Deputado diz que, na vice, Ciro ganha parte do Nordeste para Bolsonaro. O parlamentar sugere que Datena também seria um grande vice

Na semana passada, em Anápolis, um repórter ouviu de um político: “A ida de Ciro Nogueira para o ministério da Casa Civil não visa tão-somente melhorar e interlocução política para garantir a governabilidade da gestão do presidente Jair Bolsonaro. É muito mais do que isto. Ciro é um hábil articulador político, pois transita com desenvoltura entre os líderes de praticamente todos os partidos, porque, agregador, não briga com ninguém. É um profissional. Por isso será utilizado por Bolsonaro para criar uma aliança política para a reeleição em 2022”.

O papel de Ciro, portanto, é melhorar a relação de Bolsonaro com a política, com a sociedade e com a imprensa. Isto, claro, se o presidente ouvi-lo, e não voltar a seguir aquilo que lhe dizem os “meninos” dos mictórios do ódio. Os militares tentaram afastar a turma das redes sociais, reduzindo sua influência junto a Bolsonaro, mas não conseguiram.

Ciro Nogueira e Jair Bolsonaro: uma chapa possível para 2022 | Foto: Isac Nóbrega/PR

Mas o principal objetivo de Ciro é criar uma aliança mais ampla para a reeleição de Bolsonaro, evitando que o PT lhe tome aliados. O Jornal Opção perguntou ao vereador Sandes Júnior: “Ciro tem condições de cumprir essa missão?” O ex-deputado federal, amigo e aliado do ministro-chefe da Casa Civil, respondeu: “Todo mundo no Congresso gosta dele, porque, de fato, agrega. Ciro é um político inteligente e que atende e conversa com todo mundo. É muito difícil um liderado seu demonstrar insatisfação com ele”.

Já um deputado diz que há outra questão: “Ciro pode ser o candidato a vice de Bolsonaro. Primeiro, porque, se for vice, vai atrair novos aliados para a campanha do presidente. Segundo, porque, sendo um nome do Nordeste [é senador pelo Piauí], tende a fortalecer Bolsonaro na região — hoje pró-Lula da Silva”.

Sandes Júnior afirma que não ouviu falar da vice para Ciro, mas acrescenta: “Se for vice, quem sai ganhando é Bolsonaro. Tanto que, se isto prosperar, nenhum integrante do partido Progressistas, sobretudo no Nordeste, vai contestar a filiação do presidente ao PP”. O deputado corrobora: “Ciro, na chapa majoritária, pode amenizar, pelo menos um pouco, o discurso-pauleira de Bolsonaro”.

Mas aí o PP iria com chapa pura? “Pode ser. Por que não? Entretanto, se Ciro for o vice, Bolsonaro poderia se filiar ao PL ou ao PTB. Outra coisa: uma chapa com o jornalista José Luiz Datena, apresentador da Band, na vice de Bolsonaro talvez seja imbatível”, postula o parlamentar, que prefere não se identificar. “Não tenho autorização de Ciro para falar em seu nome. Mas, como político, se Bolsonaro deixá-lo agir, vai fortalecê-lo para 2022.”

Detalhe: “Se Bolsonaro for derrotado, Ciro nada perde, pois continuará senador por mais quatro anos”.