Sem o MDB, o governador certamente bancará aliança com o PSD de Henrique Vilela, com o deputado Lissauer Vieira ou com o PP de Roberto Naves

A definição da chapa majoritária do governador de Goiás, Ronaldo Caiado, é tão importante que vai ser crucial para a remontagem de sua equipe. Aposta-se que, assentada a chapa, a reforma sai do papel. Mas há quem acredite que, como a aliança eleitoral só será definida em 2022, a reforma tende a sair antes, mas contemplando as novas forças que apoiarão o projeto de reeleição do líder do partido Democratas.

Pode-se falar que há uma chapa quase definida? Não. As conversas, a rigor, começaram apenas agora. Portanto, são preliminares. As portas estão abertas e, como dizem os políticos, não se arrombam portas abertas.

No momento, há ao menos quatro possibilidades mais prováveis (há até uma quinta: Caiado para governador, Lissauer Vieira na vice e Daniel Vilela para senador).

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Ronaldo Caiado (governo), Lissauer Vieira (vice) e Henrique Meirelles (senador)
Lissauer Vieira: presidente da Assembleia Legislativa de Goiás| Foto: Divulgação

Lissauer Vieira (PSB, nas de saída) é visto como um político “confiável” e “comprometido”. Como presidente da Assembleia Legislativa, operou, com rara competência — como articulador político —, para aprovar os projetos do governo. Conquistou tanto a estima de Ronaldo Caiado (Democratas) quanto dos parlamentares, “por ser bom de trato e, na busca do consenso, respeitar as diferenças de opinião”, afirma um deputado. Se o governador for reeleito, a tendência é que deixe o governo, em abril de 2022, para disputar mandato de senador — o que possibilitará ao vice assumir o governo e, portanto, disputar a reeleição. O deputado é visto como o político que, no governo, manterá a base política agregada. Não representará uma ruptura.

Quanto a Henrique Meirelles, há resistência na base ao seu nome, sobretudo porque não mora em Goiás e, tendo chegado agora, já quer ficar na “janelinha”. Ao mesmo tempo, é visto como um político capaz de movimentar grandes estruturas, podendo bancar vários candidatos a deputado estadual e federal — o que, numa campanha, faz a diferença. Ao mesmo tempo, pertence a um partido representativo, o PSD do senador Vanderlan Cardoso, do deputado federal Francisco Júnior e do ex-deputado federal Vilmar Rocha, presidente da legenda em Goiás.

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Ronaldo Caiado (governo), Daniel Vilela (vice) e Henrique Meirelles (senador)
Daniel Vilela: presidente do MDB | Foto: Fernando Leite/Jornal Opção

Um grupo político forte, liderado por Adib Elias (Podemos), Alexandre Baldy (PP) e Roberto Naves (PP), é contrário à presença de Daniel Vilela na vice — e pensando exatamente na disputa de 2026. Teme que, uma vez no poder, o emedebista o alija da estrutura do governo.

Mas Ronaldo Caiado, um realista e estrategista, pensa de maneira mais ampla. O governador quer uma reeleição menos complicada. Sem o MDB, a oposição irá enfraquecida para a disputa de 2022. Hoje, com Daniel Vilela ou Gustavo Mendanha, o emedebismo é o pé de apoio das oposições. Com o MDB na chapa governista, a tendência é que Ronaldo Caiado seja reeleito no primeiro turno.

O MDB é forte porque, além de ter duas lideranças consolidadas, Iris Rezende e Daniel Vilela, e uma liderança se consolidando, o presidente de Aparecida de Goiânia, Gustavo Mendanha, está instalado nos 246 municípios do Estado. Trata-se de um partido que, tendo uma tradição histórica forte, está enraizado em todas as cidades goianas — inclusive onde não tem prefeitos.

Noutras palavras, o MDB acrescenta. Há também a possibilidade de Iris Rezende figurar na chapa como candidato a senador. Neste caso, Daniel Vilela iria a deputado federal. Fala-se também que, apesar da resistência de Gustavo Mendanha, mesmo ele pode figurar na chapa majoritária.

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Ronaldo Caiado (governo), Roberto Naves (vice) e Daniel Vilela (Senado)
Roberto Naves: prefeito de Anápolis | Foto: Fernando Leite/Jornal Opção

O prefeito de Anápolis, Roberto Naves (PP), foi reeleito, derrotando um ícone da política local, o deputado estadual Antônio Gomide (PT). A preferência do partido Progressistas é outra. O partido quer bancar o ex-ministro Alexandre Baldy para senador, mas há resistência ao seu nome — há quem acredite que é instransponível e há quem aposte que nada é intransponível em política — na base governista. Fala-se: o jovem político joga mais para si do que para o projeto coletivo.

O fato é que o Progressistas tem dois tipos de força. Primeiro, tem o prefeito da cidade cujo eleitorado é o terceiro maior de Goiás — uma espécie de contraponto para o eleitorado de Aparecida de Goiás, município onde pontifica Gustavo Mendanha. Segundo, por meio tanto de Roberto Naves quanto de Alexandre Baldy, seu presidente em Goiás, é capaz de movimentar uma ampla estrutura político-eleitoral e financeira.

Adib Elias, principal político do Sudeste de Goiás, que também tem interesse em ser vice, certamente apoiaria uma composição de Ronaldo Caiado com o PP de Roberto Naves e Alexandre Baldy. O prefeito de Catalão lidera o Podemos numa aliança com o PP de Naves e Baldy. É uma aliança que visa não apenas “travar” a participação do MDB na chapa de Ronaldo Caiado (aliás, tenta impedir mais a participação de Daniel Vilela, mas certamente, ao menos Adib Elias, não tentaria vetar Iris Rezende, um aliado histórico do guru do prefeito — Haley Margon Vaz). Visa sobretudo ocupar espaço, pensando no futuro, quer dizer, em 2026.

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Ronaldo Caiado (governo), Lissauer Vieira (vice) e João Campos (senador)
João Campos: deputado federal | Foto: Divulgação

É a chapa mais improvável? Talvez sim. Talvez não. João Campos é presidente do Republicanos, partido ao qual é filiado o prefeito de Goiânia, Rogério Cruz. A capital tem quase 1 milhão de eleitores e é decisiva em qualquer eleição, até porque tudo que acontece na cidade reverbera nos demais municípios. Ao mesmo tempo, o deputado federal tem apoio na Igreja Assembleia de Deus e na Igreja Universal. Portanto, trata-se de um nome forte. Só que, apesar de ter o prefeito da capital, o Republicanos não tem o peso político do MDB, porque lhe falta capilaridade no interior.

O que se diz é que, com o apoio do MDB, longe de afastar parte da base, Ronaldo Caiado vai agregá-la. Porque se tornará favoritíssimo, e para ganhar no primeiro turno. Aposta-se que DEM, MDB, PP, PSD, Republicanos, Podemos, Pros, Cidadania — verdadeiras forças armadas eleitorais — marcharão unidos em torno do governador.