DEM e MDB disputam espólio do PSDB em todo o Estado de Goiás
12 janeiro 2020 às 00h01
COMPARTILHAR
Há uma verdadeira batalha para ocupar o espaço que, um dia, era do tucanato. DEM, MDB, PL e PP estão na linha de frente
O PSDB morreu? Não morreu, mas está baleado. Os “médicos” não sabem quando sai e, até, se sai da UTI. Enquanto permanece fora de combate – e seus líderes brigando pelo que resta em praça pública –, líderes de outros partidos, como DEM, MDB, PP e PL, disputam o espólio, como herdeiros não consentidos. Vários políticos estão deixando o tucanato – alegando que, como planejam ganhar a eleição, não podem permanecer filiados ao PSDB. A debandada é generalizada. E vai piorar… só está começando.
Célio Silveira, se tivesse janela para deputado federal agora, sairia amanhã. Observe-se que se trata do único deputado federal do PSDB e o ex-governador Marconi Perillo – quem realmente opera o partido em Goiás, ainda que dos bastidores – jamais o convidou para assumir a presidência do partido. Motivo: é considerado independente “demais”.
O prefeito de Porangatu, Pedro Fernandes, é filiado ao PSDB e tem recebido conselhos de Marconi Perillo para não abandonar o partido. Mas ele tem negociado com várias legendas. O gestor municipal já conversou, demoradamente, com os deputados federais Professor Alcides Ribeiro e Adriano do Baldy, do Progressistas, com Daniel Vilela, presidente do MDB, e com o deputado federal Elias Vaz e com o presidente da Assembleia Legislativa de Goiás, Lissauer Vieira, ambos do PSB. O prefeito avalia que, somado o desgaste do PSDB e seu próprio desgaste, não tem condições de derrotar Eronildo Valadares (que deve disputar pelo DEM ou pelo Podemos) e Márcio Luiz (cotado para disputar pelo PTB ou pelo MDB). Portanto, a saída é iminente. Mas ele está sendo pressionado, por Marconi Perillo, a ficar no PSDB.
André Pio é a revelação do PSDB em Pirenópolis. Como presidente da Câmara Municipal, chegou a restaurar estradas de distritos do município (o prefeito João do Léo deixa cidade ao “léu”). É atuante, jovem e bem avaliado pela população. Ele quer sair do partido e está conversando com líderes de algumas legendas. Já falou, por exemplo, com Daniel Vilela, do MDB. O PSDB tentou atrair o ex-prefeito Nivaldo Melo, mas ele não quis nem conversa, optando por dialogar com o MDB e com o Patriota. E até pode ficar no PP.
O presidente da Câmara de Crixás, Tiago Dietz, é a revelação política do município. Ele anunciou que não fica no PSDB. Vai disputar a prefeitura, no dia 4 de outubro deste ano, pelo PTB. Por quê? Porque, pelo tucanato, “é caixão e vela preta”.
O deputado estadual Diego Sorgatto planeja disputar a Prefeitura de Luziânia. É filiado ao PSDB, mas seu principal apoiador é o governador Ronaldo Caiado, do DEM. Porque o tucanato, no entorno de Brasília, é considerado, em termos políticos, um “cadáver insepulto” – segundo alguns de seus integrantes (a frase é deles).
Em Goiânia, o deputado estadual Talles Barreto quer disputar pelo PSDB, apesar de todo o desgaste do partido. Mas Marconi Perillo prefere lançar o ex-governador José Eliton ou a ex-deputada federal Raquel Teixeira. Na verdade, o partido não tem um candidato eleitoralmente consistente na capital. Vai disputar, se disputar, para marcar presença.
Em Anápolis, o PSDB é tão fraco que teve de recorrer a um neófito em política, Samuel Gemus, para comandá-lo. Gemus quer ser candidato a prefeito, mas, se o nome for colocado nas pesquisas, dará “traço”. Ridoval Chiareloto também planeja disputar, mas, como tem sido rechaçado por Gemus, pode migrar para o PL de Magda Mofatto. O fato é que o PSDB não tem nome forte para disputar na cidade que tem o terceiro maior eleitorado de Goiás.
Em Aparecida de Goiânia, o PSDB é ficção – existe, mas ninguém sabe nem o nome de seus líderes e nem se são líderes de fato. O partido, mesmo que quisesse, não tem condições de lançar um candidato na cidade. Se lançar, será um vexame – dizem seus próprios militantes. Discretamente ou não, o partido acabará apoiando a reeleição do prefeito Gustavo Mendanha.
Em Jataí, o prefeito Vinicius Luz é filiado ao PSDB. Mas sabe que só terá chance de se reeleger se sair do partido. Por isso, o DEM do governador Ronaldo Caiado quer bancá-lo. Ele é jovem e representa a renovação. Já o PSDB ficou com a imagem de “velho” e, para piorar, de “corrupto”.
Em Valparaíso, município com quase 80 mil eleitores – terá mais de 80 mil quando 4 de outubro chegar –, o prefeito é filiado ao PSDB. Mas Pábio Mossoró já avisou que está de saída. Ele vai se filiar ao MDB, entre janeiro e fevereiro, para disputar a reeleição. Tem chance de ser reeleito.
Note-se que na cidade que tem o quarto maior eleitorado de Goiás, Rio Verde, o PSDB não terá candidato a prefeito e terá de subordinar-se a outra candidatura, possivelmente a de Juraci Martins, do PSD.
Em Itaberaí, o ex-deputado estadual Jean Carlo, primeiro suplente de deputado federal, é cotado para disputar a prefeitura. Mas deve sair do PSDB. Ao menos cinco partidos disputam seu passe – inclusive o DEM.
Em Formosa, o deputado estadual Sebastião Caroço Monteiro se prepara para dizer adeus ao PSDB. Se for candidato a prefeito, deve ser pelo DEM ou pelo PP. Não ficará no PSDB. O único problema é a falta de janela partidária para deputado.
Registramos a situação em alguns municípios, mas o quadro de debandada é generalizado. O PSDB está implodindo. E, sem Jânio Darrot no comando, a implosão será ainda maior.