Cientista italiana toma vacina que pode imunizar contra o coronavírus. Bill Gates pagará produção
28 abril 2020 às 11h48
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A vacina já foi testada em duas pessoas, que estão sendo acompanhadas. Se funcionar, a Fundação de Gates vai reunir dinheiro para bancá-la
“Elisa, la primera italiana en probar una vacuna cuya producción sería financiada por Bill Gates para todo el mundo si funciona”, reportagem de Ángel Gómez Fuentes, do jornal espanhol “ABC”, conta a história da cientista italiana Elisa Granato, de 32 anos. Formada em Biologia pela Universidade de Munique, a pesquisadora nas áreas de zoologia e microbiologia na Universidade de Oxford “submeteu-se a uma vacina experimental” — contra o coronavírus — “produzida pelo prestigioso Instituto Jenner da Universidade de Oxford e pelo Irbm Science Park, uma sociedade italiana fundada em 2009 em Pomezia (Lazio), que opera no setor de biotecnologia molecular e de ciências biomédicas”.
Antes de Elisa Granato, outra pessoa havia se submetido à vacina — repita-se: em fase de testes — desenvolvida na Inglaterra. A cientista tomou a primeira injeção na quinta-feira, 23 — com transmissão pela BBC. “Sou uma cientista e queria apoiar um projeto científico. Pessoalmente, tenho um certo grau de confiança nesta vacina”, disse a italiana.
Instada a apresentar explicações sobre a vacina, Elisa Granato disse: “A vacina não contém Covid-19 em absoluto. Só há uma pequena parte insertada em um vírus diferente e não danoso. Isto evita que se propague, mas potencialmente pode ativar o sistema imunológico e assim proteger-nos da Covid-19. Não serei infectada intencionalmente com o coronavírus. O estudo se dirige à produção de anticorpos e à proteção imunológica do mundo real nos próximos meses”.
Depois de tomar a vacina, Elisa Granato disse: “Estou muito bem, até agora. Toda a equipe [de pesquisadores] está fazendo um excelente trabalho de controle e apoio”.
Certa feita, no século 19, a imprensa americana anunciou a morte de Mark Twain, que, porém, estava vivíssimo. Bem-humorado, comentou: “Parece-me que as notícias sobre a minha morte são manifestamente exageradas”. No sábado, 25, divulgaram na internet que Elisa Granato havia morrido, por causa da vacina experimental. A cientista não reagiu como o escritor americano, mas desmentiu logo a notícia. Como? Mostrando-se. A pesquisadora escreveu no Twitter: “Queria agradecer a todos pelas mensagens positivas que que estou recebendo. Não posso responder a todos, mas asseguro que apreciei muito o que escreveram. Estou recebendo toneladas de perguntas sobre a experiência” (de ter tomado a vacina). Ela sugeriu que ninguém compartilhasse a notícia sobre sua “morte” — uma fake news.
“Não há nada ‘melhor’ do que ler um artigo falso com a notícia de nossa própria morte. Estou bem. Não compartilhe o artigo em questão [o que propaga sua morte]. Não se deve prestar atenção e presentear com clics às pessoas que produzem tal tipo de fake news”, afirma. Elisa Granato mudou seu Twitter: “Minha conta será privada por um tempo. Mas as pessoas que sigo podem escrever-me”.
Todos querem uma resposta imediata à pergunta: a vacina imuniza mesmo contra a Covid-19? Tal indagação ainda não pode ser respondida. A vacina é experimental. Até agora, apenas duas pessoas a tomaram — entre elas Elisa Granato.
Bill Gates anuncia que vai financiar a vacina em escala mundial
Fundador da Microsof e um dos homens ricos do mundo, Bill Gates afirma que está confiante no experimento do Instituto Jenner e do Irbm Science. O empresário afirma que assumirá os custos da produção da vacina contra o novo coronavírus. “A Fundação Bill e Melinda Gates, a fundação privada mais rica do mundo, fundada em 2000 pelo magnata junto com sua mulher, ajudará a reunir o dinheiro necessário para que, uma vez que se tenha desenvolvido a vacina, seja possível produzi-la em grande escala e cobrir as necessidades de todo o mundo”, relata o “ABC”.
Bill Gates, que se tornou um grande filantropo, diz que se está vivendo uma situação semelhante a “uma guerra mundial, com a particularidade de que todos estamos do mesmo lado”.
Em 2015, Bill Gates havia advertido sobre a possibilidade de uma nova pandemia. Agora, com a Covid-19 — que já matou mais de 200 mil pessoas em todo o mundo —, é como se, afirma o empresário, “o pior de seus pesadelos tivesse se tornado realidade”.
Bill Gates disse ao “Times” que “está em contato com todos os programas de pesquisa de vacinas mais inovadoras, começando pela iniciada pelo Instituto Jenner e pela empresa italiana Irbm”. A chefe do Instituto Jenner, a virologista Sarah Catherine Gilbert, elogiou a atitude do empresário. Ela é especializada “no desenvolvimento de vacinas contra a gripe e patógenos virais”.
Segundo o “ABC”, o governo do primeiro-ministro Boris Johnson (recém-curado da Covid-19) tem repassado fundos suficientes ao Instituto Jenner para que desenvolva a vacina com o máximo de rapidez possível. Bill Gates “já conversa com os laboratórios farmacêuticos para que estejam preparados com a finalidade de produzir a vacina em escala global de forma rápida”.