Márcio Corrêa (ou Amilton Filho) pode se filiar ao União Brasil pra disputar a Prefeitura de Anápolis
22 outubro 2023 às 00h09
COMPARTILHAR
O bardo Carlos Drummond de Andrade, se fosse vivo e morasse em Anápolis, escreveria um poema assim: “Roberto Naves, que não gosta de Márcio Corrêa, que não gosta de Roberto Naves, que aprecia Amilton Filho…”.
Pois bem: no momento, apesar de tantos políticos planejando disputar a Prefeitura de Anápolis — cidade que tem o terceiro maior eleitorado de Goiás —, não se sabe exatamente quem será candidato contra o deputado estadual Antônio Gomide, do PT. O petista lidera nas pesquisas de intenção de voto, com uma frente folgada (há quem postule que seja uma frente inercial, dada a falta de clareza de quem será o candidato da base governista).
Quem está realmente no jogo para a disputa de 2024? Não se sabe. Ainda. Confira, em ordem alfabética, os nomes mais citados: Amilton Filho (MDB), Antônio Gomide (PT), Eerizania Éneas de Freitas, Hélio Araújo (PL), Hélio Lopes (sem partido), Leandro Ribeiro (pP), Márcio Cândido (PSD) e Márcio Corrêa (MDB). Todos serão candidatos? Não. Se Márcio Corrêa for candidato, Amilton Filho não será — e vice-versa. Hélio Lopes, por falta de estrutura partidária, dificilmente será candidato. Hélio Araújo é mais cotado para vice (ele gostaria de ser vice de Márcio Corrêa, como representante do bolsonarismo).
Há várias teses sobre a disputa em Anápolis. Mencionemos as duas mais ventiladas. Primeiro, há a tese de que, com muitos candidatos, a disputa será levada para o segundo turno. Noutras palavras, Antônio Gomide não seria eleito no primeiro turno.
Segundo, há a tese de que, com um único candidato, a base governista poderia isolar o postulante petista e ganhar no primeiro turno.
São teses especulativas, porque a eleição será disputada, daqui a 11 meses, apenas em outubro de 2024. Então, o quadro político poderá ser diferente do de hoje.
Não se pense que o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), não está de olho na disputa de Anápolis. Ele está atento às articulações políticas de lá — com olhos de lince. Mas, como político hábil e maduro, está deixando as coisas correrem. Na hora agá, colocará seu dedo na história e, certamente, vai propor um rumo para o suposto caos atual.
Na política, pensa-se muito no projeto pessoal. Mas os políticos fortes, aqueles que se consolidam para além de uma ou duas eleições, são aqueles que articulam de maneira coletiva, pensando em si, mas também no grupo.
Portanto, na hora certa, Ronaldo Caiado deverá interferir, ao lado do vice-governador Daniel Vilela (MDB), para formatar uma frente ampla com o objetivo de eleger o prefeito e, claro, derrotar Antônio Gomide.
Quais são os nomes preferidos do governo em Anápolis? A verdade é que o nome não está definido. Ronaldo Caiado nunca falou publicamente a respeito — e, pelo que se sabe, não tem falado nem nos bastidores. Porém, há pelo menos dois nomes mais considerados pela base governista, no momento: o deputado federal Márcio Corrêa e o deputado estadual Amilton Filho, ambos do MDB.
Márcio Corrêa é o nome preferido de Daniel Vilela. Amilton Filho seria o nome preferido do Palácio das Esmeraldas? Como Ronaldo Caiado não fala sobre o assunto, não dá para saber. Mas procede que, se Márcio Corrêa, não entusiasma o prefeito Roberto Naves — o jogo vai passar, em parte, por suas mãos (ninguém pode desconsiderar o peso da máquina pública) —, Amilton Filho empolga.
Pode sair um candidato alternativo em Anápolis, como Eerizania Éneas de Freitas, Leandro Ribeiro e Márcio Cândido (vice-prefeito, evangélico)? É até possível, mas será muito difícil. Exceto, claro, se começarem a aparecer bem nas pesquisas de intenção de voto — o que não vem acontecendo.
O que se comenta, nos bastidores, é que o candidato a prefeito sairá dos quadros do União Brasil. Quem será? De novo, não se sabe. Mas comenta-se que há uma operação em curso para filiar Márcio Corrêa ou Amilton Filho ao partido de Ronaldo Caiado. Talvez seja a senha: aquele que se filiar primeiro poderá ser o candidato da base governista. A operação tende a ser costurada tanto pelo governador quanto por Daniel Vilela. Aquele que trocar de partido, mesmo sem janela partidária, não perderá o mandato. É o que pode ser costurado, em breve.
Alguém vai ficar fora do acordão geral que estaria sendo planejado para Anápolis? É provável que não — exceto se estiver planejando ficar fora da base governista para os projetos eleitorais de 2024 e 2026. Há quem postule que o frentão de 2024, em Anápolis, terá os seguintes personagens: Alexandre Baldy (pP), Amilton Filho (talvez no União Brasil), Eerizania Éneas (Republicanos), Hélio Araújo (PL), Hélio Lopes, Leandro Ribeiro (pP), Major Vitor Hugo (PL), Márcio Cândido (PSD), Márcio Corrêa (MDB, talvez a caminho do União Brasil), Roberto Naves (Republicanos) e Vivian Naves (pP).
Na quarta-feira, 18, na Assembleia Legislativa, ao comentar sobre o exército eleitoral que estaria sendo formatado em e para Anápolis, um deputado disse a um repórter do Jornal Opção: “Não é um exército qualquer. O frentão equivale, guardadas as proporções, aos exércitos dos Estados Unidos, da China e da Rússia juntos. O candidato governista terá um exército poderoso bancando-o. Já Antônio Gomide terá, no máximo, uma delegacia de polícia. E anote: o presidente Lula da Silva, se divulgar vídeo pró-Antônio Gomide, pode prejudicá-lo. Porque o PT é mais malvisto na cidade do que Gomide. O ex-presidente Jair Bolsonaro é muito mais forte em Anápolis do que Lula”. (E.F.B.)