Numa conversa com dois deputados goianos, um membro do alto clero do Partido Liberal deu uma opinião incisiva: “O ex-deputado federal Major Vitor Hugo, uma das figuras-chaves do bolsonarismo em Goiás e no Centro-Oeste, vai apoiar o empresário e suplente de deputado federal Márcio Corrêa, do MDB, para prefeito de Anápolis”.

O integrante do PL postula que, em Anápolis, Major Vitor Hugo e o bolsonarismo — que, a rigor, são uma coisa só —, não apoiam o pré-candidato apoiado pelo prefeito Roberto Naves (Republicanos), possivelmente Márcio Cândido, do PSD (por sinal, partido do senador Vanderlan Cardoso — hoje, persona non grata no bolsonarismo).

O que se diz, entre os bolsonaristas, é que Márcio Corrêa, além de evangélico, integra as hostes da direita que não recua. No período em que esteve na Câmara dos Deputados, no lugar de Célio Silveira — que havia se licenciado —, o político de Anápolis foi escrutinado, com o máximo de atenção, pelo bolsonarismo. Em nenhum momento o líder anapolino titubeou: coerentemente, defendeu Bolsonaro e criticou o governo de Lula da Silva. Conclusão do bolsonarismo: Márcio Corrêa não é, ao contrário do senador Vanderlan Cardoso, “direita de fachada, de butique”.

Campanha de virada: estrutura e apoios

Há um problema para a direita em Anápolis. Se não marchar unida, fixando-se num candidato e concentrando apoio, corre-se o risco de a esquerda — leia-se Antônio Gomide, do PT — conseguir eleger o prefeito.

Márcio Corrêa quer e trabalha para ser candidato. Porém, como os apoios tardam a ser definidos, terá de fazer uma campanha de virada. Como se sabe, só se vira um pleito, no qual o primeiro colocado está muito na frente, como Antônio Gomide — mais de 40% das intenções de voto —, com ampla estrutura (inclusive financeira) e apoios múltiplos.

Estrutura, por certo, Márcio Corrêa terá, a do MDB e a sua própria, que é capaz de mobilizar. Apoios múltiplos são, entre outros, muitos candidatos a vereador, o governador Ronaldo Caiado (decisivo em Anápolis), o vice-governador Daniel Vilela (presidente do MDB), o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o senador Wilder Morais (PL) e Major Vitor Hugo (PL). A virada, se for possível, sairá daí. (E.F.B.)