Segundo turno tende a ser entre Adriana Accorsi e Vanderlan ou Mabel

31 março 2024 às 00h00
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A escolha de Sandro Mabel como candidato da base governista em Goiânia sinaliza que o objetivo é tentar esvaziar o pré-candidato do PSD, Vanderlan Cardoso.
Sandro Mabel e Vanderlan Cardoso têm perfis parecidos. São empresários bem-sucedidos. O primeiro foi deputado federal, do alto clero, e o segundo é senador (presidente da Comissão de Assuntos Econômicos, uma das mais importantes). São gestores. Ambos já foram candidatos a prefeito de Goiânia e não foram eleitos nenhuma vez.
Há um diferencial pró-Sandro Mabel: o apoio do governador Ronaldo Caiado (bem avaliado em Goiânia), portanto do União Brasil, e do vice-governador Daniel Vilela, portanto do MDB. Ele conta também com o apoio do ex-prefeito de Aparecida de Goiânia Gustavo Mendanha (que teria sido um dos operadores da reaproximação entre o empresário e o governador). Quer dizer, de cara, o empresário conta com um exército eleitoral (frise-se que nem toda a base governista ficou empolgada com sua escolha).

Vanderlan Cardoso tentou se aproximar do governador Ronaldo Caiado. Não conseguiu. Um dos motivos é que caiu em desgraça junto ao bolsonarismo — ao qual o gestor estadual, por causa de seu projeto de disputar a Presidência da República, está próximo.
Diz-se que Vanderlan Cardoso está, politicamente, isolado. Está mesmo. Não tem o apoio do MDB. Não tem o apoio do União Brasil. Não tem o apoio do PT. Não tem o apoio do pP. Não tem o apoio do Republicanos. Ainda assim, aparece em primeiro lugar nas pesquisas de intenção de voto. Ou seja, é um pré-candidato fortíssimo. Não se deve subestimá-lo.
A questão chave é: como Vanderlan Cardoso e Sandro Mabel têm perfis semelhantes, um deles pode esvaziar o outro? É possível. Não dá para saber, neste momento — porque Sandro Mabel acabou de aparecer como pré-candidato —, quem vai esvaziar quem. O que se pode sugerir, dadas as pesquisas, é que o senador é um candidato extremamente consistente.

Se Vanderlan Cardoso esvaziar Sandro Mabel ou se este esvaziar aquele, como ficará o quadro político? Como se disse, ainda não dá saber. Mas é possível especular.
Se confirmado que um tende a esvaziar o outro — com um puxando o outro para baixo —, a tendência é que a polarização se dê entre um deles e a pré-candidata do PT, Adriana Accorsi,
No momento, Adriana Accorsi aparece tecnicamente empatada com Vanderlan Cardoso (com este ligeiramente em primeiro). Como seu eleitorado é mais ou menos definido, deve continuar bem. Há até a possibilidade, ao menos num primeiro momento, de saltar para primeiro se Sandro Mabel retirar eleitores de Vanderlan Cardoso.
Há, por fim, a incógnita chamada Gustavo Gayer, do PL. Mesmo sem estrutura em Goiânia, ele aparece bem nas pesquisas de intenção de voto. Há a possibilidade de polarizar com Adriana Accorsi ou então com Sandro Mabel ou Vanderlan Cardoso? É possível, Mas há o problema de que os eleitores não o percebem como gestor — ponto forte de Sandro Mabel e Vanderlan Cardoso.
O prefeito Rogério Cruz, do Republicanos, começava a melhorar sua gestão, entregando obras. Porém, denúncias recentes, envolvendo auxiliares de seu primeiro escalão, pode prejudicá-lo. Mas ele está no jogo. Quem tem uma máquina como a Prefeitura de Goiás conta com, digamos assim, um exército, com fartos recursos (financeiros e estrutura).
O fato é que, com a entrada em cena de Sandro Mabel, o quadro eleitoral de Goiânia se abriu ainda mais. Não há um favorito absoluto. Mas a tendência é que no segundo turno — que é praticamente certo — se tenha uma postulante da esquerda, Adriana Accorsi, se seus números permanecerem altos, e um candidato da centro-direita, ou seja, Sandro Mabel ou Vanderlan Cardoso. (E.F.B.)