Com forte presença nacional, o partido planeja bancar João Campos para senador e Jefferson Rodrigues para a Câmara dos Deputados

Jair Bolsonaro e Marcos Pereira: o presidente nacional do partido Republicanos está de olho na política de Goiás | Foto: Reprodução

O partido Republicanos tem o prefeito de Goiânia, Rogério Cruz, o deputado federal João Campos, o deputado estadual Jefferson Rodrigues e três vereadores na capital — Isaías Ribeiro (o mais votado da disputa de 2020), Sargento Novandir (o segundo mais votado) e Leandro Sena.

Retirando o fato de ter o prefeito da maior cidade de Goiás, que tem quase 1 milhão de eleitores (quase 22% do eleitorado do Estado), o exército parece pequeno. Mas é só aparência. As “forças armadas” do partido contam com a Igreja Universal — comandante-em-chefe informal (o presidente nacional, o deputado federal Marcos Pereira, pertence à IURD) — e com a TV Record (frise-se que há uma tentativa de desvincular a Igreja e a rede de televisão). O Republicanos tem força no Congresso e seus líderes são chamados para conversas com os poderosos da República — inclusive com o presidente Jair Bolsonaro. Acrescente-se o fato de que João Campos, presidente estadual do Republicanos, é da Igreja Assembleia de Deus-Ministério Vila Nova.

Prefeito Rogério Cruz: o dono da caneta deu fôlego novo ao Republicanos em Goiânia e em Goiás | Foto: Fernando Leite/Jornal Opção

No momento, o que põe o Republicanos no jogo da política estadual é o fato de ter o prefeito da capital de Goiás — cidade com quase 1,5 milhão de habitantes. Trata-se do município que mais arrecada e, financeiramente, deve ser considerado como uma espécie de mini-Estado.

Política é oportunidade. Portanto, com uma estrutura de poder imensa nas mãos, os líderes do Republicanos vão se comportar como “gente grande” — que tem poder.

O projeto político para 2022 já está estabelecido: o Republicanos planeja eleger pelo menos dois deputados federais e um senador. Jefferson Rodrigues deverá ser candidato a deputado federal e o segundo nome está por definir. Para senador, a aposta do partido é João Campos.

João Campos e Jefferson Rodrigues | Foto: Reprodução

Claro que, se não postular uma vaga no Senado, o deputado federal vai tentar a reeleição. Mas os partidos que vão disputar o Poder Executivo em 2022 vão dispensar uma aliança com o Republicanos? Talvez não. “Henrique Meirelles é um grande nome, não há a menor dúvida. Foi presidente do Banco Central e ministro da Fazenda. Entretanto, como candidato a presidente da República pelo MDB, em 2018, obteve apenas 1.288.948 votos, o equivalente a 1,2% dos votos válidos — o que é pouquíssimo. Ele é capaz de movimentar estruturas financeiras extraordinárias, mas talvez não entusiasme os eleitores. Por que pode chegar de repente e se apresentar como candidato a senador, e João Campos, com toda uma história a serviço dos goianos, não pode? O Republicanos vai colocar seu nome no jogo e vamos ver o que acontece”, afirma um líder evangélico.

Inicialmente, o Republicanos estava no projeto do MDB de Daniel Vilela. Agora, seus líderes estão à espreita, porque não sabem se o emedebista — ou Gustavo Mendanha, prefeito de Aparecida de Goiânia — será candidato a governador. Há quem comente, no partido, que ele poderá ser vice do governador Ronaldo Caiado ou até mesmo postulante ao Senado.

Se Ronaldo Caiado fizer o convite, Republicanos o aceitará e colocará João Campos na disputa para o Senado.

O pré-candidato do Patriota a governador, Jânio Darrot, fechou um acordo com o deputado federal Delegado Waldir Soares. Se o ex-prefeito de Trindade for candidato a governador, o presidente do PSL irá a senador. A chapa dos sonhos do Patriota é: Jânio Darrot para governador, o deputado federal Zacharias Calil na vice (ou para senador) e Delegado Waldir para senador (ou vice). João Campos poderia compor esta chapa? Nada é impossível. Mas o que se quer mesmo, ao menos no momento, é um composição com Ronaldo Caiado, porque as pesquisas o mostram como favoritíssimo para a reeleição.

O fato é que o Republicanos está no jogo — e quer ganhá-lo. Seus líderes sabem jogar, não estão brincando em serviço e querem “golear” em 2022.

As recentes mudanças na equipe da Prefeitura, tanto para fortalecer o Republicanos quanto para ampliar seu leque de aliados — beneficiando, por exemplo, a governabilidade (junto à Câmara Municipal) —, com o consequente esvaziamento do MDB de Daniel Vilela, indicam claramente que os líderes do partido e o prefeito Rogério Cruz estão se posicionando. São profissionais, e nada tem de amadorismo no jogo que estão armando.

Não procede, porém, que o Republicanos, dado ter força por causa da Prefeitura de Goiânia, quer romper com o MDB de Daniel Vilela. Não quer. Quer poder usar a força que a lei faculta ao prefeito Rogério Cruz. O emedebismo, se não se comportar de maneira amadora, continuará na prefeitura, com poder, um relativo poder, mas não o poder de mando. O poder de mando, daqui pra frente, será unicamente de Rogério Cruz.

Daniel Vilela, com quem o prefeito mantém relacionamento cordial, não será a eminência parda que muitos cobram dele. Continuará presente, sempre será ouvido, mas não deve ser “pilhado” por aliados que não desgrudam do poder — qualquer poder — e não pensam a longo prazo. O que os emedebistas devem entender é que um Rogério Cruz forte, com o controle total da máquina, também fortalecerá seus aliados. Se fracassar como gestor, engessado por determinadas alianças — que podem não deixar o governo ter um eixo —, prejudicará seus principais aliados.