Bastidores

Preocupado com sua sobrevivência política, o presidente da República tende a descuidar-se das reformas [caption id="attachment_97070" align="alignright" width="3456"] Divulgação[/caption] O deputado federal Thiago Peixoto disse ao Jornal Opção na sexta-feira, 9, que não tem a menor dúvida de que o vice-governador José Eliton (PSDB) será candidato a governador de Goiás em 2018. “Ele está cada vez mais forte”, afirma o líder do PSD. Inquirido sobre o presidente Michel Temer, Thiago Peixoto citou o primeiro-ministro inglês Winston Churchill, que foi decisivo parra derrotar Hitler em 1945: “Se você estiver passando pelo inferno, continue andando”. É o caso do dirigente brasileiro, que, mesmo absolvido pelo TSE, continua sob ataque da Lava Jato, notadamente da Procuradoria-Geral da República. Economista, Thiago Peixoto afirma que a economia pode continuar crescendo. “Mas, se o mercado perceber que Temer não tem força para impor as reformas, preocupando-se mais com sua sobrevivência política, a crise pode ser retomada. A mais importante das reformas, a da Previdência, está completamente parada. Pode não sair do lugar. A Trabalhista deve ser aprovada.”

[caption id="attachment_95081" align="alignright" width="620"] Daniel Vilela | Divulgação[/caption] O deputado federal Daniel Vilela tomou uma decisão: será candidato a governador de Goiás. Se não conseguir, não disputa mandato eletivo em 2018. Recém-operado de uma hérnia que pressionava o nervo ciático, o presidente do PMDB nunca esteve tão ativo. Ele tem recebido apoios em todo o Estado e a militância está motivada, considerando-o como o candidato da renovação. No interior, há o receio de que o partido apoie o senador Ronaldo Caiado para governador.

Uma revista e um jornal de circulação nacional colheram informações sobre o megaempreendimento Nexus — há quem proponha que, tal o volume de irregularidades, seu nome seja mudado para Irregularus —, que é pilotado pela dupla de empresários José Batista Júnior, o Junior Friboi, e Ilézio Inácio, da Construtora Consciente.

Os repórteres querem saber se há dinheiro da JBS na construção do Nexus, considerando que, até pouco tempo, Júnior Friboi era sócio de seu pai, José Batista Sobrinho (o JBS), e dos irmãos Joesley Batista e Wesley Batista.

Comenta-se que Júnior Friboi, ao deixar a JBS, teria arrebanhado 12 bilhões de reais e que seu pai, José Batista Sobrinho, o Zé Mineiro, estaria participando, direta ou indiretamente, de alguns de seus negócios. O Ministério Público Federal, não apenas o Ministério Público de Goiás, deveria pedir uma investigação sobre o Nexus, um investimento de meio bilhão de reais.

Em Goiânia, o partido será comandado pela deputada Adriana Accorsi

[caption id="attachment_97057" align="alignright" width="620"] Arquivo[/caption]

Há quem aposte, no PMDB, que, com a consolidação da candidatura de Daniel Vilela a governador de Goiás, o senador Ronaldo Caiado pode sair do páreo. O presidente do DEM poderia lançar sua filha, Ana Vitória Caiado, procuradora da Prefeitura de Goiânia, como vice do peemedebista.

Publicamente, nada se diz a respeito. Mas, nos bastidores, há conversas a respeito. O que se diz é que seria uma chapa de jovens, quer dizer, da renovação.

[caption id="attachment_88225" align="alignright" width="620"] Reprodução[/caption]

A “prefeita-adjunta” de Goiânia, Iris Araújo, mandou, recentemente, um recado para a militância do PMDB: não será candidata a senadora — pois teme perder para o governador Marconi Perillo e para o vereador Jorge Kajuru — nem a vice-governadora. A mulher de Iris Rezende planeja disputar mandato de deputada federal.

No Paço Municipal, até quem não gosta de Iris Araújo, uma verdadeira legião, torce para que seja eleita deputada federal. “Aí teremos de aguentá-lo no Paço Municipal apenas às segundas e sextas-feiras. Com a possibilidade de, tendo de atender o interior, esquecer, por um bom tempo, a Prefeitura de Goiânia”, afirma um secretário de Iris Rezende.

O prefeito de Goiânia, Iris Rezende, disse para dois políticos que vai se aposentar ao término de seu mandato, em 2020, aos 87 anos de idade — a 13 anos de completar 100 anos.

Iris Rezende confidenciou que está preparando Andrey Azeredo para substitui-lo. O presidente da Câmara Municipal, portanto, será o seu candidato a prefeito em 2020. Mas iristas de carteirinha, os históricos, sugerem outra coisa: se tiver saúde, o decano peemedebista será candidato à reeleição.

Um grupo do PMDB — que não aprecia Andrey Azeredo — prefere bancar Agenor Mariano para prefeito. Mas o grupo aconselha o secretário a ser mais moderado e a tratar políticos e funcionários com mais cortesia e diplomacia.

O deputado estadual Lívio Luciano (auditor do Fisco), do PMDB, diz que o Fisco lamenta a saída de Fernando Navarrete da Secretaria da Fazenda. “Ouço dos auditores que Navarrete é transparente, dialogava com ampla abertura e cumpria aquilo que era acordado. Há uma relação de confiança com o Fisco.”

[caption id="attachment_83163" align="alignright" width="620"] Lívio Luciano[/caption]

O Jornal Opção perguntou para o deputado estadual Lívio Luciano, do PMDB: “O candidato das oposições deve ser o deputado federal Daniel Vilela, do PMDB, ou o senador Ronaldo Caiado, do DEM?” Em tom brincalhão, o parlamentar sublinha que a pergunta deveria ser outra: “Nós queremos ganhar ou perder o governo pela sexta vez?

Lívio Luciano frisa que, “pelo quadro de hoje, tende a ser candidato aquele que sair na frente como aglutinador e, também, estiver em primeiro lugar nas primeiras pesquisas eleitorais. Os integrantes do PMDB e do DEM devem sopesar o que é melhor para si, quer dizer, se querem apenas disputar mais uma eleição ou se querem disputar para ganhar”.

[caption id="attachment_50389" align="alignright" width="620"] Juquinha das Neves | Marcello Dantas/Jornal Cidade[/caption]

Um grupo de petistas e peemedebistas está apavorado. O ex-presidente da Valec Juquinha das Neves, conhecido como Juquinha Pé de Cadeia, planeja escrever um livro para contar sua experiência no governo federal. Ele quer contar tudo, os pontos positivos e negativos. Sua delação premiada pode ser o ponto de partida para a obra.

Juquinha das Neves estaria procurando um ghost-writer para gravar entrevistas e escrever o livro.

Há vereadores decentes, mas a Câmara Municipal de Goiânia é vista de maneira negativa pela sociedade

Militantes do PT reclamam que o deputado federal Rubens Otoni, “antes atuante, agora anda desaparecido”. Não atende nem telefonemas. O motivo do sumiço é simples: o parlamentar não quer ser consumido pelo desgaste generalizado do partido.

Embora não esteja aparecendo em Goiânia, sobretudo na mídia, o petista frequenta suas bases no interior. Porque sabe que, se não trabalhar muito, terá dificuldade para se reeleger. O motivo é o desgaste do PT e de seus principais líderes.

Curiosamente, a imagem de Rubens Otoni é positiva no interior. É visto como um deputado municipalista e que dá assistência aos prefeitos, vereadores e militantes.

O deputado federal Thiago Peixoto (PSD) diz que é crucial que se investigue os negócios da JBS, empresa controlada por José Batista Sobrinho, Joesley Batista e Wesley Batista.

Thiago Peixoto sublinha que o Brasil quer saber por qual razão a família Batista se tornou potentada em várias áreas, sempre às custas do Erário. “As empresas constroem sua trajetória com base na competitividade. A JBS, pelo contrário, comprou facilidades... e, espantoso, com dinheiro público.”

[caption id="attachment_97039" align="alignright" width="620"] Arquivo[/caption]

Na falta de um líder do governo na Câmara Municipal de Goiânia, o vereador Zander Fábio, do PEN, vem agindo como tal. O fato é que o presidente do Legislativo, Andrey Azeredo, também atua como uma espécie de líder informal, levando ao prefeito Iris Rezende alguns dos reclames dos vereadores. Wellington Peixoto, do PMDB, é outro vereador que vem atuando, de modo informal, como líder do governo.

O fato é que, se tivesse mesmo respeito pelos vereadores, Iris Rezende já teria escolhido um líder, como fazem todos os prefeitos. Aliados do gestor goianienses tendem a perceber os vereadores, ou a maioria deles, como políticos fisiológicos e que estariam sempre fazendo pedidos pouco católicos ao prefeito. Um auxiliar do peemedebista irrita-se: “Clécio Alves, que era conhecido como ‘rei da Comurg’, deveria mudar o nome para Clécio Alves dos Cargos. Ele só ao Paço Municipal para pedir nomeações de seus cabos eleitorais”.

A “Exame” pôs Joesley Batista na capa, com um título explosivo: “A verdadeira história de um campeão nacional”. A revista conta que a JBS tem 11 bilhões de reais em caixa, mas deve 18 bilhões. O vencimento da dívida se dará nos próximos 12 meses, e os bancos, como Banco do Brasil e Itaú, não querem renegociá-la, temendo um calote.

A crise da JBS é tão gigante que, contrariando seu padrão, “as compras de boi foram reduzidas”. A revista frisa que a empresa “passou a pagar com prazo de 30 dias”.