Escola de Agronomia da UFG forma mil mestres e doutores desde 1988

19 fevereiro 2019 às 10h41

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Pioneira da pós-graduação “Stricto Sensu” de Ciências Agrárias em Goiás, a Estrela do Cerrado já formou mais de mil mestres e doutores em trinta anos de existência

Nilson Jaime*
Especial para o Jornal Opção
A pós-graduação “Stricto sensu” em Ciências Agrárias no Estado de Goiás teve início em dezembro de 1984, quando foi criado o curso de Mestrado em Genética e Melhoramento de Plantas, na Escola de Agronomia da Universidade Federal de Goiás (EA/UFG), denominada “Estrela do Cerrado”, em funcionamento desde 1963.
A iniciativa pioneira coube ao Professor de Melhoramento de Plantas dessa Escola, Lázaro José Chaves – graduado na EA/UFG (1976) e recém chegado de seu mestrado e doutorado na Esalq/USP –, juntamente com os também professores-doutores Fabrízio D’Ayala Valva e José Alberto Centeno, do Instituto de Ciências Biológicas (ICB/UFG).
O grande incentivador da criação do curso de mestrado nesta escola, foi o geneticista Dr. Almiro Blumenschein, então chefe do Centro Nacional de Pesquisa de Arroz e Feijão (CNPAF/Embrapa), que não olvidou esforços para disponibilizar profissionais daquela instituição, a fim de complementar o quadro de doutores necessários à implementação do curso.
Era diretor da EA/UFG o professor Zezuca Pereira da Silva, que despendeu todos os esforços junto à reitora da UFG, Maria do Rosário Cassimiro, para a assinatura de um convênio com a Embrapa, que viabilizasse a concretização do curso. Em uma reunião no CNPAF, entre a reitora, o chefe e pesquisadores daquele Centro e o diretor da Escola de Agronomia, foram acertados os detalhes que culminaram com o convênio UFG/Embrapa, ainda em vigor no ano de 2019.
As aulas tiveram início em Março de 1985, contando com a participação dos professores da EA/UFG, José Xavier de Almeida Neto e Yvo de Carvalho, além dos pioneiros. Os pesquisadores da Embrapa, Dr. Élcio Perpétuo Guimarães e Dra. Maria José de Oliveira Zimmermann, e o professor Lázaro José Chaves, foram os orientadores dos discentes.
A primeira defesa de dissertação deu-se em 09/09/1988, pelo Engenheiro Agrônomo Péricles de Carvalho Ferreira Neves, orientado pelo Dr. Élcio Perpétuo Guimarães. Neves foi o primeiro profissional a obter o título de mestre (M.Sc.) em Goiás. O segundo foi João Batista Duarte (02/12/1988), orientado pela Dra. Maria José de Oliveira Zimmermann. Aluno da primeira turma, o hoje Reitor da UFG, Prof. Dr. Edward Madureira Brasil – por razões profissionais em Goianésia, GO – defendeu dissertação apenas em 01/10/1990. Seu orientador foi o professor Lázaro José Chaves.
Por ocasião da criação do curso de mestrado na Escola de Agronomia, havia nessa instituição apenas três doutores, dentre a meia centena de docentes de seu quadro efetivo: José Xavier de Almeida Neto (Esalq-USP/1979), Yvo de Carvalho (UFV/1982) e Lázaro José Chaves (Esalq-USP/1985).
Trinta anos depois, a “Estrela do Cerrado” já formou 1.009 pós-graduandos, sendo 727 mestres e 282 doutores em seus quatro programas de Pós-Graduação: Agronomia, Agronegócio, Genética e Melhoramento de Plantas e Ciência e Tecnologia de Alimentos (Veja Tabela anexa). Hoje, mais de 90% dos professores dos três cursos superiores ministrados na “Estrela do Cerrado” (Agronomia, Engenharia de Alimentos e Engenharia Florestal) possuem doutorado, grande parte deles formados nos Programas da própria EA/UFG.
A multiplicação do número de mestres e doutores foi exponencial. No primeiro decênio de defesas (1988-1997), formaram-se 34 mestres em Genética e Melhoramento de Plantas. No segundo decênio (1998-2007), já dentro do Programa de Pós-Graduação em Agronomia – criado em 1993 com duas áreas de concentração: Genética e Melhoramento de Plantas, incorporado a este Programa, e Produção Vegetal – o número saltou para 140 mestres. Nesse segundo período foram formados ainda, 72 doutores (D.Sc.) em Agronomia, sendo de Flávia Rabelo Barbosa Moreira a primeira tese, defendida em 20/06/1997, com orientação do Dr. Massaru Yokoyama.

No terceiro decênio de defesas (2008-2017), formaram-se 217 mestres e 138 doutores em Agronomia. Nos anos de 2017 e 2018, 41 discentes defenderam tese de doutoramento, apenas em Agronomia. Na criação do curso de doutorado, ressalte-se a importante participação do Prof. Dr. Yvo de Carvalho, que coordenou o grupo em seus primórdios, de José Xavier de Almeida Neto, diretor da Escola de Agronomia, e do professor Lázaro Eurípedes Xavier – Prefeito do Campus – que viabilizou recursos para a reforma das instalações.
Nos demais programas o saldo foi igualmente crescente. No Programa de Pós-Graduação em Agronegócios (criado em 2004), foram defendidas 117 dissertações, entre 2006 e 2018. O primeiro mestre em Agronegócios foi Luís Cláudio Martins de Moura que, defendendo dissertação em 2006, contou com a orientação do Prof. Dr. Joel Orlando Bevilaqua Marin.
No Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia de Alimentos (criado em 2005), produziram-se 126 dissertações até o dia 02/03/2017, sendo o primeiro trabalho defendido pelo acadêmico Henrique Esteves Amorim em 15/02/2007, sob orientação do Prof. Dr. Celso José de Moura. Há diversas teses de doutorado em andamento, porém não foi possível saber se houve defesas após março de 2017.
O Programa de Pós-Graduação em Genética e Melhoramento de Plantas tem uma história singular. O curso de mestrado dessa linha de pesquisa deu origem ao Programa de Pós-Graduação em Agronomia, em 1993, quando foi criado o curso de doutorado. Assim, o mestrado pioneiro passou a ser Área de Concentração naquele ano e tornou-se Programa em 2010. A primeira dissertação foi defendida, em 08/03/2012, por Fernanda de Cássia Silva, orientada pela Profa. Dra. Patrícia Guimarães Santos Melo. Primeira doutora formada por esse Programa, Ana Clara de Oliveira Ferraz Barboza defendeu tese em 28/03/2014 e foi orientada pela professora Mariana Pires de Campos Telles, ela própria mestre pela EA/UFG e doutora em Ciências Ambientais pela UFG.
É notória a importância dos mestres e doutores formados pela “Estrela do Cerrado” trabalhando em quase todas as faculdades de Agronomia de Goiás, da Região Centro-Oeste e do Brasil. A EA/UFG é, em parte, responsável pelos 78 programas de pós-graduação “Stricto sensu” da UFG – distribuídos em 3 regionais, sendo 60 na Regional Goiânia, 12 na Regional Catalão e 6 na Regional Jataí – já que grande parte desses Programas surgiram durante os 3 reitorados de Edward Madureira Brasil, mestre e doutor formado na EA/UFG e grande incentivador da expansão da Pós-Graduação nesta Universidade.
A formação de mão de obra especializada, com nível de doutorado, foi essencial para o surgimento de mais faculdades de Agronomia. Em 1985, Goiás possuía apenas a EA/UFG, a Esucarv (Rio Verde) e a Ulbra, de Itumbiara. Hoje são mais de duas dezenas dessas instituições, espalhadas por todas as regiões do Estado de Goiás, algumas com cursos de mestrado e doutorado.
Há ex-alunos da “Estrela do Cerrado” em vários estados brasileiros, em instituições como a Embrapa e até no exterior. Muitos dos professores, coordenadores de cursos e diretores das faculdades de Agronomia goianas são egressos dos Programas de Pós-Graduação da EA/UFG. Grande parte dos docentes deste Programa foram formados internamente, sendo eles próprios responsáveis pela formação de outras centenas de mestres e doutores. O Centro-Oeste brasileiro é, hoje, o “celeiro do Brasil” e a agricultura, o único setor da economia que gera sucessivos superávits comerciais. Os profissionais formados e pós-graduados na “Estrela do Cerrado” têm mérito nessa honrosa posição.
O pioneirismo dos pesquisadores da UFG, Chaves, D’Ayala Valva e Centeno – incentivados pelo experiente Blumenschein, da Embrapa – rende prolíficos frutos para a agricultura do país. É a Ciência e o saber se multiplicando a cada dia, em efeito cascata, como em ondas. A agricultura goiana, centroestina e brasileira agradecem, com produção e produtividade agrícolas crescentes.
*Nilson Jaime, mestre e doutor em Agronomia, membro do Instituto Histórico e Geográfico de Goiás (IHGG) – cadeira nº 6 – é colaborador do Jornal Opção e prepara o livro “Estrela do Cerrado: a Escola de Agronomia da UFG”.
**Faltam dados do PPGCTA referentes a 2017 e 2018.