Um pesquisador disse ao Jornal Opção que muito do que se diz sobre campanhas eleitorais pertence ao passado e não ao presente. “Fala-se que já está ficando tarde para lançar um candidato a prefeito. Mas, dada a comunicação moderna, não está. Com a rapidez da comunicação, com as notícias sendo divulgadas com mais facilidade, um candidato, lançado a menos de dois meses das eleições, pode virar o jogo e ganhar as eleições. “O que não se pode é ‘permitir’ que um candidato deslanche em demasia, porque há o risco de se consolidar a ideia de que não pode ser derrotado. A expectativa de poder pode ficar enfeixada em suas mãos de maneira incontornável”, anota.

Veja-se o cada da disputa pela Prefeitura de Aparecida de Goiânia. A sete meses das eleições, o favorito é o deputado federal Professor Alcides Ribeiro, do PL. O parlamentar aparece com pouco mais de 30% das intenções de voto — relativamente descolado do segundo colocado, o prefeito Vilmar Mariano, do MDB.

O dado, positivo, significa que Professor Alcides não pode ser superado? Talvez não. Porque, de acordo com as qualis, os eleitores de Aparecida ainda não estão “empolgados” com a disputa e não sabem quem realmente vai enfrentar o deputado do PL.

Então, a frente de Professor Alcides pode tanto “verdadeira” quanto “inercial”. Quer dizer, o deputado realmente pode ter uma frente consolidada. Mas também pode não ter assim que o outro candidato e seus apoios forem realmente definidos.

Professor Alcides em entrevista ao Jornal Opção | Fotoa: LeoIran
Professor Alcides Ribeiro: o deputado é, eleitoralmente, consistente | Foto: LeoIran/Jornal Opção

Ante o exposto, pode ser que Professor Alcides até consiga elevar seus índices, se os eleitores avaliarem mal seu adversário. Mas também é possível que, mesmo começando bem na frente, seja superado por seu principal adversário, em três ou quatro meses.

Vilmar Mariano é um candidato fraco? Talvez seja mais desconhecido, apesar de ser o prefeito, do que fraco. Há, em sete meses, a possibilidade de fortalecê-lo? Há. Porque, a rigor, ainda não há nem mesmo (pré-)campanha.

Se os eleitores entenderam que Vilmar Mariano está sendo um passo adiante, e não um recuo, o prefeito poderá ser reeleito. Se entenderem que lhe falta estatura política para gerir uma cidade como Aparecida, a segunda com maior número de eleitores e o terceiro maior PIB de Goiás, então será muito difícil derrotar Professor Alcides — que, embora não tenha experiência com gestão pública, que é muito diferente de gestão privada, é um empresário experiente e multimilionário.

No momento, na batalha das “estaturas”, Professor Alcides está levando a melhor. Vilmar Mariano, para enfrentá-lo de igual para igual, precisa mostrar aos eleitores que já está fazendo e que poderá melhorar a gestão. Ele tem de ficar de olho na aprovação de sua administração. Se não melhorar, então o postulante do PL poderá encomendar o terno de posse.

Há espaço para Leandro Vilela?

Se Vilmar Mariano não emplacar, ficando aquém de Professor Alcides, ainda dá tempo de trocá-lo por outro candidato? É possível que sim.

João Campos relatando projetos na Comissão de Segurança Pública da Câmara dos Deputados | Foto: Pablo Valadares/Câmara dos Deputados
João Campos: ex-deputado estadual | Foto: Pablo Valadares/Câmara dos Deputados

Diz-se que o ex-deputado federal Leandro Vilela (MDB), sobrinho de Maguito Vilela e primo de Daniel Vilela, pode ser candidato a prefeito de Aparecida — com o apoio de uma frente ampla capitaneada pelo ex-prefeito Gustavo Mendanha.

Porém, ao mesmo tempo, há quem diga que, nas conversas com Leandro Vilela, não se nota entusiasmo, de sua parte, com a disputa de Aparecida. Um político do município ressalva: “Na verdade, o projeto principal de Leandro, um sujeito boa-praça, não é pessoal, e sim de grupo. Ele quer colaborar para eleger Daniel Viela para o governo do Estado em 2026. Entretanto, até por acreditar no grupo, se for para fortalecer o projeto do amigo e parente, poderá ser candidato a prefeito de Aparecida. Ele é um político que tem foco”.

Confrontado com a informação de que “falta” entusiasmo a Leandro Vilela, a fonte diz que a interpretação está equivocada. “O problema não é de entusiasmo. O que Leandro não quer é entrar em bola dividida, não quer numa disputa em que sua base política está ‘brigando’ e, se continuar assim, sairá fraturada. O que ele não quer é briga. Se a base estiver unida, se todos disserem que vão apoiá-lo de fato, e não proforma, então pode poderá ser candidato a prefeito.”

Max Menezes: possível vice de Professor Alcides Ribeiro | Foto: Reprodução

Teme-se que, se o MDB não bancar Vilmar Mariano, o prefeito embarque na campanha de Professor Alcides. Então, a entrada de Leandro Vilela em cena, no lugar de fortalecê-lo, poderia robustecer a campanha do postulante do PL.

Se ocupar o centro do palco, como candidato a prefeito, quem Leandro Vilela teria como vice? A fonte sugere que há várias hipóteses. “Uma delas é o ex-deputado federal João Campos, que, além de ser um político articulado, tem amplo apoio no meio evangélico, pois pertence à Igreja Assembleia de Deus. Como delegado da Polícia Civil, e por defender uma segurança proativa e firme — ao estilo do governador Ronaldo Caiado —, João Campos, de acordo com a fonte, pode ser o vice ideal. Mas há outros nomes. Max Menezes é cotado para ser vice de Professor Alcides, mas não teria qualquer problema em ser vice de Leandro Vilela e, aliás, até de Vilmar Mariano.”

Há, no momento, um conflito do grupo de Gustavo Mendanha com o grupo de Vilmar Mariano e do deputado estadual Veter Martins. Poderão chegar a um denominador comum? Para o prefeito, é essencial. Com o apoio do ex-prefeito, a parada será difícil; sem o apoio, será praticamente impossível derrotar Professor Alcides. (E.F.B.)