É real a crise entre a Igreja Universal e o partido Republicanos?
17 novembro 2024 às 00h00
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Na semana passada, numa conversa na Câmara dos Deputados com um parlamentar e dois pastores evangélicos, o Jornal Opção apurou que há uma “crise” instalada entre a Igreja Universal do Reino de Deus e o partido Republicanos.
A Igreja Universal é dirigida pelo bispo Renato Cardoso, genro do chefão Edir Macedo e casado com Cristiane Cardoso. Juntos, apresentam o programa “The Love School”.
Diz-se, comumente, que a Igreja Universal controla tanto a TV Record quanto o Republicanos.
O Republicanos é presidido, nacionalmente, pelo deputado federal Marcos Pereira, igualmente bispo da Igreja Universal.
A tese da cúpula política do Republicanos é que, para saltar de 41 (eleitos em 2022) para 90 deputados, ou um pouco menos, o partido precisa “afastar-se” da Igreja Universal. Não se trata de um rompimento, e sim de um afastamento tático. Acredita-se que, ao se distanciar do controle da Igreja Universal, o partido poderá dobrar de tamanho.
Sendo assim, as lideranças estaduais seriam entregues aos políticos profissionais.
Marcos Pereira e Renato Cardoso: confronto?
Mas há quem, na Igreja Universal, postule que Marcos Pereira estaria querendo aumentar seu poder — se tornando um cacique nacional, ao estilo de Valdemar Costa Neto, o “quase-dono” do PL, ao lado do ex-presidente Jair Bolsonaro — e reduzir a força das lideranças evangélicas que militam no Republicanos.
Uma das fontes sugere que, aos poucos, Edir Macedo está se afastando de algumas atividades e, por isso, o poder está se concentrando nas mãos de Renato Cardoso.
Então, se voltar à Igreja Universal — no momento, está licenciado —, Marcos Pereira não retornará “por cima”, e sim como subordinado ao bispo Renato Cardoso. Por isso, enfatiza um dos pastores evangélicos, o deputado estaria operando para reduzir a força da Igreja no Republicanos. O partido passaria, por assim dizer, a ser “Universal” do parlamentar.
Um pastor da Universal decidiu falar em off, por não ter autorização da cúpula — a hierarquia é muito rígida —, a respeito da suposta crise. “Talvez seja possível falar em divergências pontuais, mas não em crise. Mas Marcos Pereira e Renato Cardoso são pessoas sensatas, realistas, responsáveis e vão acertar os ponteiros, sobretudo com a mediação de Edir Macedo, que tem apreço pelos dois. Não acredito que os dois estejam ‘brigados’. Ambos se dão bem e se respeitam. Pelo que estou sabendo, o Republicanos não tem se empenhado na defesa do faturamento da Record junto ao governo Lula da Silva — o que é um problema visto como ‘grave’ pela cúpula da Universal. Acrescento que, sem a Universal, no lugar de 90 deputados, o Republicanos pode acabar com dez deputados. Porém, como não há uma crise estrutural, a divergência será resolvida em breve.” (E.F.B.)