Ciro Gomes: análise técnica de sua propaganda eleitoral
07 setembro 2022 às 12h35
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Iúri Rincon Godinho
Especial para o Jornal Opção
Ciro Gomes é o candidato a presidente da República pelo PDT. A seguir, confira uma pequena análise técnica de sua propaganda eleitoral.
Formato
Comum, apenas um minidocumentário bem realizado. Se a eleição fosse pela estética dos programas eleitorais, todos candidatos terminariam empatados.
Propostas
Bacanas, mas Ciro Gomes demora a explicar. Tem um tom professoral que prejudica os desprovidos de tempo de TV. Ao invés de dizer, num exemplo hipotético: “Vamos acabar com a fome dando comida de graça”, o tom é: “O problema da fome no Brasil vem de muito tempo e isso não pode continuar. Dados de sei lá quem dizem que de cada x brasileiros, xxx estão com fome neste momento enquanto você me ouve falando. Assim, vamos acabar com a fome dando comida de graça”.
Acertos
É o que mais se mostra viável como terceira via. Mostra com números sua chance de ir para o segundo turno.
Ciro Gomes convence, mas o brasileiro acha que o segundo colocado é sempre o primeiro perdedor e não gosta de desperdiçar o voto, mesmo que não se lembre nas próximas eleições em quem votou. As eleições anteriores o transformaram em um candidato mais simpático. Seguro ele sempre foi. Se continuar mostrando esse potencial e com uma estrutura partidária robusta (coisa que acho que ele não tem) pode encontrar o espaço para crescer. Ele tem 64 anos e terá 68 em 2026.
Erros
Não há saída para Ciro Gomes a não ser voltar sua artilharia contra Lula da Silva. É o único espaço em que pode crescer.
No espectro da direita não há cadeira onde consiga se sentar, nem lugares que possa ocupar. Sendo assim, sua propaganda ainda é fraca.
O paulista Ciro Gomes é muito articulado e, às vezes, polido para baixar o tom da campanha. Mas, se quiser ganhar a eleição, deve desconstruir o PT.
A pergunta que a equipe de marketing deve responder é: como minar Lula da Silva? Em seguida, criar uma linha a partir disso, orientar e convencer o candidato. Ainda há tempo, mas provavelmente não conseguirão.
Iúri Rincon Godinho é jornalista.