Adib Elias Júnior, de 71 anos, é um político diferenciado. É inteligente, sabe administrar e tem autoridade. Quando decide fazer uma obra consegue atrair o interesse tanto de sua equipe quanto da população. Porque é um líder nato. Talvez seja possível sugerir que sua fala incisiva, que sugere hostilidade e autoritarismo, tem a ver mais com a força de sua autoridade.

O líder tende a puxar a sociedade e seus seguidores para um rumo. Às vezes, está certo. Outras, está equivocado. Isto ocorre com vários políticos e gestores, não apenas com Adib Elias. Em 1998, Iris Rezende era o tipo de político que achava que não precisava de ninguém para ser eleito. Bastava disputar, pegar o diploma da posse e assumir o governo.

Nelson Fayad: o adibista está cada vez mais só | Foto: Portal Catalão

Candidato a governador pela terceira vez — há 26 anos —, Iris Rezende recebeu a informação de que um emissário de Marconi Perillo gostaria de falar com ele. O emissário nem chegou ao político poderoso — ex-governador e ex-ministro. Falou com um irmão.

Naquele momento, Marconi Perillo aceitava a suplência de um candidato a senador pelo MDB — ou, quem sabe, a vice na chapa de Iris Rezende. Os iristas chegaram a oferecer a Secretaria da Agricultura, subestimando tanto a força do postulante do PSDB quanto do desejo de renovação da sociedade goiana — afinal, o MDB estava havia 16 anos no poder.

O restante da história já se sabe: Marconi Perillo enfrentou Iris Rezende, o “imbatível”, e, aos 35 anos, foi eleito governador de Goiás. Iris Rezende tentou mais duas vezes, todas contra o tucano, e foi derrotado.

Elder Galdino: a aposta do PRD para prefeito de Catalão | Foto: Reprodução

Adib Elias, o Adibão, é um emedebista histórico — gestado pelo grupo do ex-prefeito de Catalão Haley Margon Vaz (um dos políticos mais interessantes de Goiás e do país). Prefeito várias vezes de Catalão, Adib Elias nunca deixou a peteca cair, quer dizer, sempre foi, e continua sendo um gestor eficiente, proativo. Não é perfeito, é claro. Como ninguém é. Mas, avaliado pela média, que é a forma correta de se avaliar um político, e mesmo o cidadão comum, é um excelente prefeito. Um de seus “defeitos”, se se pode dizer assim, é não perceber que pode se tornar um político estadual, e não apenas de Catalão. Entretanto, Catalão é tanto sua aldeia quanto seu universo — diriam Púchkin e Liev Tolstói.

A história de Adibão Elias é, em larga medida, positiva — rica em contradições, como ocorre com políticos de expressão.

Em 1988, há 35 anos, Adib Elias, irritou-se quando Haley Margon Vaz bancou Maurinho Fayad para prefeito. O jovem político, então com 36 anos, “saiu” do grupo e se tornou um dissidente. Sem romper com Haley Margon, que é adorado pelo prefeito.

Iris Rezende e Adib Elias: o prefeito não quer repetir o emedebista de 1998 | Foto: Reprodução

Em 2018, alegando que era preciso escutar as ruas — e estava mesmo certo —, Adib Elias disse que, para derrotar o grupo que estava encastelado no poder havia quase 20 anos, era preciso apoiar Ronaldo Caiado para governador. Então, no lugar de ficar com o candidato do MDB, Daniel Vilela, o político de Catalão ficou com o postulante do Democratas. Por isso acabou sendo expulso do MDB (a volta agora é cheia de ressentimentos).

Em 2024, a sete meses das eleições, as vozes das ruas dizem que o favorito para prefeito de Catalão é o secretário da Saúde da prefeitura, Velomar Rios, do MDB. Portanto, se optar por ouvir as ruas — seu grito ensurdecedor —, Adib Elias optará por apoiá-lo.

Sem o apoio de Adib Elias, Velomar Rios tende a ser eleito — talvez compondo com Renato Ribeiro, o pré-candidato do PL e representante do Agro e do bolsonarismo na cidade. Porém, com o apoio do prefeito, a vitória de Velomar Rios será, possivelmente menos complicada. Além disso, ao assumir o governo, terá uma Câmara menos hostil. Ter Adib Elias na oposição, durante quatro anos, não é moleza.

No momento, o pré-candidato apoiado por Adib Elias é Nelson Fayad. Trata-se de uma pessoa respeitável, dizem vários vereadores. Mas não é popular. A rigor, todos os auxiliares do prefeito dizem, sob pressão, que o apoiam. Mas não é bem assim. Se Adib Elias disser “agora estou apoiando Velomar” sua equipe o aplaudirá — talvez o próprio Nelson Fayad — e, possivelmente, sairá carregando nas costas.

Em suma, apesar de teimoso — daquele que podem até figurar na lista dos recordes dos mais teimosos —, Adib Elias é inteligente. É uma águia. Ele finge que está “dormindo”. Mas não está. Sua missão, a partir de agora, é convencer Nelson Fayad a continuar como secretário… na gestão de Velomar Rios. (E.F.B.)