Imprensa
A mulher que quero
Pio Vargas
Eu quero uma mulher de aço
que seja leve como a pena,
cujo sorriso seja um laço
a me prender como um poema.
Eu quero uma mulher madura
a me guiar durante o dia,
quando for noite ser vadia
a me domar sem armadura
e a me tomar como num sonho,
uma mulher que seja a lua
dentro do sol em que me ponho.
Eu quero uma mulher de ferro
com um aplauso pra quando acerto
e um perdão pra quando erro,
como alguém que seja o brilho
dentro do escuro em que me encerro.
Uma mulher que seja plena
uma amante de verdade
que seja motivo de lembrança
e um intervalo na saudade
que, diurna, me cuida,
mas que, noturna me invade.
Eu quero uma mulher-mãe
que seja vinho, cerveja,
refrigerante, champanhe,
que me entenda se viajo
e se fico me acompanhe.
Eu quero uma mulher toda
que me edifique como homem
e algo depois me exploda.

A reportagem “Padre é funcionário fantasma da Assembleia há 20 anos”, que ocupou quase uma página, merecia manchete na capa do “Pop”, mas ganhou apenas uma chamada minúscula. Um repórter conta que um funcionário do jornal, ligado à renovação carismática, teria convencido o editor da primeira página a não carregar “nas tintas”. O que importa mesmo é que a matéria de Márcia Abreu é correta. A repórter conta que o padre católico Luiz Augusto Ferreira, da Igreja Santa Terezinha do Menino Jesus, recebe R$ 11,8 mil (R$ 141 mil por ano), mas não frequenta a Assembleia Legislativa de Goiás. A denúncia é grave, mas o padre diz que não toca no dinheiro e que não deixou o cargo para usar o Ipasgo. Não se está sugerindo que o padre é corrupto, parece não ser o caso, mas no Brasil cobra-se uma ética rigorosa dos políticos, mas não dos demais cidadãos. Luiz Augusto, um religioso que dizem sério, deveria pelo menos ter dito: “Errei”. Há algum tempo, o rabino Henry Sobel quase foi destruído por reportagens implacáveis. Ressalvas breves, que não comprometem o texto: a repórter escreve Assembleia Legislativa, mas não acrescenta “de Goiás”. Seria um sintoma de que os repórteres avaliam que o jornal não está, ao menos integralmente, na internet? Márcia Abreu escreve: “O presidente da Assembleia, Hélio de Sousa, através de sua assessoria”. “Através” de sua assessoria não é possível. Deve se usar “por meio” ou “por intermédio”. E, no caso, Helio não tem acento.

Grupos militares da linha dura também ameaçaram matar José Sarney, que foi avisado por Iris Rezende
O editor da coluna “Giro”, do “Pop”, Jarbas Rodrigues Jr., até hoje não entendeu que em Brasília só tem poder político, junto às cúpulas nacionais, aqueles que têm mandato de deputado federal e senador. O vice-presidente da República, Michel Temer, recebe o deputado estadual José Nelto, o vice-prefeito de Goiânia, Agenor Mariano, e o presidente do PMDB goiano, Samuel Belchior. Mas só “ouve” mesmo aqueles que têm mandato de deputado federal — Daniel Vilela e Pedro Chaves. Os dois parlamentares são os principais interlocutores de Temer quando se trata de discutir assuntos referentes a Goiás. São os únicos que ele chama pelo prenome. Aliás, há outros políticos do Estado que Temer ouve — o ex-deputado federal Marcelo Melo (que, além de aliado, é seu amigo) e o prefeito de Aparecida de Goiânia, Maguito Vilela. O resto é figuração. Se Jarbas Rodrigues Jr. acredita mesmo que Nelto, Agenor e Belchior têm força política em Brasília deve ser presenteado com um chapeuzinho de anjo. Para não citar outro tipo de chapéu.

[caption id="attachment_30139" align="alignleft" width="300"] Reprodução/ Rede Globo[/caption]
Não há a mínima dúvida de que Renata Vasconcellos, apresentadora do Jornal Nacional, é uma profissional do primeiro time. Porém, mesmo experiente, tem cometido alguns erros, trocando palavras (assassino por assassinato, por exemplo).
A impressão que se tem é que Renata Vasconcellos, embora seja do ramo, está insegura.
Outra impressão é que William Bonner, o melhor apresentador da televisão brasileira, está mais sisudo do que de hábito.
A Celg Distribuidora (Celg D) ganhou o “título”, nada honroso, de pior distribuidora de energia elétrica do país. Pelo segundo ano consecutivo. O “prêmio” é concedido pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). O “Pop” publicou a notícia, com chamada na primeira página e meia página na página 13, mas os outros jornais “moitaram”. Por que demais jornais não publicaram a notícia? Não se sabe.
A melhor cobertura do caso do padre Luiz Augusto Ferreira — denunciado como funcionário fantasma da Assembleia Legislativa de Goiás — é a do “Pop”. Não há comparação com o que saiu noutros jornais impressos e online. As reportagens do jornal do Grupo Jaime Câmara são isentas e não faz a defesa do indefensável. Uma coisa ninguém perguntou: o que a cúpula da Igreja Católica — leia-se dom Washington Cruz — pensa a respeito de um de seus integrantes ser funcionário fantasma? Sem a pressão da imprensa, que receia ser crítica, a Cúria Metropolitana se manifestou, por meio de carta, de maneira ponderada. Como se sabe, a Igreja Católica combate a corrupção, de qualquer natureza, e por isso a obrigação de se posicionar quando o problema a atinge diretamente. O papa Francisco decidiu não esconder os problemas de seus integrantes.
Marco Antônio da Silva Lemos, ex-editor de política do Jornal Opção e do “Diário da Manhã”, assumiu o cargo de desembargador do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios na terça-feira, 3, em Brasília. Ao apresentá-lo, o presidente do TJ disse que Marco Antônio é responsável por sentenças judiciosas, muito bem escritas e formuladas, ressaltou seu humor fino e contou que foi aprovado em primeiro lugar no concurso para juiz.
Os diretores do “Diário da Manhã”, Batista Custódio e Júlio Nasser, foram recebidos pelo governador do Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg, do PSB. A intermediação foi feita pela deputada Liliane Roriz, do PRTB. A imprensa de Brasília está em pé de guerra com o governador. Motivo: Rodrigo Rollemberg avisou que, dada a situação caótica do governo, não terá condições de publicar anúncios pelo menos até junho. “A imprensa do DF está matando a cachorro a grito”, diz um repórter de um diário local. E já fez uma série de demissões.
O italiano Francesco Forgione volta às livrarias brasileiras com mais um livro interessante, “Zona Franca — Políticos, Empresários e Espiões na República da ’Ndrangheta, a Poderosa Máfia Calabresa” (Bertrand Brasil, 391 páginas, tradução de Mario Fondelli). No livro “Máfia Export — Como a ’Ndrangueta, a Cosa Nostra e a Camorra Colonizaram o Mundo”, ele conta que a máfia está entronizada “até” em Brasília.
Reportagem de “O Hoje” informa que o filho adolescente de um político goiano participa de um grupo que agride garotos em Goiânia. As cenas foram filmadas. A fonte do jornal diz que o jovem é filho de um prefeito, mas não revelou seu nome. O “O Hoje” decidiu não divulgar o nome do garoto — respeitando a legislação, pois é menor — e o de seu pai. A cautela do jornal procede? Procede pelo menos em parte. Porque a divulgação atinge o pai do garoto, que não é responsável direto por seus atos. O problema é que os jornais — não apenas “O Hoje” — não tratam os cidadãos comuns com o mesmo respeito.
[caption id="attachment_30131" align="alignleft" width="300"] Foto: ultimosegundo.ig[/caption]
O veterano Renato Dias, torcedor cada vez mais solitário do VilaNãoVence, publicou ótima resenha do livro “João Santana — Um Marqueteiro no Poder” (Record, 250 páginas), de Luiz Maklouf Carvalho, no “Diário da Manhã”, no domingo, 1º. Há um único problema, se é problema: o jornalista chama o marqueteiro que contribui para a eleição de presidentes no e fora do Brasil de “bruxo”.
O problema nem é de Renato Dias, mas do jornalismo em geral. Acredita-se, no Brasil, que o marketing político tem a ver mais com bruxaria, magia, prestidigitação. Não é nada disso. O marqueteiro lida com criatividade, com subjetividade, mas a parte forte de seu trabalho é uma base que se pode chamar de científica. São as pesquisas, tanto qualitativas quanto quantitativas, que norteiam, em larga medida, seu trabalho. Quando feitas com o máximo de seriedade e preparo técnico, as pesquisas têm caráter científico — nada têm a com bruxaria.
Portanto, o marqueteiro está mais próximo de um cientista, que precisa da criatividade para “colorir” suas informações científicas, do que bruxo imaginoso, hábil em grandes sacadas.

[caption id="attachment_30129" align="alignleft" width="300"] Foto: Steve Pyke/ContourPhotos/Getty Images)[/caption]
Tudo aquilo que você quer saber sobre o escritor norte-americano Philip Roth e, sobretudo, sua obra, mas não tem tempo de consultar vários livros, inclusive os dele, pode ser pesquisado agora em único livro: “Roth Libertado — O Escritor e Seus Livros” (Companhia das Letras, 479 páginas, tradução de Carlos Afonso Malferrari), de Claudia Roth Pierpont, jornalista da revista “New Yorker”.
Claudia Pierpont escreveu um livro notável. Suas críticas aos principais romances de Philip Roth — “O Complexo de Portnoy” e “O Teatro de Sabbath” — são de primeira linha. Além de apresentar o que outros críticos disseram sobre os livros do escritor, a jornalista apresenta suas próprias críticas, numa leitura direta extraordinária. Trata-se de um livro brilhantíssimo.
Porém, se o leitor acredita que é um livro meio hagiográfico, porque é a favor — a autora não esconde os laços de amizade com o escritor —, está redondamente enganado. Claudia Pierpont aponta a fragilidade literária, a falta de aprofundamento dos temas e a linguagem que não consegue expô-los com brilho, em alguns livros de Philip Roth.
Não deixa de ser curiosa a tese de que Philip Roth cresce, como escritor, quando encontra oposição forte pela frente. As críticas e, até, ataques são transformados em literatura. Uma das principais críticas literárias do “New York Times”, Michiko Kakutani, é transformada em personagem de um seus livros. Uma de suas ex-mulheres, Claire Bloom, que o criticou duramente em suas memórias, também se torna personagem — com nome modificado, é certo — de um de seus romances.
Para Philip Roth, tudo pode ser transformado em literatura e é isto que faz em seus livros. Sua história e a história de parentes e amigos apareceram em seus livros, com nomes modificados, às vezes parecidos. O autor estaria fazendo história? Nada disso.
A imaginação poderosa de Philip Roth colhe histórias reais e as transforma em ficção. Ficcionadas, por assim dizer, as histórias se tornaram patrimônio coletivo da humanidade — uma espécie de história de todos nós —, mas sem perder conexão com as histórias primevas (das quais poucos sabem). As histórias, as reais e as imaginadas, são parecidas, mas não são iguais. Philip Roth não faz biografia, e sim literatura.
O empresário José Allaesse disse na sexta-feira, 6, que não está vendendo o diário “O Hoje”. “Eu nem sabia que estavam falando sobre isso. É a primeira vez que ouço falar sobre o assunto. O jornal não está à venda”, insistiu.
A revista “Star” revela que o ator norte-americano Jack Nicholson, de 77 anos, está com Alzheimer, em estágio avançado. O notável ator de “Chinatown”, “O Iluminado” e “Um Estranho no Ninho” estaria vivendo recluso e não saberia mais quem é.
“Para Jack parar de trabalhar em tudo é um enorme sinal vermelho para seus amigos, que estão com muito medo”, diz a “Star”. O ator não participou de uma comédia, em 2013, porque, segundo a revista, não conseguia memorizar as falas.
Durante uma exposição de fotos dos Rolling Stones, Jack Nicholson cumprimentou o cantor e músico Mick Jagger, mas não conseguiu se lembrar que esteve em festas, na década de 1970, ao lado do artista britânico.
Porém, uma amiga do ator, Maria Shriver, contesta a informação da “Star” e garante que ele não tem Alzheimer. Shriver diz que o “diagnóstico” divulgado é “100% falso”. Ele continua a frequentar os jogos de basquete do time do Los Angeles Lakers.
Genialidade
Se se pode dizer que um ator é genial — talvez não seja —, isto deve ser dito sobre Marlon Brando e Jack Nicholson. Há quem diga que o Jack Nicholson às vezes representa a sai mesmo. Há um pouco de verdade nisso, mas grandes atores, como ele, colocam muito de si nos papéis não por comodismo, por aderir ao fácil, mas para enriquecê-los.
Mesmo em papéis que parecem menores, porque os filmes não são lá grande coisa, Jack Nicholson transforma-os e o filme acaba por se tornar melhor do que teria sido com outro ator.
Ao lado de Marlon Brando, Jack Nicholson é um dos atores mais intensos de Hollywood. É quase convincente. Ele nunca é contido? Não é bem assim. Quando preciso, é contido, conciso. Mas de fato o filme e ele ganham quando o personagem é mais excessivo, diferente.
A “Star” garante que a notícia de que tem Alzheimer é verdadeira. Torço para que Maria Shriver seja a proprietária da verdade.