Bastidores
O governador de Goiás, Marconi Perillo, é tucano e apoia Aécio Neves, do PSDB, para presidente da República. Porém, na hipótese de o senador mineiro ficar fora do segundo turno, o tucano-chefe goiano fica à cavalheiro para se reposicionar politicamente. Há três cenários. Primeiro, a neutralidade, ou seja, não apoiar nem a petista Dilma Rousseff nem a socialista Marina Silva. Ressalve-se que Marconi é um político que assume posições. Segundo, uma possível aliança com Marina Silva, se, no caso de segundo turno em Goiás, o socialista Vanderlan Cardoso decidir apoiá-lo de modo convicto, subindo no seu palanque. Terceiro, apoio à presidente Dilma Rousseff. Como o tucano não tem compromisso com Marina Silva, uma aliança com a petista não é impossível. Marconi tem dito que a presidente não boicotou seu governo, comportando-se de modo efetivamente republicano. Qual é o melhor cenário para Marconi? Vai depender da eleição em Goiás. Se for eleito no primeiro turno, a decisão fica ainda mais fácil.

Uma jornalista diz que ficou surpresa ao avistar, numa loja de joias do shopping Iguatemi de Brasília, um político goiano de mãos dadas com a modelo e ex-pastinha Luciane Hoppers.
O relato da repórter: “O garotão parecia apaixonado, sugerindo não se importar com os olhares dos curiosos”. Detalhe: o político-lobista é casado.
A jornalista perguntou para um repórter do Jornal Opção: “Mas o político e a ex-pastinha não haviam terminado o namoro?”
Resta à redação responder citando Shakespeare, autor inglês muito bem examinado pelo genial Samuel Johnson: “Há mais entre o Céu e a Terra do que imagina nossa vã filosofia”.
[caption id="attachment_13550" align="alignleft" width="300"] Iris Rezende e Agenor Mariano: “Nenhum político ganha eleição por antecipação” | Foto: Fotos: Fernando Leite/Jornal Opção[/caption]
O vice-prefeito de Goiânia, Agenor Mariano (PMDB), se considera, acima de tudo, um político que une realismo e otimismo. “Sem ser realista, não se percebe a realidade. Sem ser otimista, não se constrói uma vida melhor para os indivíduos”, afirma. Envolvido “até o pescoço” na campanha de Iris Rezende para governador de Goiás, Agenor especula: “98 está aí para assombrar o assombrador. Noutras palavras, Iris pode ser o Marconi Perillo de 2014”.
Agenor diz que é jovem, mas que acompanha o processo político de Goiás e do Brasil há vários anos. “O que posso dizer, dada a minha experiência, é que não se ganha uma eleição por antecipação. Eleição é definida na marca do pênalti. As pesquisas de intenção de voto traduzem um momento, com campanha eleitoral incipiente. Com os candidatos com os blocos nas ruas e suas imagens e histórias na televisão e no rádio, o quadro tende a ficar mais complexo. Para usar uma expressão popular, quem apostar em quadro definido pode dar com os burros n’água.”
O vice-prefeito de Goiânia, Agenor Mariano, afirma que a militância do PMDB abraçou a candidatura de Ronaldo Caiado a senador.
“Caiado se deu bem com nosso pessoal, que aprecia suas posições firmes e éticas. Caiado não tem medo ou receito de dizer a verdade. A militância peemedebista gosta disso”, afirma Agenor.
O deputado federal Ronaldo Caiado disse ao Jornal Opção que o prefeito de Goiatuba, Fernando Vasconcelos (PMDB), estaria sendo pressionado a apoiar à reeleição do governador Marconi Perillo. Ele teria sido cooptado à força. Ouvido por dois tucanos, o prefeito não confirmou as pressões. Pelo contrário, demonstrou entusiasmo com as candidaturas de Marconi a governador e de Giuseppe Vecci a deputado federal e nenhum ânimo com o candidato do PMDB, Iris Rezende. Não é a primeira vez que Fernando Vasconcelos contesta as opiniões de Caiado. Ele tem sugerido que o deputado democrata pare de falar em seu nome, porque não é seu porta-voz. Como não pertence ao PMDB, Caiado não é capaz de perceber uma espécie de fadiga de material que há em relação a Iris. Os peemedebistas se dizem cansados de trabalhar para Iris e, quando são candidatos a prefeito e vereador, não são apoiados por ele.

O governador Marconi Perillo está crescendo politicamente em Aparecida de Goiânia. Dos 25 vereadores, dezesseis já estão trabalhando na campanha do tucano-chefe. Alguns vereadores são aliados do prefeito Maguito Vilela (PMDB), mas foram liberados para apoiá-lo. Até o presidente da Câmara Municipal, Gustavo Mendanha (PMDB), filho de um líder histórico do partido, já está apoiando Marconi. Ele também está na campanha de Daniel Vilela (PMDB), para deputado federal, e na de Marlúcio Pereira (PTB), para deputado estadual.
Maguito não veta a aliança de peemedebistas com Marconi e apresenta dois argumentos. Primeiro, o governador tem apoiado sua gestão, atuando de modo republicano. Segundo, não se comporta como ditador e, por isso, não obriga ninguém a apoiar e votar em Iris Rezende.
Não se pense, porém, que Maguito está traindo Iris. Não está. Dos políticos ligados a Júnior Friboi, o prefeito é um dos poucos que permanecem leais a Iris e trabalhando com afinco na sua campanha. Não trabalha mais, porque precisa administrar Aparecida, uma cidade com muitos problemas e poucos recursos. O núcleo duro do irismo, que não parava de falar mal de Maguito, diminuiu a carga. O fato é que os iristas não apreciam o prefeito.
Um aliado da deputada federal Iris Araújo, o lado hard-tuiteiro de Iris Rezende, criticou o deputado Sandro Mabel com acidez. Na conversa com um deputado, ele disse: “Mabel diz que apoia Iris para governador, garante que está articulando no interior, mas só recebemos notícias de que está articulando a candidatura do empresário Alexandre Baldy, do PSDB, a deputado federal. No pleito eleitoral, não dá para servir a dois senhores ao mesmo tempo”.

[caption id="attachment_13541" align="alignleft" width="620"] Baldy visita feira em Anápolis: interlocução com a sociedade[/caption]
Operadores políticos e o meio empresarial já quebram a cabeça para traçar como será o cenário em Goiás após as eleições. Com as pesquisas eleitorais embaixo do braço, a maioria já faz análises tendo como certa a vitória de Marconi Perillo. O próximo passo na leitura do cenário é descobrir que tipo de liderança política sairá fortalecida do processo eleitoral.
Nessas projeções, um nome é citado frequentemente como uma das referências: Alexandre Baldy, o ex-titular da Secretaria de Indústria e Comércio que, neste ano, estreia em eleições como candidato a deputado federal pelo PSDB. Tanto marconistas quanto adversários do governador observam que o jovem empresário é favorito para vencer e também para se firmar como figura preponderante no novo cenário.
Essa leitura se baseia na equipe profissional que Baldy escolheu para estruturar seu trabalho político e também no seu perfil pessoal, que começa a se tornar mais conhecido pela sociedade. Ninguém pode contestar, por exemplo, que o trabalho da SIC, nos anos em que ele a comandou, foi uma das experiências mais bem-sucedidas no governo Marconi.
O governador e o próprio Baldy não se cansam de repetir seus resultados na campanha: atração de R$ 31 bilhões em investimentos privados, geração de 215 mil empregos e 7 bilhões de dólares em exportações. Um dado mais recente, publicado na sexta-feira, 22, comprova ainda mais esse sucesso: no último trimestre, a economia brasileira encolheu 0,4%, mas Goiás manteve crescimento de 2,5%.
É certo que governo, sozinho, não produz crescimento econômico, mas é decisivo: incentivos fiscais, desburocratização, capacitação de empreendedores, organização de cadeias produtivas, interlocução com os diversos segmentos e também com investidores externos. Bingo para quem disser que essas foram tarefas que estavam nas mãos de Baldy e sua equipe.
Se sair vitorioso das eleições, o ex-secretário reunirá todas as condições para ancorar um dos mais fortes projetos de renovação dentro do grupo marconista. Jovem, bem-sucedido na vida empresarial e na gestão pública e com capital eleitoral, Baldy certamente será um polo de atração de forças que já enxergam a política com um outro olhar.

[caption id="attachment_13539" align="alignleft" width="300"] Valdivino Oliveira: “Expansão da desindustrialização vai gerar mais desemprego e Dilma pode perder” | Foto: Fernando Leite/Jornal Opção[/caption]
O tucano Valdivino Oliveira, candidato a deputado federal, afirma que a economia tende a derrotar a presidente Dilma Rousseff. “O país não cresce, não há consumo suficiente para alavancar a expansão econômica e os empresários não se sentem motivados a investir. A China e a Rússia investem 26% do PIB. O Brasil investe menos de 18%.”
Quando diz que a crise deriva de problemas externos, Dilma, embora seja economista, “demonstra desconhecer como funciona efetivamente a economia. A presidente tem de resolver os gargalos internos, como investir com mais qualidade e velocidade na recuperação e expansão da infraestrutura do país. Os portos terão sua capacidade esgotada até 2015, segundo um levantamento. Se é assim, como o empresário brasileiro vai exportar?”
A retomada da inflação, afirma Valdivino, é um problema interno. “O Brasil passou o teto da meta de 4 a 6,5%. A inflação está superando 6,5% e está ficando inadministrável. Eu dizia que o país não iria crescer mais de 1,5% em 2014. Agora, os especialistas falam em menos de 1%.
Endividado, o brasileiro está consumindo menos. A política cambial e fiscal facilita as importações. E aí se tem a desindustrialização e, consequentemente, desemprego”.
Valdivino frisa que a tendência, cada vez maior, é o Brasil exportar menos bens manufaturados. “Para piorar a situação, o governo petista gasta muito e mal.”
Por que, apesar da crise nacional, Goiás cresce mais do que a média nacional. “Porque o Estado tem incentivos fiscais. Portanto, atrai empresas e gera empregos. A guerra fiscal, ao contrário do que costumam dizer políticos de São Paulo, gera competitividade, crescimento e desenvolvimento.”
O deputado federal Vilmar Rocha (PSD) é mesmo um político diferenciado. Recomendam, todos os dias, que faça críticas cerradas ao deputado federal Ronaldo Caiado (DEM), seu principal adversário para o Senado. Mas ele se recusa, insistindo que vai fazer, do começo ao fim, uma campanha propositiva. Depois, foram informá-lo que a suplente de deputada federal Marina Sant’Anna iria usar uma gravação na qual ele a elogia e que, como estão em campanha, deveria processá-la. Vilmar recomendou ao seu advogado para não processar a petista, candidata ao Senado, e acrescentou que não retirava as palavras. “Eu falo bem mesmo das pessoas”, sintetizou.
Há uma guerra declarada na base governista, especialmente na disputa para deputado federal. Um candidato grita: “Você está gastando demais. É absurdo!” O outro retruca: “E você pertence ao quinteto dos mais gastadores”. Sete candidatos a deputado federal, dois da base peemedebista e cinco da base governista, são apontados como autores de campanhas milionárias. Alguns deles admitem que, nesta eleição, quem não gastar muito e bem não será eleito.

Sem campanha de rua e propaganda eleitoral na TV e rádio, o governador Marconi Perillo usou outro artifício para ganhar espaço em Goiânia e reduzir a diferença para o rival Iris Rezende: as redes sociais. O trabalho nas redes de Marconi e a força da militância digital propagam as obras e benefícios realizados pelo governo estadual na Capital, como a reforma do Autódromo, a duplicação da GO-120, os viadutos, a conclusão do estádio Olímpico e Centro de Excelência, entre outros.
Por tabela, as redes sociais ainda atraem para o lado marconista o eleitor jovem, que domina o ambiente da internet. Marconi está presente e dialoga com facilidade em todas as plataformas (Facebook, Twitter e Instagram). Além disso, conseguiu entrar na mais nova moda dos smart phones; o WhatsApp. O comitê virtual criado pela estudante Larissa Paiva repercutiu, ganhou corpo e hoje está consolidado entre os jovens.
As estratégias deram certo e a prova está na pesquisa Serpes. O último levantamento mostrou que Marconi reduziu pela metade a diferença para Iris em Goiânia. O governador também lidera na faixa etária entre 16 e 24 anos: 35,8% contra 22,6% de Iris Rezende. Não se pode esquecer que o peemedebista tem outro entrave: a gestão conturbada de Paulo Garcia na Prefeitura de Goiânia.
Iris foi quem fez Paulo prefeito e as graves crises na gestão petista respingam no candidato do PMDB. Tanto que Iris nem fala em Paulo Garcia, assim como Antônio Gomide, que é do mesmo partido do prefeito da Capital.
Em off, peemedebistas admitem que Iris Rezende tem dois projetos para 2016: disputar a Prefeitura de Goiânia e lançar sua filha, Ana Paula, para prefeita de Senador Canedo. Iris Rezende estaria disposto a disputar a prefeitura mesmo sem o apoio do prefeito Paulo Garcia (PT). Uma coisa é certa: dificilmente, se candidato, será derrotado. O decano da política de Goiás permanece forte na capital.
Ao contrário do que especulam peemedebistas, Paulo Garcia não deixará o PT para acompanhar Iris Rezende. Aos poucos, pagando dívidas deixadas por Iris, Paulo Garcia está recuperando a prefeitura. Até o asfalto de má qualidade que Iris fez nos bairros vai ser corrigido pelo petista. O PT em peso, e até de joelho, reza para Paulo Garcia se livrar da influência castradora de Iris.
Os iristas são cautelosos nas críticas ao prefeito de Goiânia, Paulo Garcia, do PT. Eles explicam o motivo: “Iris Rezende respeita o petista, o vê como uma pessoa leal e, por isso, não aceita críticas públicas”. Porém, nos bastidores — e insistimos: as críticas não são feitas por Iris Rezende —, o pau come solto. Os peemedebistas, se o repórter concordar com conversas em off, abrem o jogo e garantem, com todas as letras, que a gestão de Paulo Garcia, que consideram ruim e até abaixo da crítica, é a principal responsável pela estagnação de Iris Rezende. Os peemedebistas dizem que o diferencial de Iris Rezende era Goiânia. Mas, como a gestão de Paulo Garcia, que dizem “anódina”, o peemedebista estaria sendo prejudicado. Os peemedebistas, sobretudo os mais jovens, estão cada vez mais irritados. Eles dizem que o eleitor de Goiânia tem a impressão de que, no momento, Marconi Perillo governa Goiás e, até, Goiânia.