Apresentadora goiana sofre agressões e ofensas racistas durante viagem de ônibus em São Paulo
30 setembro 2022 às 12h51
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A terapeuta e apresentadora do programa Autoestima, da TV Serra Dourada (SBT), Camila Lourenço, conhecida como Cacau Mila, foi vítima de agressões e de ofensas racistas na quarta-feira, 28, durante uma viagem de ônibus em São Paulo. O caso foi registrado em vídeo por ela e por amigos que estavam no veículo. A situação também foi relatada nas redes sociais.
Em contato com o Jornal Opção, Cacau Mila explicou que a situação ocorreu durante a noite, saindo da capital paulista para ao Rio de Janeiro. “Quando entrei no ônibus da Buser, por volta das 22h, eu estava com muitas coisas e me sentei, mas não vi que estava em cima de uma bolsa. Na hora, eu peguei e a coloquei do lado da poltrona. Em questão de segundos apareceu uma mulher gritando e perguntando onde estava a bolsa. Eu peguei e mostrei, quando ela falou que eu estava no lugar dela e me mandou eu sair”, relatou a apresentadora.
A partir daí, então, a situação escalou para as agressões. “Ela começou a puxar o meu braço com força e a rasgar a minha roupa, além de dar socos e chutes. Só parou de me bater quando eu falei que iria ligar para a polícia”, contou Cacau, destacando que está dolorida e muito abalada com a situação. “Eu ainda pedi para o meu amigo voltar, antes de acionar as autoridades, só que tudo ficou pior quando ele voltou e ela começou a me agredir verbalmente”, completou.
Mila descreveu que além dos insultos racistas e de violência política, por ela e os amigos estarem com o adesivo do candidato e ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), também foi acusada de ter roubado a bolsa da mulher.
“As agressões verbais seguiram sem ninguém fazer nada, o motorista não fez nada. Só quando o meu amigo começou a falar, eles o obrigaram descer do ônibus, ainda machucando a mão dele. O pessoal veio para cima de mim falando para esperar a polícia do lado de fora e seguir viagem no outro dia. Ou, não registrar um boletim de ocorrência e me resolver com a mulher que me agrediu”, declarou a terapeuta.
Depois de descer do veículo, Cacau disse que sofreu de crises de choro e ansiedade até a polícia chegar. Com a presença das autoridades, ela explicou que não queria seguir viagem no mesmo ambiente com a mulher que a agrediu. Mas, precisou seguir na mesma cabine durante uma parte do percurso.
“Depois me colocaram em um carro, sem a bagagem, e não me deixaram nem parar para comer ou beber água. Como se eu fosse uma prisioneira, um favor que eles faziam. Tive que pagar do meu bolso para pegar as malas. Depois da repercussão da internet, a Buser entrou em contato e ressarciu o valor, mas eu não falo mais com eles, deixei para os meus advogados”, explicou.
Desabafo
Cacau Mila ainda contou que nunca tinha sofrido uma violência desse tipo. “Sou filha de preto, mas como não sou preta retinta, nunca me vi como preta. Apenas em alguns momentos de agressões, eu entendi que não era branca. Isso tudo é muito novo para mim”, disse. Ela também afirmou que fez um boletim de ocorrência e que entrará com um processo contra a empresa e a mulher.
Resposta da Buser
Em nota, a Buser declarou que forneceu um veículo para a passageira seguir viagem quando foi possível e que “ela será reembolsada pelas despesas com o envio de sua bagagem”. Além de afirmar que “repudia com veemência qualquer ato de racismo e discurso de ódio” e que “está acompanhando a apuração do caso pelas autoridades policiais”.