Coronavírus foram encontrados “em suspensão no ar nas imediações de prédios residenciais e supermercados próximos aos hospitais — em concentrações menores”

Uma equipe de Ke Lan, da Universidade de Wuhan, publicou um estudo na revista “Nature” que apresenta dados preocupantes, sobretudo para aqueles que não estão ou não têm como ficar em quarentena. A repórter Ana Lucia Azevedo, de “O Globo”, divulgou a pesquisa no Brasil: “O coronavírus Sars-CoV-2 pode permanecer no ar por tempo indeterminado em ambientes abertos e no interior de prédios. A descoberta mostra que o risco de contágio é substancialmente maior, alerta hoje [segunda-feira, 27] um estudo publicado na revista Nature. Partículas em suspensão do coronavírus, em aerossol, foram detectadas no monitoramento ambiental de dois hospitais de tratamento de Covid 19 e de áreas públicas vizinhas a eles em Wuhan, na China”.

Os cientistas responsáveis pela pesquisa frisam que ainda não tem como precisar “o potencial de infecção do vírus em suspensão no ar”. As amostras (40 em 31 lugares diferentes) são pequenas. Mas os pesquisadores sugerem que “a descoberta é importante para alertar sobre a necessidade de evitar multidões, manter a boa ventilação e realizar desinfecção cuidadosa de todos os ambientes”.

O que já está comprovado é que “o coronavírus pode ser transmitido” por intermédio “do contato próximo com uma pessoa infectada, por meio do contato com superfícies contaminadas ou pela inalação de gotículas liberadas pela respiração ou a fala de pessoas com o vírus. Mas há dúvidas sobre o potencial de contágio do vírus em suspensão no ar”.

O preocupante, expõe a pesquisa, é que os cientistas “encontraram amostras com o coronavírus dentro e fora de dois hospitais dedicados à Covid 19 em fevereiro e março. Um deles era um hospital de campanha em Wuhan. Nas enfermarias, a concentração do coronavírus era maior do que nos banheiros. Isso se explica porque os banheiros não são ventilados, enquanto as enfermarias eram isoladas e tinham o ar trocado em um ambiente controlado. O ambiente com a maior concentração de coronavirus foram justamente as salas usadas para a retirada dos EPIs por profissionais de saúde”.

A pesquisa anota que o coronavírus foi encontrado também “em suspensão no ar nas imediações de prédios residenciais e supermercados próximos aos hospitais, porém, em concentrações menores. No entanto, uma área aberta por onde passava mais gente junto a um dos hospitais teve registrada elevada concentração de coronavírus. Uma explicação para isso seria o trânsito de pessoas infectadas por essas áreas. O próximo passo dos cientistas será avaliar o potencial de infecção do coronavírus em aerossol e por quanto tempo ele pode permanecer infeccioso nessas condições”.

O alerta é significativo, sobretudo porque prova que o novo coronavírus ainda está sendo compreendido, inclusive na questão de como ocorre a contaminação.