Mauro Carlesse pode disputar mandato de deputado pra não enfrentar a senadora Kátia Abreu
25 abril 2021 às 00h00
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Deputado assegura que o governador vai renunciar em abril de 2022. “Porque, para ter ‘imunidade’, precisa de mandato”
O governador do Tocantins, Mauro Carlesse (que agora se filiou ao PSL), adota dois discursos. Para consumo público, sugere que vai deixar o governo no início de abril de 2022 com o objetivo de disputar mandato de senador. Mas, nos bastidores, o gestor estadual admite que pode disputar mandato de deputado federal.
“Como não pode ficar sem mandato, por causa dos possíveis processos judiciais, Carlesse vai disputar uma vaga na Câmara dos Deputados. Ele precisa conquistar ‘imunidade parlamentar’ para se proteger”, afirma um deputado.
Gestor populista, mais atento às próximas eleições do que às contas do Tocantins, Carlesse faz o impossível para agradar o funcionalismo público. “A tese do governador é a seguinte: há 37 mil funcionários públicos e todos têm famílias. Portanto, se 25 mil funcionários votarem nele e atraírem mais 25 mil eleitores, Carlesse sai com uma frente de 50 mil votos — o que o fortalecerá tanto para senador quando para deputado federal”, diz o parlamentar.
O deputado sustenta que, por onde passa, Carlesse garante que a senadora Kátia Abreu (Progressistas) “está desgastada” e, por isso, “não” terá condições de disputar a reeleição, em 2022.
Pode até ser que Kátia Abreu tenha desgaste, pois participa da vida política há vários anos, porém não tem perdido eleição. Mas a senadora é respeitada nacionalmente e isto certamente é motivo de orgulho para os eleitores tocantinenses. Já Carlesse é, segundo o deputado, um político “provinciano”. “Com seu português estropiado, atropelando a ortografia e as concordâncias, passaria vergonha nos tocantinenses se, se eleito, tiver de fazer um discurso no Senado. É melhor elegê-lo para a Câmara dos Deputados, onde, no meio de 512 parlamentares, ficará incógnito — como membro do baixo clero”, sugere o deputado.
Na eleição de 2022 apenas uma vaga no Senado estará em jogo — a de Kátia Abreu. E, sem o governo, Carlesse talvez não seja páreo para uma política altamente profissional e atenta como a senadora.