Ministério Público denuncia Paulo Skaf por caixa 2, corrupção passiva e lavagem de dinheiro
28 abril 2020 às 12h53
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Aliado do presidente Bolsonaro na constituição do Aliança para o Brasil, o presidente da Fiesp frisa que “a acusação é infundada”
O presidente Jair Bolsonaro terá dificuldade com mais um aliado, o presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo, Paulo Skaf, um dos organizadores do partido Aliança para o Brasil. O dirigente da Fiesp foi denunciado pelo Ministério Público Eleitoral de São Paulo, que o acusa de, na campanha para o governo paulista em 2014, ter recebido propina no valor de 5,1 milhões de reais.
A propina teria sido paga ao marqueteiro da campanha de Paulo Skaf, Duda Mendonça — o mesmo de esquemas anteriores. Os promotores eleitorais Fábio Ramazzini Bechara, Everton Luiz Zanella, Luiz Ambra Neto, João Santa Terra Junior e Tiago Cintra Essado frisam que a denúncia tem a ver com os crimes de caixa dois, corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Mais oito pessoas foram denunciadas, como o ex-presidente da Odebrecht Marcelo Odebrecht — o ex-príncipe dos empreiteiros patropis — e Duda Mendonça (tido como “reinventor” de Lula da Silva em 2002).
Segundo o Ministério Público, Paulo Skaf, de origem libanesa, aparece com o codinome de “Tabule” e “Kibe” nas planilhas da Odebrecht. O esquema teria sido acertado, no Palácio Jaburu, entre o então vice-presidente Michel Temer, um dirigente da Odebrecht e outras pessoas. “Nessa ocasião, dentre outros assuntos, foi acordada a destinação da quantia de R$ 10 milhões para o PMDB, sendo que R$ 6 milhões para a campanha de Paulo Skaf ao governo do Estado de São Paulo, a ser paga pelo grupo Odebrecht, por meio do Departamento de Operações Estruturadas, os quais seriam pagos através de um contrato fictício com a empresa de Duda Mendonça”, sustenta a equipe de promotores
Há e-mails trocados entre executivos da Odebrecht e Marcelo Odebrecht nos quais conversam sobre os pagamentos. Marcelo Odebrecht frisa que PS (talvez Paulo Skaf) “ficou com aquele buraco de 4 reais com DM” (possivelmente Duda Mendonça). 4 reais, no caso, devem ser 4 milhões de reais. “Depois de muito choro não tive como não ajudar na seguinte linha (de ter algum conforto ainda que “moral”)”, assinala o empresário.
Nota de Paulo Skaf contesta a denúncia do Ministério público
“Trata-se de acusação completamente infundada, cuja investigação sempre esteve em segredo de justiça. A defesa informa também que todas as doações recebidas pela campanha de Skaf ao governo de São Paulo em 2014 estão devidamente registradas na Justiça Eleitoral, que aprovou sua prestação de contas sem qualquer reparo de mérito. Paulo Skaf reitera que ele nunca pediu e nem autorizou ninguém a pedir qualquer contribuição de campanha que não as regularmente declaradas. Salienta, uma vez mais, a absoluta confiança no Poder Judiciário, o qual restabelecerá a verdade neste caso.”