Mentor de Michelle Bolsonaro, Wilder opera para travar aliança do PL com Caiado e Daniel Vilela
01 dezembro 2024 às 00h00
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Ex-marido da advogada Andressa Mendonça, o senador Wilder Morais, do PL, é considerado, até por aliados, como o “rei dos salamaleques”. Quando está em Goiás, costuma se referir ao governador Ronaldo Caiado, do União Brasil, como “meu irmãozinho”.
Porém, quando está em Brasília ou em Angra dos Reis — onde costumar abrigar o ex-presidente Jair Bolsonaro, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, o senador Flávio Bolsonaro e o deputado federal Eduardo Bolsonaro —, de acordo com duas fontes do PL, fala cobras e lagartos tanto do gestor goiano quando do vice-governador Daniel Vilela. São apontados não apenas como adversários, e sim, sobretudo, como inimigos.
Na disputa para a Prefeitura de Goiânia, este ano, estava praticamente acertado que o quase-advogado Fred Rodrigues seria vice de Sandro Mabel, do União Brasil, que acabou eleito. Fred Rodrigues e seu mentor, Gustavo Gayer, circulavam pelo Palácio das Esmeraldas e pelo Palácio Pedro Ludovico (Centro Administrativo) com desenvoltura, sem nenhuma irritação.
Entretanto, Wilder Morais teria procurado Valdemar Costa Neto e Jair Bolsonaro e dito que, em caso de aliança com Sandro Mabel, poderia até mesmo sair do PL. Poderia se filiar ao PSD de Gilberto Kassab. Por isso, Valdemar Costa Neto e o ex-presidente recuaram e, açulados pelo senador, decidiram bancar a candidatura de Fred Rodrigues.
Então, pode-se dizer que a derrota de Goiânia — assim como a do deputado federal Professor Alcides Ribeiro, em Aparecida de Goiânia — deve ser atribuída menos a Fred Rodrigues e a Gustavo Gayer e muito mais ao presidente do PL em Goiás, Wilder Morais.
De acordo com a colunista de “O Globo” Bela Megale, Wilder Morais está se comportando como “mentor intelectual” de Michelle Bolsonaro. Por isso a ex-primeira-dama — que deve ser candidata a senadora no Distrito Federal, bancada pelo senador e pelo governador do DF, Ibaneis Rocha — opera pelo afastamento entre Jair Bolsonaro e Ronaldo Caiado. Ela estaria sob influência do senador de Taquaral de Goiás.
Base do PL quer aliança com Caiado e Daniel Vilela
Um dos pontos da discórdia, ressalta Bela Megale, “é que Wilder Morais tenta se cacifar para concorrer à sucessão de Caiado em 2026, enquanto o governador deseja que o posto seja ocupado por seu atual vice, Daniel Vilela (MDB)”.
Isolado politicamente, Wilder Morais, de acordo com fontes do PL, estaria disposto a se aproximar do ex-governador Marconi Perillo, do PSD. O tucano planeja disputar o governo de Goiás, em 2026, mas os integrantes do Partido Liberal sugerem que pode acabar compondo com Wilder Morais. Ele seria candidato a senador ou vice-governador na chapa. O deputado Gustavo Gayer iria a senador.
Porém, a base do PL no interior — sobretudo os prefeitos, como Carlinhos do Mangão — prefere compor com Ronaldo Caiado e Daniel Vilela. A maioria dos prefeitos só fica no PL se houver uma composição com a base governista. O partido corre o risco de começar 2025 com apenas dois prefeitos, Geneilton de Assis, de Jataí, e Simone Ribeiro, de Formosa. Um prefeito do PL é peremptório: “O projeto de disputar o governo em 2026 nem é do PL, é de Wilder Morais. O senador está pensando apenas nele, e não nos prefeitos do partido. Wilder não ouve as bases, não fala com nenhum dos prefeitos eleitos ou reeleitos. Comporta-se não como líder, e sim como dono do PL”.
Há quem postule que, se perder em 2026, o PL sairá chamuscado de vez, porque a derrota do partido em 2024 quase o liquidou na capital e no interior. Por isso há quem avalie, no próprio PL, que o partido deveria compor com Ronaldo Caiado e Daniel Vilela. O Partido Liberal poderia indicar, por exemplo, o ex-deputado federal Major Vitor ou Gustavo Gayer na chapa de Daniel Vilela e Gracinha Caiado. O cantor Gusttavo Lima, ligado a Jair Bolsonaro, também é cotado. (E.F.B.)