O deputado disse que, eleitoralmente, nada deve ao ex-governador Marconi Perillo e frisa que está conversando com líderes de outros partidos sobre filiação

Talles Barreto, deputado: com os pés quase fora do PSDB | Foto: Fábio Costa / Jornal Opção

O deputado estadual Talles Barreto concedeu uma entrevista “hard” ao jornalista Beto Mendes, da Rádio Alvorada, de Rialma, na quinta-feira, 22. O parlamentar admitiu que pode deixar o PSDB e que já “conversando com outros partidos”.

Barreto sublinha que tem dificuldade com o PSDB dada sua posição de parlamentar independente, que pensa pela própria cabeça. Ele frisou que a cúpula do partido avalia que “tem” de encabrestar seus deputados. O tucano garante que não aceita “cabresto”.

Os chefes do PSDB “baixaram uma norma” para que seus deputados não votassem uma matéria do governo de Ronaldo Caiado (DEM). O problema é que, segundo Barreto, o assunto não foi discutido com os deputados do partido. “Nós não sentamos” para debater a questão. Ele declara que não aceita nada “goela abaixo”.

José Eliton: “Uma escolha errada para a disputa do governo” | Foto: Divulgação

O parlamentar assinala que não tem o apoio de sequer um prefeito que lhe tenha sido recomendando pelos líderes tucanos. Suas bases foram “construídas” por ele e por aliados, como Fernando, Ricardo e Luís (não mencionou os sobrenomes na entrevista gravada). “Tenho uma história política, eu não herdei. Não tenho pai que banca minha eleição. Não tenho empresário que me banque em eleição. O mandato é meu. Minhas eleições são bancadas por mim e por minha mulher — pela família. Não tenho o rabo preso com ninguém. Tem deputado bancado pelo cara do frango [José Garrote, de Itaberaí]. Minha campanha é das mais baratas da Assembleia Legislativa.” O tucano sustenta que não tem “dono”.

Beto Mendes pergunta: “Não foi Marconi Perillo quem arranjou base pra você?” Barreto é incisivo: “Zero”. O repórter insiste: “O senhor não deve nada a Marconi?” O deputado acrescenta: “Devo, mas ele também me deve”. Ele postula que, na Assembleia, é um “leão” na defesa do legado do ex-governador. “Mas, eleitoralmente, não” deve nada ao tucano-chefe.

“Sempre fui de combate. Numa reunião com Jânio Darrot [ex-presidente do PSDB, hoje filiado ao Patriota], em Jaraguá, um repórter me perguntou: ‘Qual foi o erro do PSDB?’ [que levou à debacle do partido] Eu disse: ‘A escolha de José Eliton para governador. Não tinha perfil para ser candidato. Zero’”. Barreto fala em “arrogância” e “prepotência”. “[O PSDB de José Eliton e Marconi Perillo] Ficou distante da base. Esqueceu de ouvir a população. O grande erro começou na escolha do candidato a governador.” Comenta-se, na base tucana, que um dos sonhos de José Eliton é expurgar dois deputados tucanos: Chiquinho Oliveira e Talles Barreto.

Um tucano afirma que Barreto já está “fechado” com o partido Progressistas do ex-ministro Alexandre Baldy e do deputado federal Adriano do Baldy. “Talles sempre foi um tucano envergonhado. Ele se esquece de tinha um cargo de secretário no governo de Marconi Perillo, do qual tirou proveito político-eleitoral”, diz.