Governo de Bolsonaro discute privatização do Banco do Brasil, diz O Globo

03 dezembro 2019 às 08h12

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O Ministério da Economia nega a privatização. Mas o jornal apurou que o assunto está sendo debatido pela equipe econômica
O presidente da República é Jair Bolsonaro, mas o ministro da Economia, Paulo Guedes, é uma espécie de primeiro-ministro do campo econômico. Pois, segundo “O Globo” (edição de terça-feira, 3 — reportagem de Manoel Ventura), Paulo Guedes e sua equipe vão “iniciar um processo que pode levar à privatização do Banco do Brasil”.
O grupo que dirige a economia estaria tentando convencer Jair Bolsonaro do quão importante seria a privatização do BB.

Só que o Banco do Brasil não seria privatizado de imediato, “podendo ocorrer até o fim do mandato, em 2022”. Frise-se que, numa nota, o Ministério da Economia contrapôs: o governo Bolsonaro “não pretende privatizar Banco do Brasil, Caixa e Petrobrás”. O BB decidiu não comentar a discussão.
“O Globo” informa que, “apesar da negativa, o tema já é alvo de discussões dentro do governo. A privatização do BB chegou a ser abordada durante reunião do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), o braço de privatizações do governo federal, há duas semanas”.
Uma fonte que participa da interlocução com parlamentares disse ao jornal: “O ministro tenta convencer o presidente a já colocar o Banco do Brasil nas privatizações que serão enviadas ao Congresso no próximo ano, para deixar uma lista mais parruda”.
O presidente do BB, Rubem Novaes, seria um defensor da privatização no governo. “Ele já chegou a afirmar que a privatização do Banco do Brasil seria inevitável”, relata o jornal.
Entrevistado pelo jornal, no domingo, Paulo Guedes disse, sem detalhar qual seria a estatal, que “uma privatização poderia render 250 bilhões de reais”. Só duas empresas públicas têm “potencial para superar as centenas de bilhões: BB e Petrobrás”.
A consultoria Economática sustenta que o Banco do Brasil vale 133 bilhões de reais. “A parcela que pertence à União equivale a 66 bilhões de reais.”
A economia Elena Landau postula que a privatização do BB seria positiva. Mas sugere que “mais empresas sejam incluídas na lista”.
“A privatização vai na linha do Banco Central de aumentar a competição do setor financeiro. A modelagem ter que ser nesse sentido. Tem que ter capital estrangeiro. Apesar de achar pouco, está no caminho certo”, afirma Elena Landau. A economista frisa que o crédito agrícola pode ser a pedra no caminho da privatização. “O BB já mudou governança, fez desinvestimentos, está sendo preparado para fenda. O único nicho de oposição no BB é o crédito agrícola.”
Mesmo sabendo “das dificuldades políticas e burocráticas”, Paulo Guedes, sublinha “O Globo”, “tem o desejo de vender todas as empresas públicas”. Emissários do ministro estão sondando o ânimo do Congresso a respeito de algumas privatizações.
Para privatizar a Petrobrás, a Eletrobrás, o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal necessita-se de uma lei específica. “A avaliação inicial de integrantes da ala política do governo foi que haveria pouca resistência a uma eventual privatização do BB, gerando menos dificuldades ao governo, enquanto deputados e senadores não aceitariam vender a Caixa”, assinala “O Globo”.
Os principais auxiliares do ministro apostam que a privatização do Banco do Brasil seria “uma maneira de baratear e diversificar o acesso ao crédito no país. O setor é considerado altamente concentrado e pouco competitivo por integrantes da equipe econômica”. A concentração, na opinião dos guedistas do governo, “pune consumidores e empresas. Por isso, a preferência seria que o banco fosse administrado por uma empresa estrangeira”.
O Banco do Brasil “já vendeu sua participação na resseguradora IRB, fez oferta secundária de ações, e vendeu fatia na BB Seguridade, na Neoenergia, na Cibrasec e na SBCE”. Quer dizer, já está menor.