Secretário frisa que, diferentemente de Marconi Perillo, o novo governador não aceita ser pressionado e não quer promoção pessoal

O governador de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM), definiu sua política de comunicação e os valores financeiros. O gestor chamou a secretária de Comunicação, Valéria Torres, e esclareceu que  não se interessa por propaganda para promovê-lo em termos pessoais. Pelo contrário, postula uma comunicação entre o governo e os cidadãos, quer dizer, planeja tão-somente divulgar aquilo que o governo realmente fez ou está fazendo (não há intenção de valorizar o que ainda se pretende fazer).

O governador Ronaldo Caiado, como o presidente Jair Bolsonaro, não teme pressões dos meios de comunicação por mais verbas publicitárias | Foto: Divulgação

Ronaldo Caiado definiu que a prioridade são campanhas educativas e cidadãs. Para tanto, avalia que não é preciso gastar como se gastava antes. Por isso, no primeiro ano, o governo vai aplicar “apenas” 25 milhões de reais em comunicação nas emissoras de televisão e rádio e nos jornais e blogs. O mercado considera que 25 milhões não é uma grande soma, para um ano, mas tais valores transformam o governo no maior anunciante (ou um dos maiores) do Estado, acima de gigantes como Arroz Cristal, por exemplo.

Considerando que as agências de publicidade terão 20% dos 25 milhões de reais, o mercado jornalístico terá, pela primeira vez na história dos últimos 20 anos, de correr atrás de outros anunciantes, para bancar seus gastos e investimentos e, ao mesmo tempo, ter lucro. Meios de comunicação menores sofrerão menos, sobretudo porque já têm uma carteira de clientes diversificada e seus custos mensais são menores. Mas o Grupo Jaime Câmara, com sua estrutura gigante — e há um problema grave: o mercado anunciante privado está retraído —, terá dificuldade. O GJC era, e talvez continue, o que mais recebia recursos financeiros do governo de Goiás.

Há jornais que vão pressionar Ronaldo Caiado, sem perceber que, diferentemente do ex-governador Marconi Perillo, o governador atual não se importa com pressões e críticas contundentes — desde que factuais e decentes. Se ultrapassarem os limites, deve processar os “atacantes”. A jornalista Cileide Alves não é — e nunca foi — uma sicária, uma pena de aluguel. Mas há quem, no governo de Ronaldo Caiado, inclusive o governador — numa conversa com um senador —, postule que está sendo orientada para criticá-lo na sua coluna semanal em “O Popular”. Seu tema básico é o governo de Caiado, inclusive com citação direta ao governador.

“Qual jornalista ganha 5 mil reais para escrever um artigo semanal contra um governador no país?”, inquire um caiadista.

O recado do governo é simples: não vai ceder às pressões. Em um ano, como está definido e com agências já em ação, Caiado vai gastar 25 milhões de reais com publicidade pública. Nem um centavo a mais. “Ronaldo Caiado não é Marconi Perillo — que cedia às pressões. Ronaldo não cede e não teme críticas”, frisa um secretário.

As relações de Ronaldo Caiado, em termos de televisão, são melhores com a TV Record (campeã em audiência em Goiás) do que com a TV Anhanguera. Assim como o presidente Jair Bolsonaro, que prefere se comunicar com a Record, e não com a Globo.