O PMDB é o partido que virou caco… a quatro meses das eleições
14 maio 2014 às 11h34
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Guerra entre Iris Rezende e Júnior Friboi sugere que PMDB não pode pressionar por retirada de candidaturas de Vanderlan Cardoso e Antônio Gomide
Iris Rezende quer ser candidato a governador e não aceita que Júnior Friboi seja candidato ao mesmo posto. Friboi quer ser candidato a governador e não aceita que Iris seja o postulante. Iris quer Friboi na vice — como “trem-pagador” da campanha. Friboi quer Iris como candidato a senador — como senhor (da transferência) dos votos. O fato é que, a quatro meses das eleições, o PMDB é o partido que virou caco, ou, como diria o cineasta, que virou suco e pode virar pó.
Pegue um pires de louça quebrado. Mande um especialista colá-lo. O pires poderá ser usado, mas as marcas do quebrado — as rachaduras — permanecerão. Indeléveis ou não. Assim é o PMDB. Qualquer seja seu candidato a governador — Iris, o nome da tradição, ou Friboi, o nome da renovação interna —, o partido irá dividido para o pleito de 5 de outubro deste ano. Se unido, o PMDB já não ganhava do governador Marconi Perillo, imagine dividido. O PMDB parece que planeja “doar” um quarto mandato para o tucano-chefe. A casa dividida, diria Abraham Lincoln, é um “instrumento” eficaz para favorecer o adversário.
Iris está fornecendo todos os argumentos para o marconismo “atacar” Friboi na campanha. O peemedebista estaria, segundo as críticas de Iris, praticamente “comprando” apoios, o que descambará, possivelmente, em “compra” de votos. Iris está praticamente saindo das insinuações, do ataque velado, para a crítica direta, incisiva. Suas críticas recentes são todas endereçadas a Friboi — não ao adversário principal, Marconi. Mas os petardos demolidores têm certa lógica: Friboi, e não Marconi, é o adversário a ser “eliminado” na fase preliminar, quando a disputa é interna. Iris está no ataque — e ataca bem. E com uma vantagem: o atacado não tem como atacá-lo, porque, se o fizer, estará cometendo suicídio político. Porque é melhor ter um Iris desmotivado do que ter um Iris como adversário, e até inimigo, na campanha.
O irismo esboça sua tese mais cara: Iris é capaz de unir as oposições. Talvez seja. Talvez não seja. Mas o recado que o peemedebismo está repassando aos demais partidos de oposição não é dos melhores: se não consegue unir-se internamente, pacificando divergências cada vez mais incontornáveis, como cobrar apoio dos pré-candidatos a governador pelo PSB, Vanderlan Cardoso, e pelo PT, Antônio Gomide? Vanderlan e Gomide não podem retirar suas candidaturas, que estão praticamente consolidadas e acatadas pelas direções de seus partidos em nível nacional, para compor com um partido que não sabe, a quatro meses das eleições, quem vai lançar para governador. Mais: seus pré-candidatos — um, Iris, não é pré-candidato, mas comporta-se como candidato por direito histórico — estão em guerra aberta. Compor com quem, afinal?
A situação (leia-se Marconi) não para de aplaudir e de soltar foguetes.