Gestão de Goiânia é questão superestimada no que diz respeito à eleição
26 julho 2014 às 10h04
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Muito se fala sobre qual será a influência da administração do prefeito de Goiânia, Paulo Garcia (PT), nas eleições deste ano. As análises políticas dão conta de que o momento ruim vivido pela gestão de Goiânia será determinante na disputa pelo Palácio das Esmeraldas. Essa linha de pensamento, de fato, faz sentido, uma vez que a capital goiana é reduto eleitoral de seu ex-prefeito Iris Rezende (PMDB), padrinho político de Paulo Garcia.
Em contrapartida, a cidade onde o governador Marconi Perillo (PSDB) tem maior rejeição é justamente Goiânia. Assim, os problemas vividos na cidade poderiam afetar de maneira substancial a votação ao governo, se o eleitor atribuir a imagem de Paulo Garcia a Iris, o que atrelaria os problemas da capital à candidatura do peemedebista. A questão é: “se.” Não há dúvidas de que a influência dos problemas de Goiânia é negativa para Iris Rezende, mas não apenas para ele: Antônio Gomide, por ser petista, também leva um pouco da má imagem.
Contudo, a discussão central aqui deve ser feita em torno do fator “consciência do eleitor”.
Essa consciência deve ser relativizada, uma vez que não existe uma consciência tão apurada por parte do eleitor capaz de fazer essas ligações de modo tão intrincado. Existe, por exemplo, um porcentual certo de pessoas que votam em Iris Rezende. Esse porcentual pode variar um pouco, mas existe. O mesmo ocorre com o Marconi, pois são lideranças consolidadas, além de estarem vinculados a partidos com grande expressão. Ou seja, eles têm um eleitorado constante.
Dessa forma, a disputa é pelos votos dos indecisos, que são muitos. E quem poderia capitalizar esse voto seria Vanderlan Cardoso (PSB) e o próprio Marconi, muito mais conhecidos na capital que Gomide. Contudo, nesse caso, Marconi leva vantagem, mesmo tendo um nível considerável de rejeição. Isso acontece porque ele está no poder e, ao contrário dos outros candidatos, esteve em campanha o tempo todo. Tem obras e ações para mostrar.
Por outro lado, ainda há tempo para a recuperação, pelo menos parcial, da imagem de Paulo Garcia. E se isso ocorresse, o que mudaria? Nada. Como bem ressalta o cientista político e professor Silvio Costa, as questões eleitorais serão definidas ao longo da campanha, que está apenas no início.
A recuperação da imagem do prefeito, de certo, não beneficia a Marconi, mas também não atrapalha, uma vez que o governador, se crescer mais na capital, deverá fazê-lo junto aos eleitores sem posição tomada por enquanto. E esses eleitores, provavelmente, não farão ligações tão complexas em relação às alianças políticas.
Portanto, o prefeito Paulo Garcia poderá, sim, ser relevante nas eleições, mas não determinante, como se tem colocado. Tanto é que ele tem se abstraído das questões eleitorais e focado naquilo que mais lhe interessa: a gestão de Goiânia.