Morreu na madrugada desta quarta-feira, 17, no hospital Santa Lúcia, na Asa Azul, em Brasília, o coronel da reserva do Exército, Sebastião Curió Rodrigues de Moura, o Major Curió, aos 87 anos.

Ex-oficial do Centro de Informações do Exército (CIE) e ex-agente do Serviço Nacional de Informações (SNI), foi um dos principais responsáveis pela repressão à Guerrilha do Araguaia, nos anos 1970, durante a ditadura. Uma de suas últimas aparições públicas foi no Palácio do Planalto. Em 2020, o presidente Jair Bolsonaro, defensor do regime autoritário, o recebeu. Ele estava internado desde a última segunda-feira, 15, em um hospital de Brasília, e teve septicemia (infecção generalizada).

Assim, Curió foi o primeiro réu, no Brasil, devido a crimes cometidos por agentes do Estado na ditadura. O Ministério Público Federal apresentou seis denúncias contra ele, mas nenhuma foi adiante. Além disso, a Corte Interamericana de Direitos Humanos condenou o Estado brasileiro, em 2010, por não investigar as responsabilidades no caso Araguaia. “Curió era um ídolo para Bolsonaro”, escreveu em rede social o pesquisador e professor Lucas Pedretti, que publicou no Twitter uma carta escrita em 1986 pelo militar a Jair Bolsonaro. “A admiração era recíproca.”

Em uma entrevista concedida ao jornal “O Estado de S. Paulo”, em 2009, ele assumiu ter executado 41 pessoas no Araguaia.

Filho de uma lavadeira e um barbeiro de São Sebastião do Paraíso, no sul de Minas, Curió ganhou o apelido no tempo de estudante no colégio militar e lutador de boxe amador em Fortaleza. Era uma referência às rinhas de pássaro da capital cearense. Personalizou como poucos a geração militar do pós-guerra que tinha como paradigma na carreira a atuação dos pracinhas na Itália.