Ao se lançar para o Senado, o deputado federal pode ter perdido espaço para o deputado estadual, que irá a federal em 2022

O deputado federal João Campos, do partido Republicanos, é um político que não perde eleições. Ele só é discreto aparentemente. Nos bastidores, é um leão para trabalhar, movimentando grandes grupos de apoio, sobretudo no meio evangélico e, também, no meio policial (é delegado da Polícia Civil licenciado).

João Campos pertence à Assembleia de Deus, uma das igrejas evangélicas mais respeitadas do país. Em Goiás, está instalada em praticamente todos os 246 municípios. Portanto, aquele que planeja disputar mandato eletivo e conta com o apoio da igreja tende a ser forte. No momento, há pelo menos cinco políticos com mandato que foram bancados pela igreja: os senadores Vanderlan Cardoso e Luiz Carlos do Carmo, os deputados federais João Campos e Glaustin da Fokus (PSC) e o deputado estadual Henrique César (o mais votado do pleito de 2018, do PSC).

João Campos e Jefferson Rodrigues | Fotos: Reproduções

Político atuante, João Campos é apontado como um político “decente”. Mesmo não sendo midiático, talvez por timidez, seu trabalho repercute, de maneira intensa, nas suas bases.

Entretanto, mesmo sendo um político experiente, pode ter cometido um erro tático e estratégico. Supostamente pressionado pelo Republicanos em termos nacionais, lançou-se como postulante a uma vaga no Senado. Como em política o espaço não fica vazio, imediatamente o deputado estadual Jefferson Rodrigues, pastor da Igreja Universal, postou-se como pré-candidato a deputado federal.

Hoje, o principal candidato a deputado federal pelo Republicanos é Jefferson Rodrigues, que tem o apoio do partido, da Igreja Universal e do prefeito de Goiânia, Rogério Cruz.

Se João Campos não for candidato a senador, recuando para a disputa da reeleição, não terá mais o apoio da Igreja Universal — que o bancou em 2018 — nem do prefeito da capital (um deputado brinca: “Quem sai ao vento perde o assento, é o caso de João Campos”). Seu cacife ficará um pouco menor — o que não significa que não poderá ganhar. Porque, no fundo, o deputado federal é uma máquina de fazer política — ainda que, como se disse, sem fazer alarde de sua articulação.

A disputa para senador no grupo (e na chapa) do governador Ronaldo Caiado está congestionada. Iris Rezende, Daniel Vilela e Henrique Meirelles estão mais cacifados do que João Campos. Portanto, a tendência — repita-se: tendência — é que João Campos não seja candidato a senador. Poderia compor com Gustavo Mendanha, possível candidato do Podemos ou do PSL a governador? É possível. Mas, se é presidente do Republicanos em Goiás, o comando real do partido pertence à Igreja Universal, da qual o deputado não é integrante. O presidente nacional do Republicanos, Marcos Pereira, se envolve, quando necessário, nas questões estaduais. Hoje, a tendência é que o partido participe da aliança de Ronaldo Caiado.

Não se está sugerindo que, partir de 2023, João Campos ficará sem mandato. Porque, sublinhando, é um profissional da política. Mas, se realmente perdeu bases político-eleitorais, e se o partido eleger apenas um deputado — talvez Jefferson Rodrigues —, João Campos pode sair menor da disputa eleitoral de 2022. Se ficar sem mandato, perderá o comando do Republicanos, possivelmente.