Cláudia Helena é mestre em Direito e uma crítica contundente tanto da esquerda totalitária quanto dos falsos conservadores

No sábado, 15, a professora da Faculdade de Direito da Universidade Federal de Goiás Cláudia Helena, uma das mais articuladas vozes da direita no Estado, concedeu uma breve entrevista ao Jornal Opção. A mestre em Direito desanca a vereadora Gabriela Rodart e o deputado federal Vitor Hugo e defende o presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido). A jurista só impôs uma condição ao repórter: não aceitou a publicação de sua fotografia.

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Gabriela Rodart: vereadora em Goiânia pela Democracia Cristã | Foto: Reprodução
“Gabriela Rodart não é conservadora”

Por que avalia que a vereadora Gabriela Rodart (DC) rompeu com o ideário conservador?

Gabriela Rodart foi eleita [3.476 votos] com um projeto de mandato conservador. Sei disso porque eu escrevi o projeto com os valores, princípios e plano de ação. Ela me procurou em agosto de 2020 e a partir daí empenhei todos os meus esforços para conquistar votos e, o mais importante, o apoio de agentes bem-posicionados no meio conservador. Gabriela nunca participou do movimento pró-vida, de uma comunidade na Igreja ou de qualquer obra social, até porque era uma menina de 24 anos que precisou trabalhar desde cedo no comércio. Não vi nisso demérito e sempre disse: “Gabriela, você está vendendo esperança. Você não tem um trabalho a apresentar. Esperança é o artigo mais caro. Não decepcione seus eleitores”.

Depois da eleição, fizemos um mapa da votação obtida e verificamos que o grosso dos votos da Gabriela vieram dos setores nobres da cidade: Bueno, Marista e Jardim Goiás, lugares que ela nunca visitou para pedir voto. Gabriela fez campanha na região Noroeste, em Campinas e no entorno da Rua 44. No bairro onde nasceu e morou até os 20 anos, na periferia de Goiânia, ela teve 47 votos. Depois de eleita, começou com a conversa de cotizar um percentual do salário dos comissionados para as despesas do gabinete. As pautas conservadoras foram deixadas de lado em detrimento de ações midiáticas que visam manter a imagem em alta nas redes sociais. Recentemente, ela contratou uma chefe de gabinete que xinga o presidente Bolsonaro no Twitter e classifica os eleitores de direita como “gado”. Infelizmente, está claro que a Gabriela Rodart de conservadora não tem nada. Eu e muitos outros fomos ludibriados. Não tenho vergonha em admitir. O pecado da traição não é meu e o juízo é particular. Deus sabe de tudo.

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Major Vitor Hugo: o deputado nem mora em Goiás | Foto: Fernando Leite/Jornal Opção
“Major Vitor Hugo não representa a direita goiana”

O deputado Major Vitor Hugo é o símbolo da direita goiana?

Major Vitor Hugo é um militar que possui a formação e todo ideário que permeia a caserna. Em resumo, é um positivista — não um conservador. Foi meu aluno na Faculdade de Direito da UFG enquanto esteve servindo por aqui. Vitor Hugo não representa a direita goiana e não é porque nem resida no nosso Estado. Não tem casa em Goiânia. O problema do deputado é que não agrega, não gosta de pessoas que lhe digam a verdade, cercou-se de puxa-sacos (um erro político fatal). Vitor Hugo teme pessoas que possam tirar dele a exclusividade do título “o 01 do Bolsonaro” — já que isso é tudo que possui, ou seja, o presidente Bolsonaro como cabo eleitoral.

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Jair Bolsonaro: o presidente da República defende os valores cristãos| Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
Bolsonaro terá meu apoio irrestrito

Por que continua a apoiar o presidente Jair Bolsonaro?

Para quem vê de fora, o universo bolsonarista pode parecer um balaio de gatos. A impressão não está de todo incorreta. A direita é assim porque não há um conjunto de dogmas como na esquerda. O conservadorismo é, na verdade, a negação da ideologia. Não cabe aqui uma explicação mais detalhada, mas resumidamente posso dizer que o conservador é alguém que vê a continuidade da experiência humana como um caminho mais seguro, com pequenos ajustes na direção, em detrimento de um “grande salto” para construção do “paraíso socialista”, experimentados na China e em Cuba com seu milhões de mortos pela fome ou paredão de execução. Em particular, como católica, meio apoio está condicionado à obediência do presidente Bolsonaro aos valores professados pela minha Igreja. Enquanto o presidente Bolsonaro estiver ao lado do que ensina a Igreja Católica, terá meu apoio irrestrito.