O prefeito quer impedir que dois vereadores, que eram seus secretários, votem na eleição para a Mesa Diretora da Câmara Municipal de Luziânia

Cristóvão Tormin, prefeito de Luziânia | Foto: Reprodução / Facebook

O prefeito de Luziânia, Cristóvão Tormin (PSD), quer chefiar o Executivo, para o qual foi eleito, e o Legislativo, para o qual não foi eleito. O cenário é digno de uma história de Kafka ou de Ionesco. A Câmara Municipal convocou eleição para a Mesa Direita para esta quinta-feira, 12. Mas, até agora, a disputa não se deu. Motivo: dois vereadores licenciados, Valdirene Tavares (Republicanos) e Aderbal Souza (Pros), secretário do governo de Tormin, pediram exoneração de seus cargos na prefeitura para voltar à Câmara e votar. No entanto, ao perceber que ao menos um dele, Valdirene Tavares, iria votar com a oposição, o prefeito fez o impossível para não permitir que pedissem para sair.

Valdirene Tavares, vereadora em Luziânia | Foto: Reprodução

O fato é que tanto Valdirene Tavares e Aderbal Souza comparecem à Câmara para votar, como faculta a lei. O presidente da Câmara, espécie de secretário informal de Tormin, não quis permitir que os dois votassem, e convocou dois suplentes para assumir — atropelando a legislação. Motivo: percebeu que a oposição teria 11 votos contra 10 votos da situação. Aí começou uma crise. A sessão está suspensa, no momento — com viaturas de polícia na porta da Câmara e a presença de um representante do Ministério Público. Os dois vereadores entraram com mandado de segurança para garantir o voto. Uma nova sessão, às 16 horas, deve fazer a votação para a mesa diretora.

Tormin, apontado como um personagem de Kafka que saltou do romance “O Processo”, avalia que a disputa na Câmara é entre ele e o deputado Diego Sorgatto (PSDB). Na verdade, trata-se de uma disputa dos vereadores — eleitos, diga-se, há três anos. O Legislativo, em tese, é independente em relação ao Executivo.