A receita do governo de Goiás é várias vezes menor do que a do empreendimento dirigido pela família de Joesley Batista, o executivo que de fato manda na empresa

Joesley Batista, o executivo que de fato manda na JBS, e seu pai, José Batista, que figura na lista de bilionários da Forbes
Joesley Batista, o executivo que de fato manda na JBS, e seu pai, José Batista, que figura na lista de bilionários da Forbes

“JBS faz oferta pela Hillshire e já lidera ranking privado.” Esta é a manchete do jornal “Valor Econômico” de quarta-feira, 28. A reportagem, assinada por Fernando Lopes, Luiz Henrique Mendes, Renato Rostás e Fernanda Pressionott, assinala que “o grupo JBS deve encerrar 2014, pela primeira vez, como a maior empresa privada brasileira e a segunda no ranking geral, atrás somente da Petrobrás”. Na terça-feira, 27, noticia o maior jornal de economia do país, “a Pilgrim’s Pride, pertencente ao grupo JBS, fez uma oferta hostil por 100% da também americana Hillshire Brands, uma das líderes no mercado de alimentos processados a base de carnes nos Estados Unidos”.

O “Valor” diz que, depois das recentes aquisições, o grupo JBS avalia que deverá faturar, em 2014, cerca de 120 milhões de reais. “A partir da incorporação da Hillshire, o faturamento anual subirá para a casa dos 130 bilhões de reais.” O jornal ressalta que “a empresa é a única ‘campeã nacional’ turbinada com recursos do governo que vingou”. Mais do que uma empresa puramente brasileira, a JBS é uma multinacional, com pés fincados no centro da economia mais competitiva — e, ao mesmo tempo, protecionista — do mundo, a norte-americana.

A Pilgrim’s propôs US$ 6,4 bilhões pela Hillshire. As ações da empresa americana, assim que foi divulgada da intenção de aquisição pela Pilgrim’s, “subiram 22,4%”. A Hillshire Brands é uma empresa de grande porte, com “receita anual de US$ 4 bilhões e 9 mil funcionários”.

A notícia saiu com destaque no principal jornal de economia do país, “Wall Street  Journal”, com o título de “Pilgrim’s, filial da JBS, faz oferta por Hillshire para ter marcas fortes nos EUA”.

A informação sobre a agressiva expansão do grupo JBS, que se tornou uma potência global, sugere alguma coisa sobre o fato de Júnior Friboi ter desistido de disputar o governo de Goiás pelo PMDB. Talvez, para fins políticos e até pessoais, seja mais confortável e pragmático “culpar” Iris Rezende, mas um negócio de 120 bilhões de reais — várias vezes a arrecadação anual do governo de Goiás — não pode ser desprezado de maneira alguma. Desprezado ou trocado por projetos “menores” e “pessoais” de um integrante da família.

A família Batista certamente prefere continuar faturando com segurança, evitando CPIs sobre seus negócios com o BNDES, do que patrocinar um de seus filhos, Júnior Friboi, para governador de um Estado que representa no máximo 3% do PIB brasileiro (São Paulo representa mais de 30%).