Uma pesquisa, mantida a sete chaves, mostra Márcio Luís da Silva — ex-MDB — em primeiro lugar para a disputa da Prefeitura de Porangatu em 2024, daqui a nove meses. Porém, até por ser presidente da Facieg, o ex-emedebista tem dito a todos que o consultam que está fora do páreo. Um dos motivos, além do fato de que dirigindo a prestigiosa Facieg, é o custo da campanha eleitoral.

Entretanto, mesmo na Facieg, Márcio Luís, mestre da articulação política e da simpatia, não deixa de acompanhar o desenrolar dos fatos. Há quem postule duas cousas. Primeiro, se a prefeita Vanuza Valadares enfrentar problemas graves na Justiça Federal (há um processo em andamento) — agentes da Polícia Federal estiveram na prefeitura, recentemente, e há quem aposte que poderão voltar, em breve, para completar as investigações —, piorando sua imagem, ele poderá voltar ao páreo.

José de Paiva: uma das apostas das oposições | Foto: Reprodução

Segundo, Márcio Luís, mesmo sem figurar na linha de frente, deverá operar a candidatura de Rafael do Charque, que se filiou ao Podemos, há pouco tempo, sob convite do deputado federal Glaustin da Fokus.

Rafael do Charque — o Rafa — é um empresário jovem e competente. A empresa da família, que produz charque, emprega mais de 100 funcionários e é respeitada na cidade.

Ainda tateando, porque o mundo da política é escorregadio, Rafael do Charque move-se com relativa desenvoltura e tem conversado com vários líderes locais, entre eles um grupo de vereadores.

Gláucia Melo: cotada para disputar pelo Republicanos | Foto: Facebook

Pesquisas mostram que Vanuza Valadares recuperou parte de sua boa imagem e é vista pela população como uma administradora “eficiente”. A cidade está bonita, limpa (até o cemitério está relativamente bem-cuidado), com obras visíveis — o que um editor do Jornal Opção verificou in loco, no início do mês. Mas, quando confrontados com a informação, oposicionistas contrapõem: “Você precisa ver os bairros. Estão abandonados, com o asfalto deteriorado”. Pode até ser, mas os locais verificados pelo jornalista mostram que a cidade está bem administrada.

Porém, ainda que a imagem de Vanuza Valadares esteja melhorando — e no momento certo, afinal a eleição vai ser disputada daqui a nove meses —, duas pesquisas que circulam em Goiânia indicam que parte dos eleitores quer mudança. Só não sabe quem poderá ser o agente da mudança.

Recentemente, um dos pré-candidatos, Iris Nunes, o Amiguinho, jogou a toalha. Seus aliados sustentam que um suposto “gabinete do ódio”, que seria operado por aliados do ex-prefeito Eronildo Valadares — marido e suposto eminência parda da prefeita —, investigou a vida privada do ex-pré-candidato. Não teria descoberto nada grave, mas, ainda assim, Amiguinho desistiu para não prejudicar a imagem de sua família.

Márcio Luís é forte mas não quer disputar | Foto: Divulgação

José de Paiva, o Zé de Paiva, com mais de 80 anos, está colocando seu nome para a disputa e está fazendo reuniões com vereadores e com candidatos a vereador. O problema é que ninguém acredita que será candidato, pois teria o hábito de apresentar seu nome e, na hora agá, sair do páreo. Diz-se que poderá compor com Rafael do Charque — de fato, o nome, no momento, mais consistente para enfrentar a prefeita — ou até mesmo com Vanuza Valadares.

Porém, aliados garantem que, desta vez, Zé de Paiva será candidato. “Ele está ‘mordido’”, afirma um parlamentar. Vereadores dizem que dinheiro não faltará à campanha do mais famoso cartorário da história da cidade.

O Republicanos pode bancar Gláucia Melo — viúva do ex-prefeito Júlio da Retífica. Se ela não disputar, seu irmão, o ex-prefeito Pedro Fernandes, pode ser o candidato do PSDB a prefeito. Ele e o ex-governador Marconi Perillo se reaproximaram.

O ex-cartorário Newton Borges disse a aliados que, se ninguém se colocar, poderá ser candidato a prefeito. Um aliado de Vanuza Valadares é peremptório: “Newton, o Cri-Cri, é fogo de palha. Fala demais, mas não é um político de ação, tanto que, com quase 70 anos de idade, nunca disputou nem mesmo mandato de vereador. Ele não será candidato. Posso garantir-lhe”.

Capitão Pires, vice de Vanuza Valadares, tende a ser candidato a vereador, de acordo com duas fontes locais.

Fontes garantem que o único político que Vanuza Valadares realmente teme é Márcio Luís, porque é um estrategista hábil e, sobretudo, popular. Tanto que, em 2020, perdeu por uma diferença de 45 votos. A prefeita conquistou 7.668 votos (34,88%) e o então emedebista obteve 7.623 votos (34,68%).

Juntos, Márcio Luís e Pedro Fernandes (então no pP) obtiveram 13.924 votos — ou seja, 6.256 votos a mais do que Vanuza Valadares. Acrescentados os votos do PT de José Uilton, 65,12% dos eleitores de Porangatu — a maioria absoluta — não votaram na prefeita, eleita pelo Podemos e agora filiada ao União Brasil.

Neste momento, com as oposições desarticuladas — até perdidas —, Vanuza Valadares é favorita. Favoritíssima. Há quem aposte, inclusive, que seu vice será do MDB. Há, na base governista, quem opere para que Rafael do Charque seja o seu vice. Entretanto, como mostra o caso do vice Capitão Pires, o grupo de Eronildo Valadares e Vanuza Valadares não abre espaço, em termos de poder e estrutura, para vices. Desde sempre (Eronildo Valadares já foi prefeito uma vez). (E.F.B.)