Referência de política social no Brasil, o programa Bolsa Família, completa duas décadas nesta sexta-feira, 20, mantendo um lugar sólido no imaginário da população, embora tenha evoluído consideravelmente desde o seu lançamento em 2003. Inicialmente rebatizado como Auxílio Brasil, o programa retornou ao seu nome original e atualmente transfere R$ 168 bilhões para 21,5 milhões de famílias beneficiárias – quase cinco vezes mais recursos no Orçamento e um público 7 milhões maior do que antes da pandemia de Covid-19.

Com duas décadas de existência, o Bolsa Família acumula um histórico de famílias que conseguiram superar a pobreza graças a esse auxílio. No entanto, ele enfrenta o desafio de proporcionar uma melhoria de vida duradoura para os brasileiros que ainda se encontram nas camadas mais vulneráveis, especialmente em um contexto pós-pandemia e com o retorno do Brasil ao chamado Mapa da Fome.

Em diversas partes do país, existem relatos de beneficiários do programa que compartilham suas histórias de conquistas ou mantêm a esperança de alcançá-las no futuro. Essas histórias refletem uma realidade que foi mapeada por um estudo do IMDS (Instituto Mobilidade e Desenvolvimento Social) que acompanhou o progresso dos “filhos do Bolsa Família” ao longo de 14 anos.

O IMDS obteve autorização do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome para acessar informações de identificação dos beneficiários. Os resultados do estudo indicam que 64,1% das crianças e adolescentes que estavam no programa em 2005, com idades entre 7 e 16 anos, deixaram de depender do Cadastro Único de programas sociais, sugerindo uma melhora nas condições de vida de suas famílias.

No entanto, a outra face da moeda revela que 34,4% dessas crianças e adolescentes permaneceram no cadastro, com 20,4% deles ainda sendo beneficiários do Bolsa Família. Esses dados indicam a possibilidade de que esses jovens venham a formar famílias que continuem dependentes da assistência social do Estado.

Especialistas recomendam uma abordagem personalizada por parte dos Centros de Referência de Assistência Social (Cras), que devem oferecer não apenas transferências de renda, mas também qualificação e formação empreendedora às famílias beneficiárias.

Recentemente, o governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem buscado restabelecer os investimentos na rede de assistência social, após uma série de cortes de recursos durante o governo de Jair Bolsonaro (PL), que contribuíram para a deterioração dos serviços. No final de agosto, o governo atual lançou o programa “Brasil Sem Fome,” com foco na redução da pobreza e na integração de diferentes políticas sociais.

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