General Mourão é cotado para disputar Presidência contra Bolsonaro
11 abril 2021 às 00h01
COMPARTILHAR
O militar é leal, mas o presidente o rejeita. O PRTB pode bancá-lo para presidente, governador ou senador
O presidente Jair Bolsonaro não gosta de seu vice, o general Hamilton Mourão. Primeiro, porque é um general, e ele não passou de capitão. Segundo, avalia que o vice não o defende com suficiente energia. Terceiro, parece acreditar que o militar conspira contra ele, torcendo, subterraneamente, contra o governo — por um possível impeachment — e sua reeleição.
Discreto, Mourão não diz, publicamente, que não aprecia Bolsonaro. Mas ninguém gosta de uma pessoa que não lhe tem apreço. Mais preparado do que o capitão, que pouco entende de Amazônia e parece acreditar que a ciência é uma “arma” comunista, Mourão tem dado provas de que é um apóstolo da democracia. O capitão deixa a impressão de que apenas tolera a democracia, considerando-a uma espécie de empecilho aos seus projetos aparentemente autoritários. Se um filho diz que, para fechar o Supremo Tribunal Federal, basta um cabo e um soldado, e o presidente não o admoesta, é sinal que concorda com a pregação autoritária.
A má gestão da questão ambiental, que está prejudicando a imagem do Brasil — internamente e no exterior —, portanto de sua economia, é bem compreendida por Mourão. Mas não por Bolsonaro, que parece não perceber o cerco que os Estados Unidos e a Europa estão promovendo contra o país.
Dados a competência e ao conhecimento de Mourão a respeito das questões internas e internacionais, há quem postule que, em 2022, deve ser candidato a presidente da República. No caso da direita civilizada, seria uma opção palatável tanto contra Bolsonaro, líder de uma direita não iluminista, quanto de Lula da Silva, líder de uma esquerda que, quando no poder, se corrompeu e corrompeu o sistema política e empresarial.
Por ser vice-presidente, e leal, mesmo a quem não merece, Mourão não admite nem discutir sua candidatura a presidente. Mas há quem aposte que está pronto para a disputa. No PRTB, seu partido, há quem avalie que, se não disputar a Presidência, será candidato a senador, a governador ou deputado federal. Ele teria tomado gosto pela política e não quer sair do palco nos próximos anos.
Uma coisa é certa: Bolsonaro está disposto a afastar Mourão da chapa majoritária em 2022. Seu vice será um integrante do centrão ou então um político terrivelmente evangélico.
A direita brasileira hoje tem três alternativas — Bolsonaro, Mourão e Sergio Moro.