A candidata a prefeita de Anápolis pelo União Brasil, Eerizânia Freitas, não é uma política ruim. Pelo contrário, é qualitativa. A jovem é articulada e tem espírito de gestora, dada sua experiência em secretarias da prefeitura do município.

Entretanto, por uma série de razões, Eerizânia Freitas, ao menos nas pesquisas qualificadas, é traço. Quer dizer, não chega a 5% das intenções de voto. Isto sugere que não é boa candidata? Talvez a interpretação mais pertinente seja outra: os eleitores estão avaliando, de forma direta, apenas dois candidatos — o deputado estadual Antônio Gomide, do PT, e o empresário e suplente de deputado federal Márcio Corrêa, do PL.

Eerizânia Freitas está sendo esquecida pelos eleitores, que tendem, nas disputas, a avaliar apenas os candidatos que estão polarizados. É muito difícil os eleitores avaliarem três candidatos. Tendem a observar apenas dois postulantes.

Sem crescer nas pesquisas, ou mesmo se crescer um pouco, Eerizânia Freitas estará servindo a quem: a seu partido, ao governador Ronaldo Caiado? Talvez — e é importante que se fique atento à palavra talvez — esteja servindo, indiretamente, não à direita ou à centro-direita, e sim a Antônio Gomide, o candidato apoiado pelo presidente Lula da Silva.

Sabe-se que há birras locais entre os grupos que apoiam Eerizânia e Márcio Corrêa. Guerras por espaço e, às vezes, por falta de maturidade dos contendores — que, por vezes, não conseguem entender quais são seus reais adversários e, até, predadores.

Em Anápolis, cidade natal de Ronaldo Caiado, o adversário do governador — até por ser do PT e, portanto, aliado do presidente Lula da Silva (que será candidato à reeleição, em 2026 — é Antônio Gomide, e não Márcio Corrêa.

Antônio Gomide: candidato a prefeito de Anápolis pelo PT | Foto: Divulgação

Uma vitória de Antônio Gomide — e de Adriana Accorsi em Goiânia — em Anápolis fortalece o projeto presidencial de Lula da Silva, criando estruturas para ele em Goiás. Porém, se Márcio Corrêa for eleito prefeito, Ronaldo Caiado terá um aliado em Anápolis para seu projeto presidencial.

Talvez seja possível sugerir que, no momento, Eerizânia Freitas não se ajuda e, por isso, poderá prejudicar a imagem (altamente positiva) de Ronaldo Caiado em Anápolis. Tudo que o governador não precisa — e, de fato, a responsabilidade não será dele — é de que lhe atribuam uma provável derrota eleitoral no município. Uma possível derrota deverá ser atribuída pelo meio político a Eerizânia Freitas e, também, ao seu padrinho político, o prefeito Roberto Naves, do Republicanos.

Talvez seja a hora de, em nome do realismo político, acelerar o apoio a Márcio Corrêa e desacelerar o apoio a Eerizânia Freitas. Por lealdade, Ronaldo Caiado deve ir até o fim com aquela candidata que, embora sendo boa gente, não o valoriza em Anápolis. Porém, se optar por uma união com o ex-presidente Jair Bolsonaro (e o pastor Silas Malafaia, da Assembleia de Deus, deve participar da campanha de Anápolis), Ronaldo Caiado poderá ajudar Márcio Corrêa a vencer Antônio Gomide… talvez no primeiro turno. O que está faltando ao postulante do PL é um mero empurrãozinho. (E.F.B.)