Em Goiânia, os eleitores tendem a votar no político que é gestor, esquecendo o populista
02 abril 2016 às 12h16
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Os eleitores votam de modos diferentes para o Legislativo e para o Executivo? Tudo indica que sim. Pesquisas e os resultados das eleições provam que os eleitores por vezes “brincam” com as eleições para o Parlamento, mas não para o Executivo. Eles flertam com o “protesto” e com o “jocoso” na disputa para deputado federal, deputado estadual e vereador. Porém, quando se trata de escolher um gestor para sua cidade, para seu Estado e para seu país, se revelam mais “conscientes” e patrocinam aquele que avaliam como mais capaz e responsável.
A última eleição de São Paulo para prefeito é exemplar do que se está falando aqui. Celso Russomanno liderou as pesquisas por algum tempo — naquilo que se pode chamar de “frente inercial”, pois era o nome mais conhecido, dado ser um comunicador de massa, enquanto outros nomes eram menos conhecidos (exceto José Serra) —, mas sequer foi para o segundo turno. Fernando Haddad e José Serra, tecnicamente gabaritados e com experiência em gestão — o primeiro havia sido ministro da Educação e o segundo governador do Estado de São Paulo, prefeito de São Paulo e ministro da Saúde e do Planejamento —, disputaram o segundo turno, com o eleitor optando pelo petista, por certo por considerá-lo uma novidade consistente e por ser ligado ao governo federal. Pode-se sugerir, portanto, que foi uma escolha racional do eleitor. Ao optar por Fernando Haddad e José Serra, levando-os para o segundo turno, para avaliar de maneira mais adequada seus projetos, o eleitor escolheu a responsabilidade — abandonando o popularesco Celso Russomanno.
A política envolve emoção, é claro. Porque a vida sem paixão é como um lago sem água. Entretanto, para o Executivo, os eleitores votam de maneira consciente, racional. É possível concluir que, embora possa respeitar o Legislativo, os eleitores patropis dão mais importância ao Executivo, àquele que vai governar e, se não o fizer bem, pode prejudicar seus interesses pessoais. As classes médias raramente votam baseadas na emoção. Por isso candidatos populistas e, do ponto de vista da gestão, inconsistentes dificilmente são eleitos para governar cidades como São Paulo e Goiânia. A opção dos eleitores, insista-se, é por gestores experimentados — o que, na capital goiana, pode fortalecer candidatos a prefeito como Iris Rezende, do PMDB, Vanderlan Cardoso, PSB, Giuseppe Vecci, do PSDB, Luiz Bittencourt, do PTB, e Francisco Júnior, do PSD. Políticos populistas, que prometem resolver os problemas da cidade com uma canetada — o que comprova que não têm a mínima condição técnica de gerir uma capital como Goiânia —, podem até sair na frente, mas são esquecidos durante o processo eleitoral. A história está lotada de políticos que tiveram voo de pato.