Bastidores

Candidato a deputado estadual pelo PRTB, o produtor rural e professor universitário Leonardo Veloso, de Rio Verde, é visto como tendo passaporte quase garantido para a Assembleia Legislativa. “Há uma onda positiva e as pessoas dizem que serei eleito”, frisa. “É o tal do voto útil.”

Veloso acredita que ele e Karlos Cabral, do PT, tendem a ser eleitos. Como a base do prefeito Juraci Martins dividiu-se entre Lissauer Vieira, do PSD, e Maria José, do PSDB, é possível que um derrote o outro, na avaliação do líder do PRTB. O mais provável é que, assim como Cabral e Veloso, Lissauer seja eleito. Ressalte-se que Maria José, tida como mais carismática do que Lissauer, está fazendo uma campanha positiva, com alta receptividade. Lissauer pertence ao partido do deputado federal Heuler Cruvinel, mas há quem diga que, pensando no futuro, o líder local do PSD estaria apoiando mais a tucana Maria José.

O PMDB investe suas energias no ex-vereador José Henrique.

Embora seja filiado ao PSDB, e hipoteque apoio a Aécio Neves, o Delegado Waldir Soares diz que não é surdo nem cego. “Marina Silva, do PSB, vai ser eleita presidente do Brasil. Não dá para segurá-la. Não se trata de algo circunstancial ou devido à morte de Eduardo Campos. Marina é consistente e, se o PT brincar em serviço, pode ser eleita no primeiro turno. Trata-se do nome das ruas. O povo a quer. Marina é a Marconi de 1998.”

Apelidado de Formiga Atômica pelos aliados e adversários, o delegado Waldir Soares, do PSDB, não para um minuto. É mesmo elétrico. Na semana passada, enquanto conversava com um repórter do Jornal Opção, dava entrevistas e discutia política e falava até de um possível serial killer que assusta os goianienses, sobretudo as mulheres.

Candidato a deputado pelo PSDB, o Delegado Waldir é um fenômeno. Extremamente popular, o tucano se tornou uma espécie de rei do Facebook. Nenhum político é tão atuante nas redes sociais quanto o policial civil. Porém, esperto, o candidato não fica apenas nas redes sociais, nas quais o apoio nem sempre é sincero ou consistente. Ele está visitando várias cidades do Estado. “Como Goiás é muito grande e não tenho recursos financeiros, estou optando por visitar as médias e grandes cidades. Montei uma camionete com som automotivo e, sozinho, estou fazendo a minha campanha e expondo meus projetos. A aceitação tem sido excelente. Não participo de carreatas, porque sou uma espécie de outsider.”

Entre as propostas de maior aceitação do Delegado Waldir estão: a redução da maioridade penal — “o crime está começando cada vez mais cedo e é preciso intimidar aquele jovem que tem entre 16 e 18 anos” — e o trabalho obrigatório para presos.

“Anote aí: vou ganhar a eleição sem dinheiro e sem estruturas médias ou gigantes. Não há pessoas contratadas na minha campanha. Meu ‘exército’ é voluntário e abnegado. Consegui fazer 2 mil adesivos para se pôr em automóveis e tenho a honra de informar que não paguei para nenhum motorista colocá-lo. Tenho uma demanda para pelo menos mais 500 adesivos”, afirma Waldir.

Nas suas andanças pelo Estado, em conversas com pessoas de vários “estratos sociais”, o Delegado Waldir diz que chegou a uma conclusão: “O governador Marconi Perillo vai ser reeleito, possivelmente no primeiro turno. Mas nós temos de trabalhar muito, porque ninguém ganha eleição por antecipação”.

Sobre o candidato a senador de sua base, o deputado Vilmar Rocha, Waldir tem uma opinião heterodoxa: “Ronaldo Caiado está na frente, mas não cresce. Acredito que, no momento apropriado, se dará uma virada e Vilmar Rocha, um constitucionalista, será eleito senador. Caiado se juntou àqueles que ele criticava duramente. Por isso é preciso perguntar: em quais críticas o eleitor deve acreditar — nas anteriores, ao PMDB, ou nas atuais, ao PSDB?”.

Um deputado distrital, que diz que perde o amigo mas não perde a piada, manda uma história maldosa e até meio escabrosa: “Como Eduardo Campos morreu numa acidente de avião e Marina Silva tornou-se sua herdeira política, superando [na avaliação de segundo turno] até mesmo a presidente Dilma Rousseff nas pesquisas de intenção de voto, o governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), decidiu fazer algo parecido e caiu de moto”.

Além das escoriações, Agnelo não ganhou nada — nem um pontinho a mais nas pesquisas. Mas descobriu-se que há problemas com a motocicleta, uma Harley-Davidson. O governador , mais vivo do que nunca, é mesmo azarado.

Vale o registro: os candidatos majoritários do PSB, Vanderlan Cardoso (governo) e Aguimar Jesuíno (Senado), não aprovam o palavrório pesado de Jorge Kajuru, candidato a deputado federal pelo PRP. Aliás, nem o marqueteiro Jorcelino Braga, experimentadíssimo, aprova o linguajar hard do radialista e cronista esportivo.

Sobre Kajuru, um experimentado analista afirma que tanto pode ter 20 mil quanto 100 mil votos. E acrescenta: “Se obtiver 100 mil votos não será eleito, por falta de quociente eleitoral”.

Quase sempre organizadas em horários com menos sol, porque Iris Rezende, com 80 anos, quase sempre fica desidratado, as passeatas do PMDB são mais movimentadas do que seus programas eleitorais na televisão.

Percebendo as forças das carreatas, o governador Marconi Perillo, que pretendia diminui-las, para reduzir o custo da campanha, decidiu não só mantê-las como ampliá-las.

As carreatas, quando movimentadas, sinalizam que a campanha do candidato tem força política, apoios ampliados.

Estudantes e professores dos cursos de língua estrangeira da Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC) contam que um buraco na Rua 9, em pleno Setor Marista, está fazendo aniversário. O buraco, que está devorando o asfalto, já ganhou até apelido: “Peteraco”.

Professores do Pequeno Príncipe e do Studium acrescentam que, no cruzamento da rua das duas escolas com a Rua 9, há outro buraco gigante. “A Prefeitura de Goiânia, mesmo fora do período chuvoso, não faz operação tapa-buraco na Rua 9”, afirma uma professora.

Comentário malicioso atribuído ao deputado federal Jovair Arantes (PTB): “A sustentabilidade do prefeito de Goiânia, Paulo Garcia, está insustentável”.

Um tucano está mapeando as ruas de Goiânia para mostrar que praticamente não há onde o cidadão jogar lixo. “O cidadão joga lixo nas ruas e calçadas porque não há cestos. Na Rua 9, no Setor Oeste, não há um único cesto”, afirma.

 Além de ser um dos mais atuantes políticos em Goiás, o vereador Virmondes Cruvinel (PSD) é também um dos mais atentos aos humores das ruas. Candidato a deputado estadual, Virmondes tem rodado todo o Estado e observa que o eleitor está mais atento ao processo eleitoral do que previam as pesquisas de opinião.

Segundo o vereador, a classe política estava amparada em pesquisas que indicavam um certo distanciamento por parte do eleitor. “O que não é verdade”, diz ele. Para Virmondes, houve, sim, um clima de desânimo e até uma desarticulação com o ocaso das manifestações de rua de junho do ano passado — algo explicado pelo fato de que pouquíssimas pautas da agenda dos protestos resultaram em mudanças efetivas.

No entanto, continua Virmondes, mesmo com essa desarticulação, essas pautas continuam sendo murmuradas nas redes sociais e ficam nítidas nas conversas políticas. “As pessoas nos procuram e percebo que querem discutir as práticas políticas, atrás de uma representação parlamentar que realmente faça a diferença”, afirma o vereador.

Entre essas pautas, comenta Virmondes, uma se destaca: a de melhores serviços públicos. “O cidadão quer que seus impostos sejam devolvidos ao coletivo na forma de serviços públicos de qualidade. Educação que realmente o prepare para o mercado de trabalho e saúde ‘padrão Fifa’, por exemplo”.

Político que não tiver essa sintonia com o eleitor, decreta o candidato a deputado estadual, estará fadado a falar sozinho enquanto pede votos. Virmondes aparece em todas as listas como um dos favoritos a uma vaga na Assembleia Legislativa. E pode ser candidato a prefeito de Goiânia em 2016.

Um deputado conta que um marqueteiro mostrou a agenda do dia para Iris Rezende num iPad. O peemedebista olhou, como se não estivesse entendendo nada, e teria perguntado, meio envergonhado: “Não tem uma cadernetinha aí, não?”

O marqueteiro não tinha a tal cadernetinha e, por isso, Iris não quis saber de olhar no iPad, que, vale dizer, ainda não morde.

Há integrantes da base do governador Marconi Perillo, como o candidato a deputado estadual Marlúcio Pereira (PTB), que apoiam Daniel Vilela, do PMDB, para deputado federal.

Marlúcio Pereira não será punido. Porque o prefeito de Aparecida de Goiânia, Maguito Vilela, não vai punir ninguém do PMDB do município que estiver apoiando a reeleição do governador Marconi Perillo.

O presidente da Câmara de Vereadores de Aparecida é do PMDB e é um dos líderes da campanha do tucano-chefe. “Se brincar, até o prefeito Maguito vai acabar subindo no palanque de Marconi”, afirma Maione Padeiro.

Em Aparecida de Goiânia, o clima é de virada: Marconi Perillo está praticamente empatado com Iris Rezende e os políticos locais, inclusive do PMDB, apostam que, em dez dias, o tucano vai superar o peemedebista.

O deputado estadual Ademir Menezes (PSD) lidera o chamado “Batalhão da Virada” em Aparecida. “O PMDB já está quase todo na campanha de Marconi”, conta o tucano Maione Padeiro.

Há uma aposta no PMDB que o candidato a deputado federal Daniel Vilela, vitaminado pelo apoio do pai, o prefeito de Aparecida de Goiânia, Maguito Vilela, do prefeito de Jataí, Humberto Teixeira, e do deputado federal Leandro Vilela, deve obter mais de 200 mil votos, consagrando-se, possivelmente, como o mais bem votado de 2014.

Acredita-se, no partido, que a votação de Iris Araújo deve cair. Ela vai continuar bem votada, afirmam peemedebistas, mas deve obter menos de 150 mil votos. Iris Araújo não percebe, ou não quer perceber, mas é detestada, até muito detestada, pela maioria dos líderes do PMDB. Leandro Vilela, Sandro Mabel, Marcelo Melo, Humberto Machado, Júnior Friboi, entre vários outros, não têm qualquer apreço pela deputada. Eles não dizem nada para não caçar encrenca com Iris Rezende.

Não convidem para a mesma peixada cearense do Coco Bambu os deputados Francisco Gedda e Iris Araújo. Pode sair sangue, e não será, evidentemente, do peixe. A peemedebista não gostou de saber que o presidente do PTN tem dito que Daniel Vilela será o mais votado para deputado federal em Goiás.

Ao ouvir que Iris Araújo não aprecia os políticos da família Vilela, notadamente o deputado federal Leandro Vilela (PMDB), um deputado disse, lacônico: “Pelo menos Daniel Vilela é simpático e não cria encrencas para seu pai, Maguito Vilela”.

De um ex-deputado do PMDB: “A deputada federal Iris Araújo arranja pelo menos cinco adversários políticos para Iris Rezende toda semana”.

O ex-parlamentar acrescenta: “Com uma aliada como Iris Araújo, sempre polêmica, Iris Rezende nem precisa de inimigos”.