Presidência: entenda por que Tarcísio de Freitas pode “puxar” bolsonarismo para Ronaldo Caiado
25 fevereiro 2024 às 00h01
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Por que há conexão entre os governadores de Goiás, Ronaldo Caiado, e de São Paulo, Tarcísio de Freitas?
Primeiro, médico, o goiano, e engenheiro, o carioca que está se paulistanizando, são homens da ciência, da era da razão. Figuras da direita iluminista.
Segundo, são, no espectro ideológico, da direita, mas próximos do centro. São políticos posicionados mas moderados. Porque sabem que, para governar, é preciso contar com todos, inclusive com aqueles dos quais se diverge política e ideologicamente.
Terceiro, governam seus Estados, mas de olho no país. Porque, neste momento — a dois anos e sete meses das eleições presidenciais de 2026 —, há um pré-candidato (na verdade, candidatíssimo) na cena política, percorrendo o país. Trata-se de Lula da Silva, do PT. À direita, passando pelo centro, há vários nomes citados, mas não há um, digamos assim, descolado. Em ordem alfabética, eis alguns dos nomes lembrados para a disputa da Presidência da República: Michelle Bolsonaro (PL), Ratinho Júnior, Romeu Zema (Novo), Ronaldo Caiado (União Brasil) e Tarcísio de Freitas (Republicanos).
O mais experiente dos citados é Ronaldo Caiado, que já foi candidato a presidente da República, em 1989, contra Fernando Collor, Mário Covas, Leonel Brizola e, entre outros, Lula da Silva (o primeiro foi eleito, derrotando o petista-chefe no segundo turno). O goiano de Anápolis foi deputado federal — cinco mandatos (20 anos na Câmara dos Deputados são uma Harvard de política) —, senador por quatro anos (um doutorado em política em Yale ou na Sorbonne) e governador (no segundo mandato — uma Stanford de política). Não há quem deixe de mencioná-lo como um articulador de rara habilidade. O ex-deputado federal Vilmar Rocha, outro “rei” da Câmara dos Deputados, disse a um repórter do Jornal Opção que, como mestre da política, Ronaldo Caiado tem chance de se tornar presidente da República. O goiano de Niquelândia o apoiará e o ajudará na articulação nacional.
Tarcísio de Freitas “não” governa um Estado, como rapidamente entendeu. Na verdade, governa um “país” — que é chamado de Estado. O PIB de São Paulo supera o da Argentina e o do Chile e, na América Latina, só perde para o PIB do Brasil e do México, duas potências globais.
Então, em 2026, o mais provável é que Tarcísio de Freitas dispute a reeleição, resguardando-se, em termos de Presidência da República, para o pleito de 2030, quando estará, se reeleito na terra de Mário de Andrade, consolidado como político nacional, a partir de São Paulo, o Estado que mais reverbera no país.
Se for candidato à reeleição, Tarcísio de Freitas, que é uma espécie de governador-presidente (insistamos: São Paulo é praticamente um país), certamente terá um candidato a presidente. Dos nomes colocados, o de Ronaldo Caiado é o mais se aproxima da visão de mundo do gestor do Estado que nos deu a Semana de Arte Moderna, em 1922. Os dois têm uma visão técnica dos problemas mas sabem que a política é crucial para resolvê-los.
Se tende a optar por São Paulo, o que Tarcísio de Freitas, de 48 anos, fará no plano nacional? Apesar do jogo de cena do ex-presidente Jair Bolsonaro, que o aponta como candidato presidencial, o governador de São Paulo tende a ter sua própria aposta para presidente — que pode ser Ronaldo Caiado.
Fora Jair Bolsonaro, que o pôs na política, o gestor-político com o qual Tarcísio de Freitas tem mais identificação é Ronaldo Caiado (muitos talvez não se lembrem mais que ele quase foi candidato a senador em Goiás, seguindo os passos de Juscelino Kubitschek).
Por isso, não será surpresa se, além de apoiar Ronaldo Caiado para presidente, Tarcísio de Freitas colaborar, em larga medida, para atrair o bolsonarismo — leia-se Jair Bolsonaro — para a campanha nacional do político goiano. Os dois, diria Vilmar Rocha, estão na mesma “vibe”. São dois dos maiores políticos-gestores do Brasil na atualidade. (E.F.B.)