los:
[caption id="attachment_30958" align="alignnone" width="620"] Texto de abertura e foto: Yago Rodrigues Alvim[/caption]
Ofício de viver - Afonso Félix de Sousa
O mundo que encontrei já era isso.
O jeito foi bordá-lo
com palavras.
Palavras e palavras, esta a herança
que tive e vou deixando.
O jeito foi juntá-las
untá-las
soprá-las
dobrá-las a meu jeito
Perdão ó mestres
vos dou a mão à palmatória
mas não sei ser outro, não sei
ser de outro jeito.
O mundo é isso
e o jeito é ir chutando e vou chutando
e vou driblando e vou sendo driblado
e vou caindo e vou-me erguendo e vou
e vou gemendo
atrás da bola
e a bola à frente
e ao lado a bola
e do outro lado
e nas alturas
Mestres
meus mestres
Toque de Flauta - Delermando Vieira
Um velho tonel de vinho
é o que tenho,
ali debaixo do pessegueiro florido,
na vesperal animosidade.
Por isso, assim, este beber
e não tocar-me, se é flauta o que me toca,
quando me toca esta saudade.
Eu sinto, ouço, vislumbro nos aros
da tempestade: é longo este soar de sinos,
quando meu amor lá longe já morreu.
Quem foi que tanto me buscou e me perdeu?
Não sei. Sei apenas
que todo buscar
(adaga/florferida)
é um sarilho arrastando a Vida.
Todo buscar faz de seu achado
alguma antiga e perdida ternura.
Portanto, me busco
e não me acho,
por tanto achado
e pouca procura.
Que sou?
a que vim?
Que amor terá de mim o sangue,
a libido, a navalha e sua ferrugem,
se meus lábios
(sempre tardos)
nunca insurgem?
Confesso: um cavalo de ouro trota, agora,
no epidérmico jardim de minha pele,
o rúbido bouquet de orquídeas
entre os dentes de alvura acetinada.
Relincha em ouro este cavalo
que enfim no meu peito empina, escoiceia,
bate os cascos contra as pedras
da enorme solidão: de amor,
quantas léguas tem meu coração?
Um velho tonel de vinho
é só o que tenho,
enquanto – na paisagem embriagada –
toco o soluço de uma flauta esmagada.
Por isso, então, nunca beber-me
aquele amor distante,
nunca querer-me a pessoa amada!
Alvorada dos nirvanas - Edival Lourenço
estou pela hora de cometer
um haraquiri com o gume
das palavras
estou a ponto de sofrer
um estouro de aneurisma
na jugular poética
Geração - Gilberto Mendonça Teles
Sou um poeta só, sem geração,
que chegou tarde à gare modernista
e entrou num trem qualquer na contramão,
e vai seguindo sem sair da pista.
A de quarenta e cinco me tutela,
me trata como a um filho natural.
Eu chego às vezes tímido à janela
mas vou brincar no fundo do quintal.
Na poesia concreta, a retaguarda
é que me vê brincando de arlequim.
Às vezes fujo à rima e lavo um fardo
de roupas sujas, não tão sujo assim...
A de sessenta e um foi de proveta,
foi mágica de circo para um só.
Ninguém me viu caçando borboleta
ou pescando escondido o meu lobó.
Quem fez letra, cantou e usou bodoque
que se fez marginal pela cidade,
será que fez poesia ou fez xerox
ou apenas tropicou na liberdade.
Sem Título - Heleno Godoy
Adentrar a casa, pelo
portão: pórtico finca-
do entre grades, gran-
de o muro em torno;
entre o porão e o ático,
a casa se estende e se
protege: um projeto ou
uma proposta (a porta
a ser fechada), a casa se
constrói no que acumula
— um cedro no jardim e
outro na sala, cortado
e revestido; como o musgo
a recobrir a casa e seus
súditos: um súbito susto,
de medo — sua medida.
Poema vertical - José Décio Filho
Dei um mergulho em mim mesmo, num pulo de cabeça a baixo.
Tudo lá no fundo está quieto como os caminhos abandonados;
a paisagem esfumou-se e confundiu-se num apaziguamento de cansaço.
Perdi-me nos atalhos sedutores,
gastei linhas retas e curvas, inquietações e deslumbramentos.
De místicas visões e amargos projetos fiz um montão de cadáveres.
Quanto trabalho perdido,
quanto tempo dissipado!
Mas de tudo que ajuntei
na mais lírica desordem,
alguma coisa houve de ficar, alguma coisa que às vezes se resolve em minha poesia ou em silêncio.
Poema - José Godoy Garcia
Eu queria informatizar a minha práxis poética
gostaria muito de ter ao meu dispor um Computer
Place, a tecnologia Epson, Action Laser 1000,
o Desktop,
Seria maravilhoso computar as estrelas
Que estão à minha disposição na hora exata
de minha criação
Gostaria de medir a pressão de meus órgãos
Quando em minhas mãos um Macintosh Centris
ou um Windows, e poder pegar uma loira baiana
com toda serenidade.
Sim, enfrentar uma baiana loira só com
um Macintosh, essa raridade beirando à
desídia de uma negra aça.
Sim, e que a madrugada venha para
o meu alento macho, sempre ao meu lado
uma bela tecnologia Windows NT,
assim poderei saber o útero perfeito
e sua extremidade quanto a madrugada se
abrir em coxas verdes-escuras-negras-grénas
e aças, medindo a pressão e repressão sub
reptícias em torno da Petrobrás. Oba!
Nova Scanner Geniu tem soft poliglota, um avanço!
Guimarães Rosa, em alemão, série verbegral-quicé.
Uma atrociadade de línguas suaves-lânguyidas,
as imagens Leyser de Bruna Lombardi de mel
e de flores brancas. Oh, meu santo Virgolino,
Santa Dica de Goiás, paixão de minha alma,
oh conselheiro, oh Zumbi dos Palmares!
O primitivismo nativista no bico dos
anjos da máquina infernal que nos digita
os sêmens, as porras micras, com uma
doce atenuante: os estilísticos teriam
um fim, até que enfim, salve nossas preces
ao Nosso Senhor do Bonfim, o Windows digitaria
as frases e períodos, no mágico de um
simples botão Reader Baby e
soletraria a estética num simples segundo
de nossa vidinha. Salve o Microsoft Windos NT,
infinito, oba-oba, lésbico!
Goyania - Manuel Lopes de Carvalho Ramos
Canto primeiro
Eu canto, patria minha, o heroe facundo
Que immortal sublimara aquella idade
Em que o Brasil, sonhando a liberdade,
Cingia as vestes do nascente mundo;
Em que da Historia, irmã da humanidade,
Tinha o gigante audaz o ser profundo,
E aquelles que, nos bosques brasileiros,
Foram os grandes cayapós guerreiros.
O’ tempos idos! O’ remotas eras!
Em que, á sombra das arvores copadas,
E das montanhas para os céos voltadas,
Eram outras as nossas primaveras!
Em que das selvas brutas e agitadas
Eram selvagens os irmãos das feras,
Em que a voz do cacique, ardente e bella,
Soía um brado ser da eterna tela.
Eras tu, patria forte, o grande povo
Embalado no bosque americano,
Não de escravos nascido ao eito insano,
Mas de algum ventre poderoso e novo;
Que então não tinhas outro soberano
Senão esse fortissimo renovo,
Mas que o perdeste á marcha triumphal
Dos bravos, que illustraram Portugal.
Eras tão livre como a voz dos ventos,
Que as tuas alvas praias despertavam,
Como a orchestra das aves, que esperavam
Da aurora os raios fortes e opulentos.
Ousado prometteu, que em ti buscavam
Nações da Europa, espiritos sedentos,
E estranhos, feros, cegos desertores,
E escravos negros de crueis senhores?
Em tudo a voz da terra esperançosa
Mil phantasticas sombras attrahia;
Em seus prados uberrimos nascia
Forte imburana ao pé de branca rosa;
Em seus valles risonhos, quando o dia
Na luz d’alva acordava a tribu irosa,
Eram lagrimas doces, purpurinas,
As lymphas das ribeiras crystallinas.
Mas em ti, só em ti, goyana terra,
Correia pertinaz ouvira o brado
Firme, soberbo de um paiz talhado
Para os fructos da paz, e não da guerra;
Porque em ti se firmava o luso errado,
Vingando as regióes de serra em serra;
Porque em ti, se não fosse a idade forte,
Teria a própria liberdade a morte.
Mas, por isso, bem vês, goyano povo,
A quem meus versos neste canto envio,
Que imagens vagas de paixão não crio,
Mas a gloria da patria em que eu me louvo.
Em teu regaço, em que melhor me fio,
Deponho a lyra e o canto audaz e novo:
Dá que a musa, animando a luz da historia,
Da patria cante a primitiva gloria.
[...]
Canto Vigésimo
[...]
Eis nesse instante, enquanto gloriosos
Os valles descem fortes os guerreiros,
Da fria noite os astros derradeiros
Iam doirando os ermos tenebrosos.
Scintillam sobre os cerros altaneiros
D’alva os clarões rosados e amorosos:
A doce brisa a pluma dos cocares
Agita aos buritys nos frescos ares.
Algumas aves cantam nas ramagens
Dos cambuhis da praia, em que serena
A laranjeira delicada e amena
Presta aos indios amantes as folhagens;
E, ouvindo aquella matutina pena
Do cardeal, que canta nas pastagens,
Anhangaia murmura: Anang morre...
Fria mão de Tupan seu rosto corre...
Morrer! Quando esta vida é toda amôres!
Quando, entre as rosas da manhã serena,
Suspira a jurity na selva amena,
Adeja o beija flôr beijando as flôres!
Morrer! Da ideia negra que envenena
Ao precipicio caminhar de horrôres!
No coração, que a treva desespera,
Ver extinguir-se a luz da primavera!
Morrer! Quando a folhagem que murmura
Presta suave sombra ao doce amado!
Quando brilhante o leito do noivado
E’ como um cofre aberto á formosura!
Quando sómente o enfermo é desgraçado!
Quando escarmenta o colhe a sepultura!
Deixar tudo e partir... Cahir sosinho
Cadáver! Sombra! Em meio do caminho!
Taes pensamentos negros scintillaram
No cerebro da indígena piedosa,
Cuja paixão suprema em dor penosa
Idéias mil oppostas transformaram.
Turva-lhe a vista gfelidez pasmosa
De Anag... e os passarinhos se calaram...
Naquelle instante aspérrimo e sombrio
Nem brilha mais o céo, nem falha o rio...
Era supremo o acaso, a dôr terrivel,
E findo estava o quadro da agonia:
Sem forças quasi a indigena acolhia
Aquella vida á margem do impossivel:
E assim, olhando a face quase fria
Que estreita, com disvello intraduzivel,
Guayra ri, soluça, e a voz discerra:
– Morto! Morto! – Suspira e cahe por terra.
Praia Morta - Miguel Jorge
esta praia morta
também é fruto do rio
cemitério de gaivotas
com seus ais
e nunca mais
esta praia morta
viajou horizontes
e se matou pelo rio
esta praia plana
esta praia plena
de triscos
ciscos
cacos
cascos
bicos
riscos
triscos
rabiscos
beliscos
reflete agoniando
a orla vermelha do rio
esta praia abriga vozes
abriga falas
e se cala
como quem perdeu a última palavra
Vaga litúrgica - Pio Vargas
O volume da chuva
é que decifra o dilúvio
como no corpo eflúvio
é âmbar a dúvida
a porta que mais vence
é a que aberta permanece
e o corpo que mais sente
é nem sempre o que adoece.
Que morte é natural
senão a que é sem leito
se nem só pelo sinal
traduz-se o que foi feito (?)
o que por dentro queima
e teima em prosseguir
o fôlego-fátuo que anuncia
cenas do óbito a seguir
Vai mais longe quem divaga
além de si aquém do se
a certeza que mais propaga
é a de quem menos disse
nenhum lugar pleno existe
a menos que a invenção o faça
: o perdão é de quem insiste
no pecado e não na graça.
Pacote Completo - Cássia Fernandes
Quando a gente ama,
compra o pacote completo:
o bilhete de ida e sem volta,
a ex-sogra,
o mau hálito quando acorda,
o mau humor
o mau amor.
A gente ama,
a gente compra
o pacote com tudo o que vem dentro:
um trem, uma família, um cachorro,
um papagaio, um sofrimento.
O feijão com caruncho,
a pedra...
A gente quase quebra um dente
quando morde.
A gente não pode
comprar uma meia meia,
uma meia sola,
só o seio esquerdo
e deixar na loja
uma só alça
do sutiã meia taça.
Comer só o miolo do pão
e do sonho de valsa;
a laranja e a couve;
e fingir que não houve
nem escravidão, nem fome, nem chicotada,
nem o pé de porco
na feijoada.
O amor não se vende avulso
nem picado,
para um pé atrás,
de um só lado.
Se bem que é bem preciso
começar com o pé direito,
dar ao menos um braço a torcer
e de vez em quando estender
a roupa no arame
e a outra face.
Porque a qualidade e o defeito
são irmãos siameses.
E o cachorro se senta
sobre o próprio rabo.
Bicho de goiaba é goiaba,
exceto para quem está
de barriga lotada.
Quando a gente ama,
não pode escolher
se tem aleijão
ou se é perfeito.
Tem que aceitar a barriga, a remela,
o cabelo de nego,
o presente de grego,
a mão em que sobra ou falta
um dedo,
e que é a pimenta da vida
e que dá tempero à comida.
Não há amor que se vende a granel,
como fiado
só no armazém ao lado.
E se é verdade
que a galinha da vizinha
é sempre mais gostosa e mais gordinha,
é verdade também
que não se faz omelete sem quebrar uns ovos
chocos
e que todo ofício,
mesmo o de você me comer
e de eu comer você
tem seus ossos.
As Jóias de Netuno - Valdivino Braz
Surdo rumor de ondas se avoluma
para os estrondos de espuma;
estilhaços da fúria fragmentária,
os cristais feito jóias,
perdigotos de Netuno.
Fraturas de oceano,
salso cuspe de espuma e louça
os nácaros, côncavos destroços.
O que há de maestro e música,
além do bramor de mostro,
nisto de Atlântico.
Sinistra massa, mista
de crustáceos e moluscos –
lagostos pednúnculos de antênulas,
cacos de acéfalos hipocampos,
espongiários espantos.
De hábitos solitários e anêmonos,
de celenteradas pedras,
isto de florir-se
o reino das actíneas.
Outra é água-viva,
mija-vinagre,
urtiga-do-mar,
isto de queimar.
Transparência de gelatina,
e de secreto nas entranhas marinhas,
as coisas-meduas,
tanto quanto não ser
a vida um mar de rosas.
Umas formas eriçadas,
uns ouriços,
uns crespos de abrir-se e fechar-se
- de não-me-toques -,
marinhos espinhos.
E coisoutras peludas,
isto análogo de púbis,
estranhos novelos de quelíceras.
Uns mijos de esponja,
de Nadja,
de nojo.
Umas pérolas nada pérolas,
num colar de búzios.
Com a fileira de pés ambulacrários,
A esdrúxula estrela,
uma crosta, uma casa,
parece que morta.
Vergue-se-lhe, entanto, o centro,
ei-la que ressuscita:
ondula-se o mar de áspero dorso,
onde varetas possibilitam
articular-se o dentro,
e pena é vê-lo ondular-se,
por certo que de dor,
isto de só restar devolvê-lo ao mar,
arremessa-lo feito disco voador.
O desvio - Yêda Schmaltz
A mim pouco me importa
aberta ou fechada a porta,
vou entrar.
E pouco me importa estar
sendo amada ou não amada:
vou amar.
Que a mim me importa tanto
eu mesma e o sentimento,
quanto!
A mim pouco me importa
se a tua amada é doente,
se a tua esperança é morta.
E me importa muito menos
se aceitas solenemente
a nossa vida parca e torta.
Porque a mim me importaria
deixasse de ser eu mesma
e a poesia.
A mim pouco me importa
se a lira quebrou a corda:
vou cantar.
E pouco me importa estar
no picadeiro do circo:
vou rodar.
Que a mim me importa tanto
eu mesma e o sentimento,
quanto!
A mim pouco me importa
se estamos todos presos
por uma invisível corda.
E me importa muito menos
sermos todos indefesos
ante o destino que corta.
Porque a mim me importaria
deixasse de ser eu mesma
e a poesia.
Livro

Música

Filme

- Desde o último dia 12, a cidade sob o olhar do Marcelo Peralta intervém em cartazes e grafite nas paredes do Museu de Arte de Goiânia (MAG).
- O artista reflete a sociedade e suas relações, a partir das engenhocas que condicionam a vida e alimentam os desejos humanos.
- Por exemplo, o carro: a sua velocidade, novas direções e alhures, além de símbolo de status e promoção social.
- A exposição “Autografia” ganha o espaço até o dia 19 de abril.
São três momentos: Corpos Urbanos, Matrimônio e Desencontros. É com esta divisão que “Retrato em Preto e Branco”, da Giro8 Cia de Dança, marca o ciclo vicioso da vida. A coreografia propõe reflexões quanto às influências da sociedade de consumo, que disciplina e individualiza os seres humanos. O retrato é, então, a esperança de reumanização do ser para em reconduzi-lo a um novo sentido da vida. A apresentação é no sábado, 21, às 20 horas, no Teatro Sesc Centro.
Você que está ultra ansioso por outubro, mais especificamente dia 10 de outubro, pode ficar tranquilo! Ao menos, um pouquinho. É que a banda Fantoches Anônimos vai embalar mais uma noite com um tributo ao Los Hermanos. E vai ser no palco do Taberna, agora no Setor Bela Vista. Assim, dá para ir relembrando as canções, ficar menos eufórico ou mais, bem mais, digamos (riso): para o dia 10, quando os Los Hermanos estarão nos palcos do Pavilhão do Parque da Cidade, em Brasília (o show da turnê mais próximo de Goiânia). É, galera, se prepare que no dia 19 de março, você garante seu ingresso de outubro para conferir Camelo, Amarante, Barba, todos eles, e na sexta, 20, comemora no mais alto e bom som dos Fantoches!

[caption id="attachment_30626" align="alignnone" width="620"] Foto: divulgação[/caption]
Nem toda segunda é tão difícil assim. Ao menos, não esta, 16. É que ela traz consigo a diretora e dramaturga italiana Alessandra Vannucci para uma roda de conversa. A também professora –– já ensinou na Escola de Direção Teatral e da Pós-Graduação em Artes da Cena da ECO-UFRJ e foi coordenadora do curso de Artes Cênica da PUC-Rio –– dividirá seus estudos sobre Estética e Política, entremeando pensamentos de Adorno, Brecht, Benjamin e, principalmente, de Augusto Boal, que buscava na arte a subjetivação como antidoto à opressão.
A roda de conversa começa às 19 horas, ali na Casa Corpo, no setor Leste Universitário. A visita e bate-papo integram o curso “Tramas e Redes: Feminismos Pelo Fim da Violência Contra as Mulheres”, organizado pelo grupo Ocupa Madalena – Teatro das Oprimidas e pelo grupo Transas do Corpo. A entrada é aberta a todo público. Basta chegar.

Em seu primeiro livro, o publicitário paulista Matheus Arcaro busca o refinamento das palavras com o objetivo de significar a paisagem escarnecida ao redor de suas personagens