O ex-governador do Rio de Janeiro relata esquema que envolve uma série de políticos e membros do Judiciário

O ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal, recebeu o acordo de delação premiada do ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral com a Polícia Federal. Caberá ao magistrado a validar ou não ou acordo.

Sérgio Cabral e Adriana Ancelmo: vida de luxo às custas do Erário | Foto: Reprodução

Sérgio Cabral propõe a devolução de 380 milhões de reais ao Erário. Segundo os repórteres Aguirre Talento e Bela Megale, de “O Globo”, “o acordo não estabelece previamente benefícios penais, por isso ainda não é possível saber quando Cabral sairá da prisão mesmo se a tratativa for homologada. A efetividade dos relatos do ex-governador sobre os fatos narrados será determinante para estabelecer o tempo que ele será solto. A defesa de Cabral afirmou que não irá se manifestar sobre o assunto”.

A Procuradoria-Geral da República manifesta-se contra o acordo. O procurador-geral Augusto Aras afirma, relata “O Globo”, que “o ex-governador ocultou informações e protegeu pessoas durante a negociação do acordo com a Lava-Jato do Rio. Por fim, também alegou que Cabral pode ser considerado o líder da organização criminosa montada no governo do Rio, e, portanto, não poderia se beneficiar de um acordo de colaboração. Diz, portanto, que o acordo da PF com Cabral está fora dos requisitos legais”.

Edson Fachin: cabe ao ministro aprovar ou não a delação premiada do ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral | Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado

À PF, Sérgio Cabral contou como havia sido armado o esquema para assaltar o Erário e mencionou dezenas de políticos, todos beneficiados pela organização criminosa. Setores do Judiciário também estariam envolvidos. “Cabral narra nos depoimentos sua relação com ministros do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e com o processo de indicação deles aos seus atuais cargos. É por isso que a delação precisa ser homologada no STF, já que esses ministros possuem foro privilegiado perante a Suprema Corte. Os nomes delatados são mantidos sob sigilo”, informa “O Globo”.

Há provas documentais? “Poucas”, na avaliação de fontes de “O Globo”. Entretanto, Sérgio Cabral apresenta rotas para que se investigue o que disse. As informações sobre o Judiciário podem abrir novas frentes de investigação.

O STF está numa saia-justa: se não aprovar a delação premiada de Sérgio Cabral vai deixar a impressão que estaria protegendo prováveis denunciados do Judiciário.

As penas de Sérgio Cabral somam 267 anos de prisão.