Os eleitores “trocaram” Eerizânia por Márcio Corrêa. Democraticamente, membros do UB devem segui-los
29 setembro 2024 às 00h00
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Ministro da Educação do governo do presidente-general João Figueiredo, o professor, crítico e escritor Eduardo Portella (1932-2017) pediu demissão e disse: “Não sou ministro, estou ministro”.
Educadora, a candidata a prefeita de Anápolis pelo União Brasil, Eerizânia Freitas, é competente e séria. Ela esteve na redação do Jornal Opção, há pouco tempo, e os jornalistas puderam verificar que domina os temas centrais da gestão pública de sua cidade como poucos. É articulada e centrada.
Eerizânia Freiras é apoiada pelo prefeito Roberto Naves, que, apesar do desgaste intenso, não faz uma administração ruim. Seu maior problema é a incapacidade de agregar novos aliados. Ele se tornou uma indústria de fabricar adversários — até inimigos. O segundo problema é não ter colocado na área de comunicação da prefeitura experts no assunto. Optou por “amadores”, plebeus da inteligência e reis da intriga, e deu-se mal. Editar jornais e blogs — para atacar adversários — não é tarefa de gestores públicos. Quem adotou isto em Anápolis nada entende de história (não sabe que um dos motivos da crise do governo de Getúlio Vargas, na década de 1950, tem a ver com o fato de que financiou o jornal “Última Hora”, de Samuel Wainer, para defendê-lo).
É hora de formular uma pergunta: Eerizânia Freitas é candidata do União Brasil ou do RN? Na verdade, citando Eduardo Portella, a postulante poderia dizer: “Não sou UB, estou no UB”. A professora é chegante, não tem tradição no partido do governador Ronaldo Caiado. Por isso, é muito mais candidata de Roberto Naves, quer dizer, do RN.
Pelo fato de não ter nenhuma tradição no União Brasil, de não ter militado nas várias lutas do partido, Eerizânia Freitas não tem o apoio da maioria de seus membros estaduais e mesmo municipais.
O vice-presidente do União Brasil em Anápolis, José Caixeta, declarou apoio ao candidato do PL, Márcio Corrêa. Ele é pai de José Ricardo Caixeta, presidente da Agência Goiana de Defesa Agropecuária (Agrodefesa) do governo do Estado. Ao contrário de Eerizânia Freitas, os dois têm tradição ao lado de Ronaldo Caiado, de quem são amigos e aliados há muitos anos (desde os tempos em que Roberto Naves andava irmanado com Dilma Rousseff, do PT, Marconi Perillo, do PSDB, e Jovair Arantes, do PTB).
José Caixeta tem alguma coisa contra Eerizânia Freitas e, mesmo, Roberto Naves? Nenhuma. Mas, político sensato e de inteligência fina, sabe que Márcio Corrêa tem condições de ser eleito — quem sabe até no primeiro turno — se sua frente política for ampliada nesta semana decisiva, a última.
Quem joga no “time” de Antônio Gomide em Anápolis
Como tantos outros aliados do governador Ronaldo Caiado — e são vários —, o que a direita e a centro-direita não querem, isto sim, é colaborar, de maneira direta ou indireta, para “eleger” o candidato do PT, Antônio Gomide, a prefeito de Anápolis. Na guerra que é a política — ainda que sem armas —, é preciso escolher lado. No momento, políticos do União Brasil sabem que aquele (e aquela) que se posta contra Márcio Corrêa é um aliado de… Antônio Gomide, ou seja, do PT.
Não se pode sugerir que Eerivânia Freitas é nefelibata, porque não é. Mas talvez a educadora não saiba que, depois de os eleitores a abandonarem — quando optaram por Antônio Gomide e Márcio Corrêa —, vários integrantes de “seu” partido, de militantes a líderes, devem, na última semana do pleito, aderir à campanha de Márcio Corrêa. Aliás, “aderirem” nem é o termo correto, porque, a rigor, não estão com a postulante do partido RN. Portanto, não estão abandonando a postulante, pois nunca estiveram com ela. E, quando dizem que foi abandonada pelos eleitores — a maioria deles —, não estão equivocados.
A partir de segunda-feira, 30, a seis dias das eleições, novos integrantes (figuras importantes) do União Brasil deverão anunciar apoio à candidatura de Márcio Corrêa. Trata-se de uma decisão política e ideológica. Quer dizer, um “sim” à direita — e à centro-direita — e um rotundo “não” à esquerda. No momento, mesmo negando, Roberto Naves e sua pupila, Eerizânia Freitas, se comportam como linhas auxiliares do petismo de Antônio Gomide. Tanto é verdade que, temendo o desgaste do prefeito, o candidato do PT gravou vídeo informando que não quer o seu apoio (público, por certo). Mas em Anápolis todos sabem que Roberto Naves prefere uma vitória de Antônio Gomide do que uma vitória de Márcio Corrêa. Um jornalista local, famoso por circular em todos os governos (é conhecido como Forrest Gump do jornalismo), estaria fazendo a ponte entre o prefeito e o deputado.
O movimento da direita (e da centro-direita) democrática em direção a Márcio Corrêa não está circunscrito ao União Brasil. O ex-deputado federal José Mário Schreiner — respeitado presidente da Federação da Agricultura no Estado de Goiás (Faeg) — declarou apoio público ao candidato do PL. O ex-deputado federal Vilmar Rocha, ex-presidente do PSD no Estado de Goiás, também decidiu apoiar o jovem candidato a prefeito. “Márcio Corrêa representa a renovação na política de Anápolis. É hora de optar pela decência e pela competência”, afirma.
Então, vale insistir num ponto: se Eerizânia Freitas estar no (e “não” é do) União Brasil, assim como amanhã poderá se filiar ao Republicanos, talvez seja mesmo o momento de ficar com quem tem chance de vencer, representa o presente e o futuro (e não o passado). Por isso, aqueles membros do União Brasil que apoiam Márcio Corrêa não estão abandonando a candidata do RN, pois nunca a consideraram como integrante do UB. E eles têm razão quando dizem que a candidata do RN foi abandonada, na verdade, pelos eleitores. Como é que uma candidata apoiada por um prefeito, que controla uma máquina poderosa e milionária, não consegue ter 10% das intenções de voto?! Na vida, como na política, ninguém é obrigado a carregar o “caixão” dos “estranhos”. (E.F.B.)