Ex-senador Ataides diz que Grupo do Bem vai lançar candidato consistente pra governador do TO
01 agosto 2021 às 00h00
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O empresário, que já gerou 15 mil empregos no Tocantins, afirma que os eleitores estão cansados do poder excessivo e da corrupção no governo do Estado
Ataídes Oliveira (Pros), de 61 anos, é um político de fibra. No Tocantins, dada a força de um governador, poucos têm coragem de criticar abertamente Mauro Carlesse (PSL). Pode-se sugerir que a ditadura acabou no Brasil, mas não no Tocantins. Há perseguições de políticos, controle de parte da impressa e o medo impera. Mas o ex-senador nada teme e é um crítico visceral da gestão do líder do PSL.
Pré-candidato a governador, Ataídes Oliveira falou com o Jornal Opção no sábado, 31, por WhatsApp.
Comenta-se que o sr. pode não ser candidato até outubro de 2022.
Vou trabalhar firme para que meu nome seja viabilizado e aprovado dentro do Grupo do Bem. Vou continuar visitando os líderes políticos do Estado. Estive no Bico do Papagaio (25municípios) e no Sudeste (21 municípios). Em agosto, vou visitar os municípios da região Sul. Visitarei todos os municípios do Tocantins.
Com quem o sr. mantém contatos nos municípios?
Falo principalmente com os vereadores e entrego a cada um deles um exemplar do meu livro “Vereador Capacitado — Mandato Eficiente”. A receptividade é alta. Pois os políticos e as pessoas comuns querem um diálogo sincero com os líderes políticos do Estado, o que raramente ocorre.
Por que o sr., sendo um empresário bem-sucedido, decidiu atuar na política?
A política, para mim, não é profissão. Na verdade, me tornei político para trabalhar para melhorar a qualidade de vida das pessoas. Não penso apenas em crescimento econômico. Estou atento à questão do desenvolvimento, que é quando se distribui os frutos do crescimento. Minha história, como empresário e cidadão, me credencia a pleitear o governo do Tocantins. Nas minhas caminhadas pelo Estado, tenho notado que o povo — do homem rico ao homem mais simples — cobra a necessidade de um político competente e honesto para o posto de governador. Um político que tenha vontade de trabalhar e coragem para fazer as coisas acontecerem.
Como empresário, qual é sua contribuição para o Tocantins?
Basta dizer que fui responsável pela geração de 15 mil empregos no Tocantins e, em outras partes do país, 60 mil empregos. Em Brasília, me tornei o único senador a presidir três comissões parlamentares de inquérito. Os corruptos tinham medo de mim. Portanto, tanto pela probidade quanto pela competência, estou credenciado a administrar o Tocantins. O povo sabe disso e não aguenta mais ser roubado por políticos que às vezes falam “bonito”, mas só se preocupam com eles mesmos, suas famílias e os aliados imediatos. O povo do Tocantins sabe que sou uma alternativa real ao quadro de desmandos do atual governo.
O sr. não recua para disputar cargo de deputado federal ou senador?
Não tenho o mínimo interesse. Se eu não for o candidato escolhido pelo Grupo do Bem, vou ajudar a campanha daquele que tiver condições de derrotar os homens do poder. Não sou candidato a senador ou a deputado.
Com quais alianças o sr. pretende contar para a disputa do governo?
Estou conversando com líderes políticos de todo o Estado, notadamente com vereadores, que, como se sabe, são aqueles que, nos munícipios, realmente têm votos. Percebo que eles querem um político com o meu perfil. Trata-se do perfil de empresário bem-sucedido e que não tem a política como profissão. As pessoas sabem que tenho respeito pela coisa pública. Vou contar ao Jornal Opção em primeira mão: estamos organizando o chamado Grupo do Bem. O grupo é composto de pessoas honestas, de vários partidos, que têm o objetivo de caminhar juntas e enfrentar o poderio do Mal que está instalado no Palácio Araguaia. Quem estiver melhor, entre os políticos do Grupo do Bem, será candidato a governador. Nós vamos encomendar pesquisas — quantitativas e qualitativas — para definir o candidato.
Qual o balanço que o sr. faz do governo de Mauro Carlesse do ponto de vista da probidade administrativa e no campo do crescimento econômico e do desenvolvimento?
Há uma palavra para definir o governo de Carlesse: catástrofe. É terrível. Há excesso de poder e de corrupção. Nunca tivemos nada parecido na história do Tocantins. Pode-se falar que há um governo dos negócios pessoais. O interesse público é subordinado aos interesses particulares dos aliados do governador. Acredito que algumas pessoas do governo podem terminar na cadeia a partir de 2023, ou até antes. É uma questão de tempo. O dinheiro público é do público, não de Carlesse e de seus aliados. O dinheiro do contribuinte tem de voltar para o contribuinte na forma de escolas, hospitais, habitações e segurança pública adequada.
O pré-candidato a governador pelo Podemos, Ronaldo Dimas, conversa com o sr.?
Ronaldo Dimas afirma que sua candidatura é irreversível. Gostaria que participasse do Grupo do Bem. Mas há duas pedras no caminho. Primeiro, via o senador Eduardo Gomes, o ex-prefeito de Araguaína conversa com o grupo de Mauro Carlesse. É provável que faça uma composição com o grupo que está no poder, apesar de, eventualmente, criticá-lo. Nenhum dos integrantes do Grupo do Bem conversa com Carlesse e seu sistema de cooptação. Segundo, ao dizer que é candidato de qualquer maneira, fecha as portas para o diálogo. Por que possíveis aliados só servem para apoiá-lo, não para serem apoiados? Mas insisto que gostaria que ele participasse do Grupo do Bem.
O sr. avalia que o senador Eduardo Gomes vai ser candidato a governador ou bancará Ronaldo Dimas para o governo?
Acho muito difícil o senador Eduardo Gomes disputar o governo do Tocantins em 2022, pois tem arestas para aparar. É provável que apoie Ronaldo Dimas para governador. Os dois são amigos e aliados de longa data.
Quem o sr. avalia que realmente vai disputar o governo do Tocantins?
Vários nomes estão se colocando, como eu, Paulo Mourão (PT), Wanderlei Barbosa, vice-governador, e Ronaldo Dimas. É provável que, se assumir o governo em 2022, Wanderlei seja candidato a governador. Mas é provável que acabe “triturado” e até se arrependa da parceria política que fez com Carlesse. É provável, até, que o atual governador não o apoie. O Grupo do Bem vai lançar candidato, que pode ser eu ou outro. Ronaldo Dimas também pode ser candidato. Só não acredito que Eduardo Gomes dispute o governo.
Marcelo Miranda tende a disputar o governo ou uma vaga no Senado?
Parece que o sonho do ex-governador é disputar mandato de senador.
Quem o sr. avalia que seria o candidato ideal para quebrar a polarização entre o presidente Jair Bolsonaro e o ex-presidente Lula da Silva?
Disparado, o melhor candidato de centro é o senador Tasso Jereissati, que tem experiência política e na iniciativa privada. Se for o candidato a presidente pelo PSDB, e se os eleitores prestarem atenção no que diz, o político do Ceará tem chance de ser eleito. Bolsonaro e Lula são candidatos ruins, superados. O Brasil precisa avançar, e não retroceder. Espero que os eleitores sejam realistas e não se deixem enganar por aqueles que, de uma hora para outra, estão garantindo que “mudaram”. A pele é de cordeiro, mas permanecem lobos.