Só união das direitas pode evitar que Anápolis passe a conjugar o “verbo” gomidar

31 dezembro 2023 às 00h01

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O prefeito de Anápolis, Roberto Naves (Republicanos), vai gomidar? O suplente de deputado federal Márcio Corrêa (MDB) vai gomidar? O ex-deputado federal Major Vitor Hugo (PL) vai gomidar? O deputado estadual Amilton Filho (MDB) vai gomidar? A base governista vai gomidar? Os eleitores da Suzhou do Cerrado vão gomidar?

Como se sabe, o “verbo” — ou quase verbo — gomidar deriva do nome do deputado estadual Antônio Gomide, do PT, ex-prefeito de Anápolis.
Mas será que Anápolis vai mesmo gomidar, quer dizer, eleger Antônio Gomide para prefeito de Anápolis em 2024, daqui a nove meses?
Sim, é possível que os eleitores anapolinos passem a gomidar em 2024. No momento, já estão gomidedando. Isto é, Antônio Gomide está em primeiro lugar nas pesquisas de intenção de voto, com uma frente considerável. Aparece com mais de 30% — seguido por Márcio Corrêa, que pode uniãobrasilizar a partir de 2024.

Além de Antônio Gomide, há seis pré-candidatos querendo ocupar o lugar de Roberto Naves, listados, a seguir, em ordem alfabética: Amilton Filho (MDB), Hélio Lopes (PSDB), Major Vitor Hugo (PL), Márcio Cândido (PSD), Márcio Corrêa (MDB) e Pedro Sahium (PDT).
Deles quais realmente estão no jogo para enfrentar o petista? Pelo visto, Márcio Corrêa, Márcio Cândido e Major Vitor Hugo. Márcio Cândido é, no momento, o nome bancado por Roberto Naves, que também tem simpatia pela postulação de Major Vitor Hugo e nenhuma simpatia por Márcio Corrêa.

Divisão das direitas em Anápolis
Se a esquerda tem um nome definido, Antônio Gomide, as direitas estão divididas. Há duas interpretações a respeito da posição delas.
Primeiro, há os que dizem que, como mais candidatos, a eleição será decidida no segundo turno. Teme-se que, esvaziadas as candidaturas, criando um quadro de polarização, o postulante do PT pode ser eleito no primeiro turno.

Segundo, há os que postulam que, pelo contrário, a união das direitas, criando uma polarização direita versus esquerda, pode decidir o pleito já no primeiro turno — e a favor da direita. Porque, se confirmado que Anápolis é uma cidade conservadora, os eleitores podem optar por liquidar a fatura já na primeira etapa. Talvez seja a visão que contenha uma dose maior de lógica.
Mas o que fazer para as direitas não deixarem Anápolis gomidar, no primeiro ou no segundo turno? Será preciso uni-las. Mas é possível? Muito difícil. Dizem que Roberto Naves quer falar com o tinhoso a abrir conversações com Márcio Corrêa. E consta que Márcio Corrêa prefere dialogar com o coisa-ruim a dar bom dia ao prefeito.

Entretanto, na política — quer dizer, na vida real —, a “dor” pode acabar unindo aqueles que se consideram “inimigos” incontornáveis. Portanto, não estranhe se, amanhã, Roberto Naves e Márcio Corrêa estiveram irmanados, no mesmo palanque, esconjurando Antônio Gomide. Tudo para evitar que Anápolis passe a conjugar o “verbo” Gomidar com mais força e ânimo.
A hora e a vez de Caiado e Daniel
Mas Roberto Naves e Márcio Corrêa só dialogarão se o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, do União Brasil, e o vice-governador Daniel Vilela, do MDB, participarem de maneira mais ativa da política de Anápolis. E que ninguém se iluda: Ronaldo Caiado, político dos mais atentos, vai, no momento adequado, interferir na política local.

A definição do candidato que vai enfrentar Antônio Gomide passará pelas mãos hábeis de Ronaldo Caiado. E, se depender do governador, Roberto Naves e Márcio Corrêa vão falar a mesma língua. A da união.
Diz-se, entre os marcistascorreistas, que Roberto Naves tem desgaste… e alto. De fato, como qualquer prefeito, tem desgaste. Mas o gestor municipal não será candidato. É uma informação óbvia mas relevante. Os eleitores costumam julgar muito mais os candidatos do que seus apoiadores.

Então, para Anápolis não gomidar — e, no momento, está gominando —, as direitas precisam trocar as emoções (os dramalhões mexicanos) pela razão. Políticos verdadeiros até têm raiva, mas não ódio. Porque raiva é um sentimento provisório, circunstancial. Ódio é raiva que se cristalizou — se tornou pedra —, portanto é incontornável. (E.F.B)