O general Luiz Eduardo Ramos, ministro do governo, afirma que é descabida comparação de Bolsonaro com o nazista Adolf Hitler

No Brasil, há a tendência de se confundir o que é autoritário, como a ditadura civil-militar instalada em 1964 e finalizada em 1985, com o que é totalitário — as ditaduras de Stálin na União Soviética e de Hitler na Alemanha. O ministro do STF Celso de Mello, um dos mais gabaritados do país, pode ter cometido o mesmo engano ao comparar o projeto de Jair Bolsonaro — e ainda não se sabe direito do que se trata tal projeto — com o de Hitler (é preciso ressaltar que, logo no início de sua fala, ele afirma: “Guardadas as devidas proporções”). Se sua interpretação tiver procedência, e Bolsonaro realmente estiver preparando um golpe militar, não é para instaurar um sistema similar ao da ditadura de 64, e sim ao que vigorou na Alemanha de 1933 e 1945. E que, como se sabe, terminou muito mal. Hitler, por sinal, acabou se suicidando e os outros nazistas foram condenados à morte em Nuremberg.

Celso de Mello, ministro do Supremo Tribunal Federal, e os generais Luiz Eduardo Ramos e Augusto Heleno | Foto: Reprodução

Celso de Mello tem razão quando critica Bolsonaro por seus rompantes autoritários. De fato, o presidente da República, ao menos por suas palavras, sugere que quer submeter o Supremo Tribunal Federal. E só quer submeter a Suprema Corte quem pensa como ditador. Seu filho Eduardo Bolsonaro, deputado federal, sugere que a ditadura está “chegando”. Quer dizer, há indícios de que se está pensando em passar do campo das conjecturas para o da ação.

As palavras de Celso de Mello: “Guardadas as devidas proporções, o ‘Ovo da Serpente’, à semelhança do que ocorreu na República de Weimar (1919-1933), parece estar prestes a eclodir no Brasil! É preciso resistir À DESTRUIÇÃO DA ORDEM DEMOCRÁTICA, PARA EVITAR O QUE OCORREU NA REPÚBLICA DE WEIMAR QUANDO HITLER, após eleito por voto popular e posteriormente nomeado pelo Presidente Paul von Hindenburg, em 30/01/1933, COMO CHANCELER (Primeiro Ministro) DA ALEMANHA (“REICHSKANZLER”), NÃO HESITOU EM ROMPER E EM NULIFICAR A PROGRESSISTA, DEMOCRÁTICA E INOVADORA CONSTITUIÇÃO DE WEIMAR, de 11/08/1919, impondo ao País um sistema totalitário de poder”.

O ministro da Secretaria de Governo do Planalto, o general Luiz Eduardo Ramos, criticou a comparação de Celso de Mello: “Comparar o nosso amado Brasil à ‘Alemanha de Hitler’ nazista é algo, no mínimo, inoportuno e infeliz. A democracia brasileira não merece isso. Por favor, respeite o presidente Bolsonaro e tenha mais amor à nossa Pátria!”

Luiz Eduardo Ramos é apontado como da linha que não aprecia a ideia de um golpe militar e é citado, por militares, como moderado. (Euler de França Belém)