Dimas permanece como “favorito” e Eduardo Gomes tenta escapar do abraço de afogado de Carlesse

26 setembro 2021 às 01h43

COMPARTILHAR
Governador acredita que, com sua estrutura, o emedebista pode puxá-lo para o Senado. Mas o senador teme que Carlesse o “puxe” para uma derrota vexatória

O Jornal Opção perguntou para seis políticos do Tocantins: “Se a eleição fosse hoje, quem seria eleito governador?” Os seis não titubearam: o ex-prefeito de Araguaína Ronaldo Dimas, do Podemos, seria o próximo governador.
Mas, dos seis, dois ressalvaram, na síntese feita pelo repórter: “Dimas é o favorito, não há a menor dúvida, porque está se apresentando como o anti-Mauro Carlesse (PSL), o governador mais rejeitado da história do Estado. Os eleitores do Tocantins querem no governo um político que seja diferente do atual. Mas convém não subestimar o senador Eduardo Gomes, do MDB”. Por quê?

Porque, disseram, Eduardo Gomes mantém forte ligação com os prefeitos e é o postulante capaz de movimentar mais dinheiro numa campanha. Além de sua própria estrutura, há o empresário Ogari Pacheco, dono de laboratório de medicamente, que, suplente do emedebista, fará qualquer coisa para ser senador por quatro anos. “Cerca de 15 milhões de reais pode decidir uma eleição para governador no Tocantins, e é mesmo muito dinheiro. Mas, para Ogari, não é nada”, afirma um ex-deputado.
De olho nas pesquisas, Eduardo Gomes não demonstra interesse em ter Carlesse na sua chapa, como candidato a senador. Na verdade, gostaria de ter Ronaldo Dimas como vice. Se conquistasse o apoio do ex-prefeito, aí, sim, se afastaria de vez do governador. Porém, sem o líder do Podemos — que insiste em ser candidato, até por que lidera as pesquisas de intenção de voto —, é provável que o senador tenha de aceitar as pressões do governador, aceitando-o na sua chapa.

Para pressionar Eduardo Gomes, Carlesse diz, num dia, que ficará no governo. Trata-se de um recado, do tipo: “Olha, Eduardo, você, amanhã, pode precisar de mim”. No outro dia, o governador sugere que pode bancar seu secretário da Fazenda, Sandro Henrique Armando, para governador. Um aliado diz que o senador leu a nota do Jornal Opção e riu da “jogada” do governador.
Carlesse parece acreditar que, como candidato a governador, Eduardo Gomes terá condições de “puxá-lo” para senador. O emedebista até aprecia o governador — os dois são aliados. Mas o senador teme ser, ao tentar ajudar Carlesse, “puxado” para baixo, considerando a alta rejeição do governador. O “abraço do afogado” não interessa ao líder do MDB.
O fato é que todo mundo quer “dispensar” Carlesse — o maior abandonado —, mas, enquanto for governador, os políticos vão continuar fingindo que ele é “imprescindível”. Até o fato de o governador “importar” auxiliares de São Paulo, como se desconfiasse da qualidade dos técnicos do Tocantins, deixa chocado os tocantinenses. E a história da suposta “venda” do Jalapão para a iniciativa privada é assunto em todo o Estado. A popularidade de Carlesse caiu ainda mais depois dessa história.
Marcelo Miranda, a incógnita

A conclusão dos seis políticos é: hoje, os dois políticos que realmente estão no jogo para governador do Tocantins são Ronaldo Dimas e Eduardo Gomes, ambos representantes de Araguaína. Os dois são amigos, e já se apoiaram. O senador teria declarado, há algum tempo, que apoiaria o ex-prefeito para governador. “Mas parece que vai ‘roer a corda’. Ele é candidatíssimo a governador”, aposta um deputado.
Mas há uma incógnita: o que fará o ex-governador Marcelo Miranda, do MDB? Embora não seja um político de rancores, ás do ressentimento, tende a não apoiar Eduardo Gomes, o que levaria o senador a deixar o MDB e se filiar, possivelmente, no mesmo partido ao qual irá se filiar o presidente Jair Bolsonaro — seu guru.

Marcelo Miranda é bem avaliado tanto para governador quanto para senador. Mas sempre fica a mesma pergunta no ar: “Se ganhar, leva?” O ex-governador já foi eleito para senador, mas perdeu o mandato e ainda acabou preso. Desta vez, ganhará e assumirá? Não se sabe, mas não há empecilhos judiciais que travem sua candidatura.
O ex-senador Ataídes Oliveira, o ex-deputado federal Laurez Moreira e o ex-prefeito de Palmas tendem a bancar uma chapa. Se optarem por uma composição com Ronaldo Dimas, o ex-prefeito fica ainda mais forte, porque sua coligação será mais encorpada. “Ataídes sozinho é uma infantaria”, afirma um deputado. “Se estiver na campanha de Dimas, este não precisará ‘bater’ nos adversários. Ataídes, com sua língua afiada e caráter intimorato, jogará pesado contra os adversários. Ele é o maior adversário da ‘roubalheira’ no Tocantins”, sugere um ex-deputado. A campanha de 2022 pode ser útil para abrir a suposta “caixa-preta” do governo de Carlesse.

A senadora Kátia Abreu, do PP, está numa encruzilhada. Pode se retirar para o Tribunal de Contas da União, para o cargo de ministra, ou pode disputar a reeleição. Se for para TCU, o senador Irajá Silvestre, seu filho, se tornará o político da família.
A tendência é que o grupo de Kátia Abreu e Irajá Silvestre se junte a Ronaldo Dimas, levando também para a aliança o empresário Edison Tabocão, um milionário do Tocantins.
O deputado federal Osires Damásio tem sugerido que pode disputar o governo. Mas falta-lhe o que é crucial em política: um grupo para apoiá-lo.

O vice-governador Wanderlei Barbosa estaria sendo convencido por Carlesse a disputar mandato de deputado federal — com ampla estrutura. Mas há quem postule que, se Carlesse renunciar em 4 de abril de 2022 — o que deverá fazer (ninguém, com alguns neurônios, acredita que ele ficará no governo depois de abril) —, Wanderlei Barbosa, se assumir, vai disputar o governo. Fala-se que ele e Carlesse têm um acordo, mas, em política, acordos foram feitos para serem descumpridos. Na verdade, Carlesse não confia no vice e este não acredita naquele.
O candidato do PT está definido. É o ex-deputado Paulo Mourão. Há quem acredite que a “onda vermelha” — ou “onda Lula da Silva” — pode impulsioná-lo.