Rafael do Charque e Zé de Paiva devem ser rivais de Vanuza Valadares em Porangatu
24 dezembro 2023 às 00h01
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Uma pesquisa, mantida a sete chaves, mostra Márcio Luís da Silva — ex-MDB — em primeiro lugar para a disputa da Prefeitura de Porangatu em 2024, daqui a nove meses. Porém, até por ser presidente da Facieg, o ex-emedebista tem dito a todos que o consultam que está fora do páreo. Um dos motivos, além do fato de que dirigindo a prestigiosa Facieg, é o custo da campanha eleitoral.
Entretanto, mesmo na Facieg, Márcio Luís, mestre da articulação política e da simpatia, não deixa de acompanhar o desenrolar dos fatos. Há quem postule duas cousas. Primeiro, se a prefeita Vanuza Valadares enfrentar problemas graves na Justiça Federal (há um processo em andamento) — agentes da Polícia Federal estiveram na prefeitura, recentemente, e há quem aposte que poderão voltar, em breve, para completar as investigações —, piorando sua imagem, ele poderá voltar ao páreo.
Segundo, Márcio Luís, mesmo sem figurar na linha de frente, deverá operar a candidatura de Rafael do Charque, que se filiou ao Podemos, há pouco tempo, sob convite do deputado federal Glaustin da Fokus.
Rafael do Charque — o Rafa — é um empresário jovem e competente. A empresa da família, que produz charque, emprega mais de 100 funcionários e é respeitada na cidade.
Ainda tateando, porque o mundo da política é escorregadio, Rafael do Charque move-se com relativa desenvoltura e tem conversado com vários líderes locais, entre eles um grupo de vereadores.
Pesquisas mostram que Vanuza Valadares recuperou parte de sua boa imagem e é vista pela população como uma administradora “eficiente”. A cidade está bonita, limpa (até o cemitério está relativamente bem-cuidado), com obras visíveis — o que um editor do Jornal Opção verificou in loco, no início do mês. Mas, quando confrontados com a informação, oposicionistas contrapõem: “Você precisa ver os bairros. Estão abandonados, com o asfalto deteriorado”. Pode até ser, mas os locais verificados pelo jornalista mostram que a cidade está bem administrada.
Porém, ainda que a imagem de Vanuza Valadares esteja melhorando — e no momento certo, afinal a eleição vai ser disputada daqui a nove meses —, duas pesquisas que circulam em Goiânia indicam que parte dos eleitores quer mudança. Só não sabe quem poderá ser o agente da mudança.
Recentemente, um dos pré-candidatos, Iris Nunes, o Amiguinho, jogou a toalha. Seus aliados sustentam que um suposto “gabinete do ódio”, que seria operado por aliados do ex-prefeito Eronildo Valadares — marido e suposto eminência parda da prefeita —, investigou a vida privada do ex-pré-candidato. Não teria descoberto nada grave, mas, ainda assim, Amiguinho desistiu para não prejudicar a imagem de sua família.
José de Paiva, o Zé de Paiva, com mais de 80 anos, está colocando seu nome para a disputa e está fazendo reuniões com vereadores e com candidatos a vereador. O problema é que ninguém acredita que será candidato, pois teria o hábito de apresentar seu nome e, na hora agá, sair do páreo. Diz-se que poderá compor com Rafael do Charque — de fato, o nome, no momento, mais consistente para enfrentar a prefeita — ou até mesmo com Vanuza Valadares.
Porém, aliados garantem que, desta vez, Zé de Paiva será candidato. “Ele está ‘mordido’”, afirma um parlamentar. Vereadores dizem que dinheiro não faltará à campanha do mais famoso cartorário da história da cidade.
O Republicanos pode bancar Gláucia Melo — viúva do ex-prefeito Júlio da Retífica. Se ela não disputar, seu irmão, o ex-prefeito Pedro Fernandes, pode ser o candidato do PSDB a prefeito. Ele e o ex-governador Marconi Perillo se reaproximaram.
O ex-cartorário Newton Borges disse a aliados que, se ninguém se colocar, poderá ser candidato a prefeito. Um aliado de Vanuza Valadares é peremptório: “Newton, o Cri-Cri, é fogo de palha. Fala demais, mas não é um político de ação, tanto que, com quase 70 anos de idade, nunca disputou nem mesmo mandato de vereador. Ele não será candidato. Posso garantir-lhe”.
Capitão Pires, vice de Vanuza Valadares, tende a ser candidato a vereador, de acordo com duas fontes locais.
Fontes garantem que o único político que Vanuza Valadares realmente teme é Márcio Luís, porque é um estrategista hábil e, sobretudo, popular. Tanto que, em 2020, perdeu por uma diferença de 45 votos. A prefeita conquistou 7.668 votos (34,88%) e o então emedebista obteve 7.623 votos (34,68%).
Juntos, Márcio Luís e Pedro Fernandes (então no pP) obtiveram 13.924 votos — ou seja, 6.256 votos a mais do que Vanuza Valadares. Acrescentados os votos do PT de José Uilton, 65,12% dos eleitores de Porangatu — a maioria absoluta — não votaram na prefeita, eleita pelo Podemos e agora filiada ao União Brasil.
Neste momento, com as oposições desarticuladas — até perdidas —, Vanuza Valadares é favorita. Favoritíssima. Há quem aposte, inclusive, que seu vice será do MDB. Há, na base governista, quem opere para que Rafael do Charque seja o seu vice. Entretanto, como mostra o caso do vice Capitão Pires, o grupo de Eronildo Valadares e Vanuza Valadares não abre espaço, em termos de poder e estrutura, para vices. Desde sempre (Eronildo Valadares já foi prefeito uma vez). (E.F.B.)