O prefeito articula com Republicanos, PL, Podemos, Pros e Patriota. Mas pode acabar disputando mandato pelo partido tucano

Se quiser mesmo ser candidato a governador, o prefeito de Aparecida de Goiânia, Gustavo Mendanha, deverá se filiar, no início do ano, num partido político. Fora do MDB, abriu diálogo com líderes de vários partidos, como PL, Republicanos, Patriota, Podemos e Pros, mas parece não confiar em nenhum deles.

Podemos

O Podemos é dirigido em Goiás pelo deputado federal José Nelto, que apoia a reeleição do governador Ronaldo Caiado, do Democratas. Portanto, apesar de manter o apoio de Felipe Cortês, um dos líderes regionais do partido, dificilmente Mendanha se filiará à legenda dirigida nacionalmente pela deputada federal Renata Abreu.

Gustavo Mendanha, prefeito de Aparecida de Goiânia | Foto: Fernando Leite/Jornal Opção

Republicanos

Numa articulação de grupos evangélicos, Mendanha tenta costurar uma aliança para disputar o governo pelo Republicanos. Mas há resistência no partido. Há, entre seus líderes, quem prefere compor com o governador Ronaldo Caiado (DEM). O prefeito corre o risco de se filiar e, depois, não ser candidato? É possível. As decisões no Republicanos são oriundas do comando nacional. Portanto, articulações locais são vistas com desconfiança pelos políticos goianos.

Patriota

Supostamente por meio do empresário e marqueteiro Jorcelino Braga, Mendanha teria chegado a articular uma filiação ao Patriota. A ressalva é que, embora aprecie Mendanha, Braga não tem fama de trair aliados, como Jânio Darrot, que pretende disputar o governo pelo partido. O que agrada Mendanha no Patriota é que não terá candidato a presidente nem apoiará um postulante obrigatoriamente. Em contato com o Jornal Opção, Braga disse: “Estou no Rio Grande do Norte. O Patriota tem candidato a governador, que se chama Jânio Darrot”.

Partido Liberal

A deputada federal Magda Mofatto trabalha para bancar Mendanha a governador pelo PL. A pedra no caminho é que Mendanha quer disputar o governo sem apoiar nenhum candidato a presidente da República — o que irritou os bolsonaristas, que estão se filiando ao PL, seguindo Jair Bolsonaro. Aliados de Mendanha afiançam que Mofatto — que teria carta-branca do presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto — não apoiará a candidatura do deputado federal Major Vitor Hugo a governador, por considerá-lo, eleitoralmente, “fraco”. Um deputado corrobora: “Como é que um político que foi eleito deputado federal com parcos 31 mil votos, tendo sido arrastado pela imensa votação do deputado Delegado Waldir, em 2018, pode dar um salto e disputar mandato de governador? Magda tem razão: se ele for candidato, vai prejudicar a chapa de candidatos a deputado federal e estadual, porque, se não ‘puxa’ votos para si, como vai ‘puxar’ para os outros?”

PSDB

O que, no final, pode sobrar para Mendanha? Um aliado diz que, depois de ter se aproximado de Marconi Perillo — tendo circulado pelo Estado com a ex-deputada Eliane Pinheiro, com a deputada estadual Lêda Borges (no Entorno de Brasília) e com o prefeito de Uruaçu, Valmir Pedro (no Norte de Goiás), todos do PSDB —, o prefeito começou a se afastar, porque pesquisas registraram que aliança com o ex-governador seria, do ponto de vista eleitoral, “caixão e vela cinza”.

Mas será mesmo possível Mendanha descolar de Perillo? Tudo indica que não. Há, inclusive, a possibilidade de o prefeito disputar o governo pelo PSDB — a rigor, o único partido que está inteiramente à sua disposição. Tucanos dizem, nos bastidores, que Mendanha vai acabar “comendo” na mão de Perillo. Por falta de alternativa efetivamente confiável.

Um deputado federal disse ao Jornal Opção no sábado, 4: “Quem muito articula pode acabar sozinho, na chapada”. É o recado da realidade para Mendanha.