Entenda por que Gustavo Mendanha pode não repetir o Marconi Perillo de 1998
18 abril 2021 às 00h00
COMPARTILHAR
Há quem acredite que o prefeito de Aparecida pode repetir o fenômeno do tucano na disputa de 2022. Problema: Caiado não tem o desgaste que tinha o MDB
Karl Marx escreveu que a história se repete — como tragédia e, depois, como farsa. Pois há quem pretenda contar 2022 — que ainda não chegou — como filho de 1998. O prefeito de Aparecida de Goiânia, Gustavo Mendanha, do MDB, poderia ser o novo Marconi Perillo. Como se sabe, o tucano derrotou Iris Rezende, do MDB, há quase 23 anos. Desde então, o partido nunca mais ganhou uma eleição para governador em Goiás (só Iris Rezende perdeu três vezes). Gustavo Mendanha teria condições de derrotar o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, em 2022? Não dá para saber. Mas vale examinar algumas questões.
O MDB em 1998 estava completando 16 anos ininterruptos de poder. Havia, portanto, um desgaste (além da história da “panelinha”, usada na campanha). Segundo, apesar do desgaste, o favorito para a disputa era o então governador Maguito Vilela, do MDB, de apenas 49 anos (a diferença de idade em relação a Marconi Perillo era de 14 anos; para Iris Rezende, a diferença subia para 30 anos). Iris Rezende atropelou Maguito Vilela, pois estava bem avaliado nas pesquisas quantitativas — não examinou as qualitativas, que mostravam um esgarçamento de sua imagem —, disputou a eleição e foi derrotado, de maneira acachapante, pelo jovem de 35 anos.
Ronaldo Caiado foi eleito governador em 2018 e está há apenas dois anos e quase quatro meses no poder. As pesquisas mostram que seu desgaste é mínimo e que a população avalia bem tanto o governador quanto o político. É sinal de que os eleitores percebem uma “unidade”, quer dizer, um como “símbolo” do outro. Por estar há tão pouco tempo no poder, não há nenhum esgarçamento da imagem do gestor estadual. Pelo contrário, sua imagem é amplamente positiva.
Nas pesquisas que circulam nos bastidores, encomendadas por vários políticos, Ronaldo Caiado é avaliado como um governador “que se preocupa com gente” e que “é decente”. As duas constatações dos eleitores o cacifam para a próxima disputa. No momento, não tem concorrentes à altura.
A pandemia impediu que o governo se dedicasse às obras — e, frise-se, que já há o que mostrar (como a recuperação de várias rodovias e, até, construção de estradas). Por isso, em 2022, os eleitores tenderão a dar outra chance ao governador.
Portanto, se disputar o governo, Gustavo Mendanha estará enfrentando um governador bem avaliado e sem desgaste. O quadro atual da política de Goiás nada a tem a ver com o de 1998. Por isso, o jovem prefeito não deve se deixar enganar por aqueles — sempre em busca de cargos e poderes — que colocam a mosca azul para picá-lo.
A história não se repete — exceto, como notou Marx, como farsa. Esperto, dado a ouvir, Gustavo Mendanha sabe disso.