Em conversas com aliados, o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, do União Brasil, tem examinado, com lupa, o mapa eleitoral dos municípios do Estado. De acordo com um deputado estadual, ele está muito satisfeito com o desempenho de sua base política em todo o Estado, notadamente no Entorno de Brasília (deve fazer cabeça, barba e bigode) e no Sudoeste de Goiás.

Humberto Machado, prefeito de Jataí | Foto: Reprodução

No Sudoeste, a base governista deve eleger os prefeitos das três principais cidades: Rio Verde (que tem o quarto maior eleitorado de Goiás e o quarto maior PIB), Jataí e Mineiros. Os três candidatos são do MDB, partido aliado do União Brasil.

Em Jataí, tende a ser eleito Humberto Machado (há notícias de que seu adversário Geneilton Assis dará mais trabalho, na reta final, do que se imaginava). O prefeito Aleomar Rezende deve ser eleito em Mineiros com extrema facilidade. As oposições lançaram três candidatos, mas só para marcar posição.

Aleomar Rezende, prefeito de Mineiros | Foto: Divulgação

A vitória em Rio Verde (assim como em Mineiros) tende a ser acachapante.

Carrijo tem Paulo do Vale. As oposições não têm

Um dos prefeitos mais bem avaliados de Goiás, Paulo do Vale (UB), de Rio Verde, é o grande general da política do Sudoeste. Ele lançou um candidato jovem, o médico Wellington Carrijo, do MDB, que, saindo de baixo, já é o favorito.

Os principais adversários de Wellington Carrijo são o ex-deputado Lissauer Vieira, do PL, e Osvaldo Fonseca Júnior, do Republicanos. Nenhum deles é fraco. O problema é que não têm um padrinho político como Paulo do Vale e, a rigor, não têm grupos sólidos a ampará-los. Estão isolados, solamente sós.

Lissauer Vieira: ex-deputado estadual e líder do PL em Rio Verde | Foto: Reprodução

Os debates em Rio Verde não têm contribuído para alavancar nenhuma candidatura e o nível não tem sido muito alto. Tanto que, ao não comparecer aos debates, no lugar de perder, Wellington Carrijo está ganhando pontos.

Lissauer Vieira, Osvaldo Júnior e Karlos Cabral, do PSB, erram quando, no lugar de apresentar seus projetos, ficam falando de Wellington Carrijo. Ao agir assim, no lugar de reduzir a força do candidato do MDB, acabam por projetá-lo ainda mais. É o tal tiro pela culatra.

No chumbo trocado, Osvaldo Júnior sustenta que, como presidente da Assembleia Legislativa, Lissauer Vieira nada levou de importante para Rio Verde. Pelo contrário, teria “operado” pela aprovação da taxa do agro.

Osvaldo Júnior: candidato a prefeito de Rio Verde | Foto: Euler de França Belém/Jornal Opção

Num dos debates, Karlos Cabral atacou Osvaldo Júnior, sugerindo que é despreparado. O deputado estadual frisou que o candidato do Republicanos faz muitas promessas , mas não explica como, se eleito, irá bancá-los. O médico seria, no dizer do parlamentar do PSB, um nefelibata.

Osvaldo Júnior não perdoou Karlos Cabral e disse que o deputado “não trabalha” e nada fez por Rio Verde.

Karlos Cabral, deputado estadual | Foto: Denise Xavier
Karlos Cabral, deputado estadual | Foto: Denise Xavier

Daniel Câmara, do Novo, sustenta, nos debates, que é o único representante da direita. Lissauer Vieira, do PL, que já pertenceu ao Partido Socialista Brasileiro (PSB), não seria de direita. Osvaldo Júnior também não é considerado de direita.

A guerra dos debates tem se transformado em alimento para Wellington Carrijo. O que se diz na cidade, entre aqueles que são experts na política local, é que, neste momento, Lissauer Vieira e Osvaldo Júnior não estão mais lutando para serem eleitos prefeitos, e sim pelo vice-campeonato, ou seja, o segundo lugar.

Daniel Cunha da Câmara: o nome da direita em Rio Verde | Foto: Facebook

“Depois de ter sido presidente da Assembleia, se admite perder para o candidato de Paulo do Vale — o diferencial da política da cidade —, Lissauer não aceita ficar em segundo lugar. Já Osvaldo Júnior acredita que, se ficar em segundo lugar, estará cacifado para disputar mandato de deputado estadual ou federal em 2026”, afirma um jornalista.

Recado de 2024 para 2026: Daniel forte e Wilder fraco

Daniel Vilela e Ronaldo Caiado tendem a ser os grandes vitoriosos no Sudoeste | Foto: Divulgação

O recado de 2024, tanto em Rio Verde quanto em Jataí e Mineiros, é: o governismo vem muito forte, com estrutura ampla. E, ao mesmo tempo, tendo fraquejado em 2024, as oposições estarão fragilizadas para 2026.

O vice-governador Daniel Vilela, que deverá ser candidato a governador (talvez com Paulo do Vale na vice), e Gracinha Caiado, que será candidata a senadora, terão uma base com musculatura reforçada para a disputa.

Observe-se que, nas três cidades citadas acima, os candidatos bancados pelo senador Wilder Morais, do PL, vão muito mal, o que o prejudicará na disputa pelo governo do Estado em 2026. (E.F.B.)